O mundo tem ficado cada vez mais conectado. Com o avanço das novas tecnologias que envolvem a Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) é esperado para este ano 25 bilhões de dispositivos conectados à rede mundial e 50 bilhões em 2020. O investimento global no setor pode chegar a US$ 19 trilhões até 2025, e caso o Brasil aproveite as oportunidades, poderá usufruir nesse período de uma movimentação de US$ 350 bilhões no País, conforme a projeção de empresas especializadas na área. A IoT poderá ser usada em diferentes frentes no Brasil. A tecnologia permite a um objeto se interligar a vários outros dispositivos inteligentes que interagem entre si e conosco. Por meio de sensores de monitoramento, temperatura e controle, por exemplo, seria possível reduzir em 50% a perda de produtos na agricultura, de acordo com estimativa do governo federal. Inovações poderiam ser implementadas na saúde, educação e segurança para melhorar tanto a logística quanto a eficiência desses setores. Seriam usados aplicativos, dispositivos, equipamentos ou qualquer outro objeto conectado à internet. Mas para o Brasil aproveitar os benefícios trazidos com a Internet das Coisas, mudanças estruturantes precisariam ser implementadas nos próximos anos. Desafios como a regulamentação excessiva, baixa conectividade no País e infraestrutura insuficiente foram enumerados por representantes do governo, do setor privado e por especialistas no setor durante audiência pública realizada nesta quinta-feira (26) na Câmara dos Deputados. O tema foi O potencial da Internet das Coisas para o Brasil. Segundo o diretor de Políticas Públicas do Google no Brasil, Marcel Leonardi, a IoT dependerá basicamente da interoperabilidade para funcionar, ou seja, a capacidade dos dispositivos conectados à rede conversarem entre si. A Internet das Coisas tem todo o potencial de funcionar muito bem ou muito mal, dependendo de como as políticas públicas para ela forem criadas. Mas é preciso que essa interoperabilidade da IoT seja assegurada, seja por via regulatória ou pelo próprio mercado, afirmou. Para o presidente-executivo da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), Sergio Gallindo, um dos fatores críticos que emperram tecnologias como a IoT são as regulamentações. Um exemplo citado por ele foi a Medida Provisória nº 694/2015, em trâmite na Câmara dos Deputados, que altera capítulos importantes da Lei do Bem para evitar que incentivos fiscais sejam dados a empresas que investiram em atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Precisamos parar de desorganizar o setor. Temos a MP 694 que é a suspensão dos incentivos da Lei do Bem. Vai atacar em cheio o ecossistema de P&D que levou anos para o Brasil construir. Espaços como o Porto Digital, o Tecno-PUC no Rio Grande do Sul e tantas outras áreas tecnológicas serão impactados, alertou Gallindo. Além disso, é importante chegar com o sinal da internet onde as pessoas estão, e isso é crítico. Temos que encarar com seriedade os desafios porque o Brasil corre o risco de ficar para trás. Na visão do diretor regulatório do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil), Sérgio Kern, é necessário o investimento urgente em infraestrutura para expandir a conectividade no País porque a demanda por acesso à internet tem aumentado em um ritmo maior que a oferta. “O tráfego móvel no Brasil vai crescer nove vezes até 2019, com taxa média anual de crescimento de 56%”, informou. Legislação e infraestrutura Também presente na audiência, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, apontou a importância das leis sobre CT&I no Brasil serem minimalistas para facilitar a implementação de avanços tecnológicos como a IoT. Na sua avaliação, a aprovação do Projeto de Lei da Câmara (PLC) 77/2015 será importante porque altera e aperfeiçoa uma série de legislações que regulamentam as atividades no setor. Temos a tradição de regularizar excessivamente. Caso a lei se torne ultrapassada após uma mudança de paradigma, criam-se entraves para a sociedade avançar quando ela é muito detalhista. O setor de tecnologia é uma área que precisa de muita liberdade para criar, comentou. Quanto a infraestrutura, Pansera admitiu as dificuldades em expandir a conexão à internet, entre outros motivos, pela falta de investimentos no setor por vários anos e a própria extensão territorial do País de dimensões continentais. É preciso ainda ter muitos recursos para criar uma rede eficiente e segura, em que esses dados da internet consigam circular livremente. Talvez esse seja um dos maiores desafios nossos, ponderou. A audiência na Câmara dos Deputados foi promovida pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) em parceria com a Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços (CDEICS). (Leandro Cipriano, da Agência Gestão CT&I)

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