Muitos cientistas brasileiros estão conseguindo vencer a distância que separa academia e mercado e criar empreendimentos promissores. Essa conquista se dá inclusive no exterior, como acaba de conseguir o pernambucano Pedro Coelho, recém-doutorado em química no CalTech, o California Institute of Technology, uma instituição que abriga laboratórios notáveis como, por exemplo, o de propulsão a jato da Nasa. Sua empresa, chamada Provivi Labs, com sede em Los Angeles, foi aberta por ele no início do ano passado, hoje conta com mais dois sócios (um colega e sua orientadora de doutorado, a cientista Frances Arnold), plano de negócios, aporte de capital e um processo para ser comercializado: a modificação genética de bactérias para que produzam a enzima P450, essencial na síntese de hormônios, inseticidas, flavorizantes, princípios farmacêuticos e outras especialidades da química fina. O processo foi abordado em sua tese de doutorado e se tornou assunto de capa na edição de biologia química da revista Nature deste mês. “Esse mercado de produção de moléculas movimenta US$ 105 bilhões anuais”, diz Coelho. Neste ano, a Provivi terá o primeiro faturamento, da ordem de US$ 50 mil, graças aos primeiros acordos de pesquisa e desenvolvimento. “Pelos nossos planos chegaremos a US$ 250 mil em 2014 e a US$ 1 milhão em 2015”, revela. Em outubro a empresa vai para instalações definitivas em Santa Monica (ou Silicon Beach), com uma equipe de 30 pessoas. Dentro de quatro anos, a ideia é abrir a primeira fábrica fora dos Estados Unidos, mas num país onde os custos sejam menores do que nos EUA. A lista inclui vários países do Oriente e o Brasil. “Nosso país tem um déficit anual de US$ 6 bilhões em química fina”, observa ele. Para cruzar a fronteira entre a ciência e o mercado, segundo Coelho, o CalTech ajuda seus alunos com um aporte inigualável: capital sob a forma de patentes. “A gente pesquisa e desenvolve, e tudo o que é descoberto é do CalTech. Mas na hora de levar a descoberta para o mercado nós temos a prioridade para licenciar essas patentes”, explica o cientista. A universidade da Califórnia também apoia a empresa financiando sua abertura. No Brasil, o modelo de aproximação entre academia e mercado é diferente, mostra Sheila Pires, superintendente da Anprotec. “Aqui, as incubadoras apareceram primeiro nas universidades, a maioria delas federais, para transformar pesquisa em empreendimentos, e os resultados têm sido muito bons”, afirma Sheila. Hoje, o país tem um total de 384 incubadoras e cerca de cem parques tecnológicos, dos quais 30 em operação e o restante em implantação. “Até agora, as incubadoras brasileiras já receberam cerca de 8 mil novas empresas”, conta Sheila Pires. Dessas, cerca de 2.500 já se tornaram “graduadas”, migrando da incubadora para o pleno mercado. A ponte entre a pesquisa e o mercado, acrescenta ela, é sustentada pelas universidades, pelo governo e pelas empresas (inclusive por meio de associações comerciais ou industriais). “As incubadoras selecionam as pesquisas que já estão em condições de ir para o mercado e ajudam nos estágios iniciais. Já os parques tecnológicos são estruturas bem maiores, com personalidade jurídica e geralmente organizados por prefeituras ou governos estaduais, para abrigar empresas maiores”, afirma. A Nanox, de São Carlos, no interior do Estado de São Paulo, criada por três ex-alunos da pós graduação em química da Unesp, começou em incubadora, e com financiamentos da Fapesp e da Finep. O presidente da empresa, Gustavo Simões conta: “Nós desenvolvemos com nanotecnologia uma partícula bactericida baseada em prata, que pode ser integrada a materiais como o plástico”. Com sua carga elétrica negativa, a prata neutraliza as bactérias sem estimular nelas o desenvolvimento de resistência como acontece com os antibióticos. Aberta em 2005, a Nanox ganhou os primeiros clientes em 2006 e já está colocando seus produtos em países como México e China. Embora não possa revelar números do faturamento, Gustavo diz que o crescimento tem sido da ordem de 35% a 40% ao ano, um desempenho que chamou a atenção do fundo de investimentos Novarum, agora também sócio da empresa. “Como nosso produto já foi aprovado pela Food & Drug Administration do governo americano, nosso próximo passo é chegar ao grande mercado dos EUA”, diz Simões. (Com informações do Valor Econômico)

Av. Prof. Almeida Prado, 532
Prédio 53 – Butantã – 05508-901
Comunicação: comunicacao@anpei.org.br
Gabriela – +55 11 98886-6581
relacionamento@anpei.org.br
© 2024 ANPEI - Todos os direitos reservados.