15/12/2017
Na quinta-feira (07/12), aconteceu a última reunião aberta do ano do Comitê de Gestão da Inovação da Anpei na Arena Santander, em São Paulo. O evento tinha como objetivo apresentar resultados do trabalho desenvolvido pelo Comitê e também debater como as práticas e ferramentas de Gestão do Conhecimento podem ser utilizadas para ajudar empresas a solucionarem diversos desafios.
O evento foi aberto pelo coordenador do Comitê de Gestão da Inovação da Anpei, Rafael Pellicciotta, que também mediou o debate entre os dois palestrantes convidados, o presidente da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento (SBGC), André Saito, e a gerente de conhecimento e inovação da ICN – Itaguaí Construções Navais, Ticiana Leon.
Durante a abertura, o vice coordenador do Comitê de Gestão da Inovação da Anpei, Jaime Frenkel, apresentou o curso Innovation Architect, derivado do Anpei Exchange, que é voltado para a formação em gestão da inovação e acontecerá em janeiro de 2018. Para finalizar a abertura, a gerente executiva da Anpei, Marcela Flores, apresentou os resultados da 16ª Conferência Anpei de Inovação, realizada em Belo Horizonte.
Gestão do Conhecimento e seus impactos
A primeira palestra do dia foi do especialista em inovação e gestão do conhecimento e presidente da SBGC, André Saito, que trouxe para os presentes diversas informações sobre as áreas que usam a gestão do conhecimento e como ela pode impactar cada uma delas. Para exemplificar as aplicações, Saito apresentou rapidamente alguns cases durante as explicações.
Um dos exemplos dados por Saito é a presença da gestão do conhecimento na área de engenharia do conhecimento, quando comentou sobre o case do robô Watson da IBM, que foi implantado em um importante banco brasileiro, mudando processos e agilizando trabalhos. De acordo com ele, usando a engenharia é possível fazer com que perguntas frequentes e dúvidas que demorariam um tempo para serem respondidas possam ser solucionadas pelo próprio robô.
Além desse exemplo, Saito apresentou o case de uma empresa brasileira líder do setor industrial, que usa a Gestão do Conhecimento em diversas áreas, entre elas, a de comunicação, através de redes sociais internas que contam com comunidades de engenheiros utilizadas para facilitar a interação e para trocar conhecimento técnico, como um fórum cheio de especialistas.
A empresa também usa a gestão do conhecimento na aprendizagem. A empresa conta com programas que incentiva engenheiros mais velhos a passar o conhecimento para os mais novos e também a documentá-lo, de forma padronizada, criando um banco de boas práticas que pode ser acessado a qualquer momento por outro funcionário que necessite daquela informação. A cada mudança de etapa também é feito um workshop de lições aprendidas, que são registradas, validadas e discutidas nas comunidades.
Outro destaque da apresentação foram as ferramentas e métodos, como o portfólio de inovação e o Roadmapping. “O portfólio de inovação mapeia os conhecimentos necessários para trabalhar no negócio. É um exercício que faz pensar para quais outros mercados você pode levar seu conhecimento. Pensar como funciona outros processos para saber como você pode colaborar com seu conhecimento”, contou Saito.
O Roadmapping é uma ferramenta que ajuda a enxergar quais demandas existirão no futuro e quais competências serão necessárias para atender esses mercados. Trata-se de uma ferramenta bastante usada para gestão da inovação, o que comprova que a gestão do conhecimento e da inovação caminham sempre juntas.
“Inovação nada mais é do que trazer conhecimento novo. Existem muitas práticas de gestão que podem ser usadas para facilitar aprendizado r estimular insights”, explicou Saito.
Ticiana Leon
A segunda apresentação do dia foi da gerente de conhecimento e inovação da ICN – Itaguaí Construções Navais, Ticiana Leon, que, durante 15 anos, desenvolveu programas multidisciplinares em grandes grupos empresariais.
Com um jogo de perguntas online, a palestrante abriu sua apresentação de forma dinâmica, testando os conhecimentos dos presentes sobre submarinos, área em que sua empresa atua. A estratégia deu gancho para Ticiana começar a explicar o funcionamento estratégico de gestão do conhecimento na empresa.
De acordo com ela, a ICN realizou junto ao governo francês uma parceria entre 2001 e 2011. Ao longo desses anos de treinamento, realizado por 115 pessoas, produziu-se muito conhecimento, mas que estava limitado a esses funcionários. “Portanto, era necessário criar uma forma de torná-lo mais democrático, para que outros colaboradores pudessem acessar quando necessário”.
Foi criada, então, uma fábrica de conteúdos que reúne tudo o que é produzido e adquirido de conhecimento entre os colaboradores e a empresa. Foi estipulado que, tudo o que os colaboradores devem saber está nos relatórios, mas também é importante que, além da documentação formal, o conhecimento esteja disponível de forma mais simples, com dicas e lições aprendidas que facilitem o entendimento e o acesso de todos os colaboradores. “Assim, o conteúdo foi transformado em objetos online e interativos”.
Para gerir o conhecimento na empresa, Ticiana contou que o aprendizado é baseado em gamificação, e-learning e autoaprendizado, e que essas técnicas têm melhorado os resultados que se estendem à gestão do conhecimento.
“Com um aprendizado baseado na gamificação e em e-learning você tem um aprendizado mais efetivo e interativo. Um dos resultados que tivemos foi a queda do índice de afastamento por acidentes, isso porque todos estão envolvidos nos treinamentos”, contou Ticiana.
Atualmente, 85% é aprendizado autoguiado, no qual os próprios colaboradores buscam novos conhecimentos no portal. Foi analisado, ainda, que 92% dos top users do portal fábrica de conteúdos foram promovidos. De acordo com Ticiana, normalmente, esses colaboradores são mais curiosos e produtivos. O programa de gestão de mudança, conhecido como “todos a bordo”, envolveu até os cargos mais altos e, desde sua aplicação, o engajamento se manteve em 85%.
Toda essa tecnologia ainda ajuda a gerar dados para direcionar as estratégias. “Através desses dados, conseguimos entender como se comportam e, para nós, é importante saber o que estamos conseguindo transmitir para eles”, explica Ticiana.
Mesa Redonda
Ao fim das apresentações, Rafael Pellicciotta reuniu os palestrantes para responder algumas perguntas dos participantes e fazer algumas considerações. Entre elas, tanto Ticiana Leon, quanto André Saito comentaram sobre a falta de preocupação das empresas em investir em gestão do conhecimento de forma preventiva e falaram sobre a importância da gestão do conhecimento para se desenvolver outras áreas, inclusive a de gestão da inovação.
“Em geral, as empresas não se preocupam com conhecimento, risco de perda, aposentadoria, concorrente com tecnologia nova. Normalmente, o interesse pela gestão surge pela necessidade. Aí monta-se equipe, programas e iniciativas. São poucas empresas que trabalham, desejam e criam áreas preventivamente”, concluíram os palestrantes.