Um debate antigo, porém ainda não resolvido. Assim Glauco Arbix, presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), resumiu o tema do simpósio Cientistas Nas Empresas – Transformando Conhecimento em Produtos com Valor Agregado, que aconteceu no dia 16 de outubro no auditório do Instituto Luiz Alberto Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ). De acordo com alguns palestrantes, os obstáculos que atrasam a aproximação entre a academia e a indústria podem ser resumidos em uma palavra: burocracia. O primeiro a citar o problema foi o diretor da Coppe, Luiz Pinguelli, que afirma que o Brasil está com uma defasagem terrível de inovação em relação à China, Coreia do Sul, Estados Unidos e Europa e que falta coerência às ações do governo. Todo mês chegam instruções obtusas de Brasília. Se as regras do serviço público vão se sobrepondo, o objetivo maior pode se inviabilizar, reclama. A opinião é compartilhada por Artur Roberto Couto, que falou da experiência da Bio-Manguinhos, unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O desafio maior não é inovar e sim vencer a burocracia. Não é só enfrentar a limitação de recursos, por exemplo, mas sim saber quando eles chegam, opina. Ele conta que a Bio-Manguinhos conseguiu aprovar um Projeto de Lei para a mudança do modelo jurídico da unidade, hoje uma autarquia, para empresa. Se não nos transformarmos em empresa, estamos fadados à morte, revela. A alocação correta dos recursos também é fundamental, conforme recorda Arbix. Além disso, ele lembra que a academia enfrenta ainda resistência de algumas empresas, que insistem em comprar tecnologia de fora. O corpo empresarial investe pouco nisso. É uma das razões para a fragilidade dessa relação. As grandes empresas inovam, mas as pequenas raramente contratam cientistas, exceto as que têm base tecnológica, alega, afirmando que, no Brasil, menos de 700 empresas contam com área de P&D. Arbix recorda que instituições internacionais consagradas, como o Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, enfrentam problemas semelhantes na tentativa de aproximar a academia das empresas. No Brasil, a desigualdade é o principal obstáculo para se fazer boa ciência. Porém, ela está diminuindo, ressalta. O presidente da Finep compara também o envolvimento dos cientistas com empresas no Brasil com o de outras nações. Dados de alguns anos atrás afirmam que o País tinha 35% de pesquisadores na área industrial e que grande parte deles (quase 57%) ainda trabalhava na universidade. O resto era empregado por órgãos governamentais. Nos Estados Unidos, por exemplo, a proporção é bem diferente: quase 80% dos cientistas estão em empresas, enquanto 15% trabalham em universidades. Desde os anos 1950, a inovação no Brasil foi concebida como subproduto do crescimento e não como pré-requisito do desenvolvimento. Essa é a questão de fundo, resume. (Com informações do Jornal da Ciência)

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