A Anpei recebeu na tarde desta quarta-feira (15/09) a visita do ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende. Na ocasião, o ministro e o secretário Nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCT, Ronaldo Mota, participaram de um almoço com membros da diretoria e do Conselho Superior da entidade.

O encontro foi aberto pelo presidente do Conselho Superior da Anpei, Pedro Wongtschowski. Na sequência, o presidente da entidade, Carlos Calmanovici, apresentou as principais conclusões dos participantes de uma dinâmica de grupo realizada durante a X Conferência Anpei de Inovação Tecnológica, que ocorreu em abril, em Curitiba (PR). Na ocasião, cerca de 500 pessoas, entre empresários, executivos e gestores de C,T&I deram diversas recomendações sobre o que é necessário fazer para que o setor privado se torne protagonista no desenvolvimento do País por meio da inovação. Entre elas, apontaram a necessidade de criar fóruns permanentes de incentivo à inovação, que contem com ampla representação empresarial; aumentar a participação das empresas nos fóruns deliberativos do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI), além de na elaboração das leis e na estruturação dos fundos públicos à inovação. Outras recomendações da Anpei são apoiar o financiamento da empresa inovadora de pequeno e médio porte, promovendo sua inserção nas cadeias produtivas e de conhecimento; auxiliar o processo de internacionalização das empresas brasileiras; e estimular a fabricação de produtos de alto valor agregado e com maior densidade tecnológica no País, entre outras. Balanço – Após a exposição de Calmanovici, o ministro Sergio Rezende fez uma apresentação das atividades realizadas pelo MCT no âmbito do Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional (PACTI 2007-2010). Resultado de articulações do governo federal com estados e municípios, comunidade científica e empresários, Rezende apontou que um dos resultados do Plano de Ação é o aumento dos recursos financeiros destinados ao SNCTI, sobretudo a partir da aprovação das leis estaduais de inovação e da regulamentação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). “As diferentes políticas de governo, como a subvenção econômica para investimento direto nas empresas, a Lei do Bem e os fundos de capitais de risco, ampliaram significativamente o financiamento à pesquisa nos últimos anos”, destacou. O orçamento do FNDCT pulou dos R$ 1,1 bilhão, em 2006, para R$ 3,1 bilhões em 2010. Como esses instrumentos legais foram criados muito recentemente, no entanto, o Brasil ainda tem, alertou o ministro, pouca tradição em inovação tecnológica nas empresas. “Isso também vale para as áreas das ciências; o Brasil só começou a desenvolver pesquisas em maior quantidade há 40 anos e apenas nas universidades”, disse. Segundo Rezende, até 15 anos atrás as empresas brasileiras ainda lutavam contra a inflação e, por isso, investiam mais em seus sistemas financeiros do que nos produtivos. “E sabemos que inovação significa comprometimento de recursos em longo prazo e disposição ao risco, o que inviabilizou o início desse processo com mais antecedência.” Mesmo com a estabilização da moeda nos últimos anos, o índice de investimentos em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P,D&I) das empresas brasileiras ainda é baixo comparado com outros países. Considerando os recursos públicos e privados, o Japão investe 3% do PIB em inovação, enquanto no Brasil esse índice não passa de 1,2%. De acordo com Rezende, os setores público e privado hoje estão convencidos de que a inovação nas empresas é uma condição essencial para o desenvolvimento econômico e social do Brasil, o que para ele garantirá a continuidade das políticas nos próximos governos. “Mas o setor privado precisa ainda ser o grande protagonista do investimento em inovação no País, sobretudo considerando-se que a ligação da política industrial com a política de ciência e tecnologia é um processo que exige mais uma ou duas décadas”, concluiu. Após sua apresentação, Sergio Rezende respondeu a questões colocadas por conselheiros e diretores da Anpei.