Associados da Anpei partilharam suas experiências e conhecimento em inovação no Seminário Inovação e Desenvolvimento Econômico, promovido pelo jornal Valor Econômico no dia 6 de novembro, em São Paulo (SP). Representantes da WEG Motores, Embraer, Totvs, 3M e Suzano Papel e Celulose foram alguns dos palestrantes no evento, que reuniu empresários e gestores de política pública para falar sobre o papel da inovação no desenvolvimento econômico do País. Guilherme Marco de Lima, diretor de Relações Institucionais em P&D da Whirlpool e Embraco e vice-presidente da Anpei, e Siegfried Kreutzfeld, diretor superintendente da unidade WEG Motores, participaram do Painel 1, Como superar a dependência tecnológica brasileira?. Kreutzfeld lembrou que a WEG começou sua produção importando e nacionalizando tecnologia, mas logo partiu para desenvolvimentos próprios, criando um departamento de P&D e fazendo parcerias com universidades. A empresa também criou um Comitê Científico e Tecnológico, formado por doutores de universidades brasileiras e internacionais. Todo ano, a WEG discute seu plano estratégico em inovação com esse comitê. Hoje usamos todos os recursos que o governo disponibiliza, por mais difícil que seja o uso dos instrumentos. As leis não são amigáveis, afirmou. Outro gargalo tem sido a capacitação de recursos humanos para inovar: a WEG prefere enviar seus profissionais para os cursos de mestrado e doutorado do que contratar pesquisadores já formados, pois estes têm perfis muito acadêmicos. Guilherme de Lima, da Whirlpool, disse que a superação da dependência se dará por investimentos em inovação. Para ele, é preciso ter a universidade caminhando de forma mais próxima do setor empresarial, de forma a promover o uso do conhecimento que produz em benefício da sociedade. O País não pode deixar de contar com recursos humanos e instituições de pesquisa de classe mundial. Do lado empresarial, a recomendação do executivo se direcionou para a cooperação e a gestão estratégica da inovação. É preciso olhar os instrumentos financeiros disponíveis como parte do dia a dia e estratégia para minimizar os riscos de se inovar, disse. Ele explicou que a interação com a Universidade de Santa Catarina (UFSC) foi fundamental para a Embraco, por exemplo, deixar de ser compradora de tecnologia estrangeira para dominar o desenvolvimento tecnológico e o mercado de compressores. Lima destacou que o Brasil conta uma base mínima instalada de instrumentos de apoio que podem minimizar os riscos da inovação. O setor privado precisa usar esses mecanismos. Quando observamos a renúncia fiscal feita pelo governo por causa da Lei do Bem, por exemplo, vemos uma reta, e não uma curva ascendente, ressaltou. Ele citou ainda os recursos reembolsáveis, como as linhas de crédito da Finep, e a subvenção. Nosso projeto de desenvolvimento do microcompressor só foi possível quando percebemos a existência de mecanismos que minimizam o risco técnico e financeiro, contou. Outro associado que teve espaço como palestrante no evento foi a Embraer. Mauro Kern, vice-presidente executivo de Engenharia e Tecnologia da empresa, participou do painel 2: Por que as empresas que inovam crescem mais? Ele comentou que a competição vem aumentando, com a entrada de países como China, Rússia, Japão, Índia e Coreia no segmento em que a Embraer atua. É uma indústria intensiva em tecnologia, e hoje estamos vivendo uma corrida pela inovação, afirmou. Segundo ele, a competição agora se dará por meio de rede de cooperação e não mais apenas entre corporações. As empresas não poderão, isoladamente, enfrentar as dificuldades do mercado. Colaboração é a palavra chave, pontuou. No último painel do evento, três dos quatro palestrantes empresariais eram de companhias associadas à Anpei. Laercio Cosentino, presidente da Totvs, Luiz Serafim, gerente de Marketing Corporativo e Linha Aberta da 3M, e Antonio Maciel Neto, presidente da Suzano Papel e Celulose, participaram do painel, cujo tema foi Como desenvolver o país por meio da inovação? Serafim, da 3M, mostrou como sua empresa, que tem mais de 43 mil patentes, trabalha a inovação. Ele explicou que a 3M tem 46 plataformas tecnológicas, áreas do conhecimento que ela domina para se manter à frente nas inovações e no mercado. A empresa trabalha com métricas e indicadores e o crescimento é sempre planejado com um olho no futuro: hoje a empresa observa o que é feito em áreas como telemedicina, teleodontologia, energia, nanotecnologia, entre outras. Em busca de oportunidades, também acompanha as definições de política pública, como as áreas estratégicas definidas pela política industrial do Brasil no Plano Brasil Maior. A empresa também é adepta da inovação aberta. Investe 5,3% das vendas em P&D por ano e tem 7 mil cientistas, 85 laboratórios e 32 centros técnicos espalhados pelo mundo. Educação é imperativo para inovação. Faltam competências em todos os níveis e notamos isso com o crescimento do País, destacou como gargalo atual. Maciel, da Suzano, disse que a situação brasileira mudou muito nos últimos anos. Ele citou três fatores que motivaram as mudanças: a necessidade de inovar para competir no mercado, para sobreviver no mercado e a postura do governo brasileiro, que criou incentivos e mecanismos de apoio à inovação. O Brasil sabe inovar, o que falta ainda é a cultura da inovação, ponderou. Ele citou três exemplos que mostram a capacidade nacional em inovação: o programa de exploração de petróleo em águas profundas; o desenvolvimento do veículo Ecosport, da Ford, um projeto nacional que foi lançado por Maciel quando presidia a companhia; e o desenvolvimento de pellets para misturar com carvão para queima e geração de energia, produto que vai ser exportado pela Suzano para a Europa. Cosentino, da Totvs, disse que não há como desenvolver um país sem inovação. Se não conseguirmos marcar presença na sociedade do conhecimento, não vamos prosperar.. Segundo ele, o Brasil precisa criar marcas fortes, gerar empreendedores, cuidar da infraestrutura e da educação. O País está vivendo um bom momento, mas bastou vender mais carros ou mais celulares para que faltasse combustível ou não conseguíssemos usar os telefones, lembrou. O Brasil deve, ainda, provocar a inovação. Temos de fazer diferente, e às vezes, fazer pequenas coisas pode trazer resultados incríveis, afirmou.

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