Carta de Porto Alegre Mais uma vez, a Conferência Anpei, em sua nona edição, bateu recordes de público, reunindo um seleto grupo de 700 participantes, gestores de P,D&I, apesar dos tempos difíceis e restrições de toda espécie de custos com inscrições e viagens. Ainda assim, todos registraram sua satisfação quanto ao nível do evento e a pertinência dos temas abordados. Houve um número significativo de pedidos de repetição dos casos, que precisam ser atendidos para gerar aumento do número de associados da entidade e das novas propostas de postura quanto à inovação. Como principais registros do evento, destacam-se: O desempenho econômico esperado de -4,5 % para os países da OCDE e -1,0 % para o mundo em 2009 relembram a crise econômica da década de 30. É a medida da falência das estruturas econômicas usuais e o questionamento de valor econômico sobre os demais valores A crise atual não é trivial, nem decorreu de ajustes pontuais da economia ou do mercado. Suas causas são profundas. Decorreu da visão e maximização dos ganhos de curto prazo, independente das suas conseqüências e efeitos colaterais para o meio ambiente. Da maximização dos ganhos do capital direcionado aos ganhos financeiros, ao invés de investimentos produtivos e inovação. Registra-se uma consciência social de planeta e de meio ambiente nunca visto antes. O mundo, até então expansionista e consumista, agora tende a valorizar a vida, a produção, o valor agregado pelo trabalho, a eficiência e a inovação. Objetiva-se a sustentabilidade, ao invés de consumo afluente, o consumo do necessário. A imagem da natureza, como fonte inesgotável, deu lugar à imagem de espaçonave como sistema fechado e finito, na certeza de que não é mais possível aceitarmos comprometer o futuro do planeta pela poluição e aquecimento global decorrente. Clamar por uma nova Revolução Industrial, para fazer mais do mesmo e repetir tudo como antes não é mais aceitável. Os gestores da inovação demonstraram, pelos casos apresentados na IX Conferência, um alto grau de consciência global e dos danos colaterais causados, se desconsiderado os efeitos no meio ambiente. O homem assume o papel de gestor, ao invés de predador da natureza. Para tanto, a formulação dos problemas que objetivam atender às reais necessidades do consumidor, precisam agora ser revistos numa abordagem holística. Perguntas certas são pressupostos para encontrar soluções corretas, sob a forma de produtos. Ao optar pela apresentação de casos de inovações sustentáveis, a Anpei recebeu um número excepcional de respostas. Contribuições em quantidade e qualidade inusitadas. Daí decorre a conclusão de que a indústria já vem atuando em consonância com essas premissas. Esse fato é notável e precisa ser divulgado para a sociedade, motivo do empenho da Anpei na veiculação de notícias referentes ao evento, mas também referentes aos feitos de seus associados na materialização de inovações sustentáveis. Ao analisar a identificação do grau de sustentabilidade dos casos submetidos e sua alocação nos quatro quadrantes formados pelos eixos tempo (hoje x amanhã) e espaço (interno x externo), imaginamos que haveria poucas inovações/produtos alocáveis no quadrante: amanhã e externo, em particular o de incluir os excluídos. Para surpresa, registramos um número superior ao avaliado inicialmente, ao analisar os casos em profundidade. Constata-se, pois, um movimento saudável em prol da inovação responsável nas empresas. Quanto à vocação da Anpei de promover a inovação tecnológica, o fato é que ela é a única forma coerente de modernização e característica marcante das economias bem-sucedidas. O gestor público dá importância crescente à inovação, por induzir o crescimento sustentável e os ganhos sociais decorrentes. O desempenho modesto do Brasil, comparado a outros 82 países, mostra que ocupa agora o 49° lugar, perdendo atualmente o seu posto para o México. O fato coloca o Brasil na contramão das economias mais dinâmicas das BRICs e, pela avaliação das empresas participantes, não espelha os resultados do segmento inovador e empreendedor das empresas representadas no evento e na Associação. A nota atribuída ao Brasil é composta, também, por indicadores de ambiente favorável à inovação, como incentivos fiscais e financiamentos facilitados para inovação. Pois foi justamente nesse último indicador que o Brasil perdeu posições e apresentou o pior desempenho, descendo do 32° para o 42° lugar. Para melhorar esse item, a Anpei mostrou uma atividade profícua e consistente como o registrado nas recomendações da Carta de Belo Horizonte: …Cabe agora à Associação liderar o ajuste fino dessa legislação, de modo a permitir sua implementação da forma mais abrangente, visando propiciar a criação de massa crítica suficiente para provocar a adesão de um número significativo de empresas na estratégia da inovação…. Essa proposição foi trabalhada pela associação e bem recebida pelo governo, através da divulgação dos instrumentos de apoio: o Pró-Inova. A Anpei corroborou para essa iniciativa e, também, com o estudo: Instrumentos de apoio à inovação: uma avaliação prévia, ambos apresentados no evento. Na Conferência, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior anunciou a criação da Secretaria de Inovação Tecnológica, extinguindo a Secretaria de Tecnologia Industrial. Também foi anunciada a criação do Cartão BNDES para Inovação com o objetivo de financiar a contratação de serviços relativos à inovação, iniciativa para a qual a Anpei foi consultada. Como próximos passos e em conclusão da IX Conferência, destacam-se as seguintes recomendações: 1) Dar continuidade às ações voltadas para o ajuste dos incentivos à inovação e mitigação dos riscos dos investimentos em inovação; 2) Promover uma consciência crescente dos gestores da função para a importância da inovação como elemento essencial à sustentabilidade da empresa e igualmente do meio ambiente e do planeta; 3) Dar divulgação a esses conceitos, atendendo aos pedidos de replicação dos estudos de caso em outras cidades/capitais; 4) Ser o parceiro preferencial do Sebrae na divulgação da importância da inovação para micro e pequenas empresas. Finalizando, é necessário registrar os especiais agradecimentos à Aracruz Celulose, que se prontificou a plantar árvores para neutralizar a emissão de carbono equivalente ao desta Conferência; às empresas Fiat e Pirelli, que apresentaram veículos-conceitos e pneus verdes para ilustrar as inovações e conquistas da área; às 38 empresas que acreditaram nas propostas do evento e dedicaram seu tempo e recursos para a apresentação de casos garantindo o sucesso da proposta; aos patrocinadores; ao Sistema FIERGS; aos membros do Comitê Técnico e de Organização; à equipe de apoio; aos demais colaboradores da Anpei e ao coordenador do evento, Carlos Calmanovici, que propôs e consubstanciou o tema e a todos os que prestigiaram o evento com sua presença. Porto Alegre, 10 de Junho de 2009.
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