De tão usada, a palavra inovação muitas vezes parece esvaziada de sentido, desgastada pelo abuso dos manuais de administração. Na cabeça de algumas pessoas, ela se confunde com pesquisa, uma atividade de alto risco, com retorno incerto e aplicabilidade remota. Para Geoff Nicholson, ex-vice-presidente da 3M e criador do Post-it, a “pesquisa é a transformação de dinheiro em conhecimento; inovação é a transformação de conhecimento em dinheiro”. Por muito tempo, as atividades de inovação foram vistas como coisa de países ricos. Nos últimos anos, a China e a Índia têm ganhado espaço nessa área, como gigantes emergentes capazes de criar produtos e serviços de classe mundial, e, ao que tudo indica, o Brasil começa a fazer parte desse time. Uma indicação é a entrada da Petrobras no ranking das 50 empresas mais inovadoras do mundo, da Boston Consulting Group. Estreando no 41º lugar, foi a primeira empresa da América do Sul a fazer parte da lista. Outra são os anúncios de investimentos de gigantes internacionais, como a GE e a IBM, em laboratórios no Brasil. “O modelo de inovação está se tornando mais distribuído”, afirma Olavo Cunha, sócio do BCG em São Paulo. “Existe hoje muita inovação vinda de países emergentes”. O relatório da consultoria fala na ascendência de China, Índia e Brasil – dos Brics menos a Rússia – na inovação. Atrativos A emergência do Brasil é explicada por uma série de motivos. A performance econômica recente, com a saída rápida da crise mundial, e a expansão da classe média brasileira têm atraído a atenção de empresas de todo mundo, que, ao chegar por aqui, percebem que precisam criar produtos e serviços para um público com perfil de consumo diferente do que é encontrado nos países ricos, mas que podem ser oferecidos em outros mercados emergentes. Os grandes eventos esportivos que serão realizados no Brasil nos próximos anos – Olimpíada e Copa do Mundo – exigirão investimentos em infraestrutura que justificam uma presença local mais forte. Por fim, não é por acaso que a Petrobras é vista como o grande exemplo da inovação brasileira. A exploração do petróleo da camada pré-sal representa um desafio tecnológico que tem atraído parceiros mundiais da petroleira, que decidiram instalar laboratórios próximos do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), instalado pela Petrobras no Rio de Janeiro. No caso do pré-sal, conquistar uma fatia do desenvolvimento tecnológico hoje representa a garantia de contratos de fornecimento de equipamentos e serviços quando a extração do petróleo estiver funcionando a plena capacidade. “Cresceu muito o volume de trabalho do Cenpes com universidades e fornecedores”, diz Carlos Tadeu Fraga, gerente executivo do Cenpes. “Mais da metade dos projetos são cooperativos, o que aumenta a velocidade de desenvolvimento”. Aumenta também o volume de recursos destinados a pesquisa e desenvolvimento. A Petrobras investe anualmente cerca de R$ 1,5 bilhão em atividades de inovação. Segundo Tadeu, parceiros internacionais como a Schlumberger, a Baker Hughes e a FMC Technologies instalaram centros de pesquisa no País atraídos pela Petrobras. O pré-sal e os grandes eventos estão entre os motivos que levaram a IBM a decidir instalar um laboratório de pesquisa no País. A terceira grande linha de pesquisa serão os semicondutores. Segundo Fábio Gandour, cientista-chefe da IBM Brasil, o laboratório terá uma estrutura distribuída. “Tenho de ter um núcleo no Rio, perto da Petrobras”, afirma Gandour. (Fonte: O Estado de S. Paulo)

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