Um material flexível, impermeável, de grande condutividade e extremamente resistente pode parecer fruto da ficção científica, mas ele existe, se chama grafeno e será o foco do primeiro centro de pesquisa desse tipo no Brasil, relatou à Agência Efe seu responsável, Eunezio Antonio Thoroh de Souza. Com previsão de ser inaugurado no primeiro semestre de 2014, o Centro de Pesquisas Avançadas em Grafeno, Nanomateriais e Nanotecnologia (MackGrafe), da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que será situado em São Paulo, pretende dominar as técnicas de obtenção do grafeno, tido como a matéria-prima do século 21. Com apoio financeiro da estatal Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e primeiro deste gênero no país, o centro contará com sofisticadas equipes, as quais serão distribuídas em 6,5 mil metros quadrados de área, sendo que o investimento realizada na estrutura do centro é de US$ 15 milhões. O grafeno, catalogado como o material mais resistente do mundo, é um cristal bidimensional de átomos de carbono, organizados em uma rede de padrão hexagonal. Em comparação com uma substância de uso cotidiano, uma folha grande do material é muito mais fina que a espessura do filme plástico. O material foi descoberto em 2004 pelos pesquisadores russos Andre Geim e Konstantin Novoselov, da Universidade de Manchester, que ganharam o Prêmio Nobel de Física em 2010 por causa deste trabalho. Para obter o material, eles realizaram um processo de esfoliação, utilizando uma fita adesiva e uma placa de grafite. Segundo o coordenador do MackGrafe, o professor Eunezio Antonio Thoroh de Souza, além do processo de esfoliação, o centro brasileiro também dominará a técnica do crescimento do material. No primeiro processo, é necessário encontrar grafite natural e realizar a esfoliação mecânica com fita adesiva ou química e um solvente. Este processo pode ser utilizado apenas em um tipo de produção de componentes e, por isso, o centro também pretende desenvolver a técnica de crescimento que parte de um hidrocarboneto em estado gasoso, o qual é aquecido e injetado em um tubo com uma folha de cobre, enquanto o grafeno acaba sendo depositado na superfície do metal. O coordenador do centro também esclareceu que as propriedades do grafeno são superlativas, o que faz com que esse material tenha diversas aplicações, já que é transparente, flexível, impermeável, hidrofóbico (repele a água), forte e capaz de conduzir calor e suportar uma grande densidade de corrente elétrica, tendo assim uma maior condutividade que o cobre. Além disso, o grafeno pode ser aplicado em vários setores da indústria automotiva, aeroespacial, biomédica, telecomunicações, eletrônica, de energia, de componentes e sensores. “O potencial mercado dentro de dez anos é algo próximo a US$ 1 trilhão e, por isso, o MackGrafe pretende dominar todas as técnicas de obtenção. Os outros processos já estão sendo feitos e agora só falta o do crescimento”, explicou o cientista. O centro se dedicará à pesquisa, sem exportar ou fabricar produtos, mas com o propósito de obter o controle da tecnologia para que o Brasil não dependa de outros países. Da mesma maneira, o centro também buscará fomentar a criação de projetos de pesquisa por parte de empresas que queiram desenvolver produtos inovadores com o material. “Justifica intercambiar uma tecnologia quando há coisas que a outra não faz. A tecnologia do grafeno vai a achar um espaço pensando nessas propriedades superlativas”, apontou o coordenador. A importância do grafeno mundialmente é tão grande que a Comunidade Europeia também lançou recentemente o programa “Flagship”, que destinará US$ 1 bilhão à pesquisa sobre o material em vários países. (Com informações da EFE)

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