29/06/2017
Atualmente, o debate sobre inovação ganha mais força nas empresas graças a práticas como a de Venture Capital, por exemplo, que está se disseminando e se tornando fator determinante para alavancar o desenvolvimento tecnológico de forma rápida e dinâmica.
Na medida em que startups, pequenas empresas inovadoras e pesquisadores buscam apoio na execução de suas ideias, as grandes empresas precisam inovar rapidamente e já têm experiência sobre negócios. A partir dessas necessidades, há, então, uma troca mútua, que foi o tema central da última reunião do Comitê de Gestão da Inovação, que aconteceu no dia 22 de junho na Arena Santander | AUSPIN, em São Paulo – SP.
Casa Azul
O evento teve início com a palestra do diretor da Casa Azul, Raphael Gonçalves, que, com o apoio da diretora de estratégia digital do grupo O Povo, Arenusa Goulart, contextualizou a história da empresa de comunicação, que, atualmente, é a de maior relevância no Ceará, impactando milhões de pessoas através do jornal impresso, online, televisivo, revista, rádio e uma editora.
O jornal completou 90 anos e a necessidade de inovar e ampliar seus negócios fez surgir um interesse em investir em ideias de parceiros. Assim, nasceu o projeto com o Elo Group para criar a aceleradora de startups, Casa Azul, que já acelerou quatro empresas este ano através de um novo modelo que reinventou o grupo O Povo.
A aceleração realizada pela Casa Azul acontece de maneira diferente. É feita a escolha das startups e do modelo mais indicado para cada uma delas; nenhum modelo é igual ao outro, cada uma é acelerada de maneira diferente e isso envolve palestras, mentoria, apoio na busca de investidores e apoio de comunicação e divulgação.
Desta forma, o grupo O Povo encontrou uma nova maneira de ajudar estes empreendedores a se acelerarem, de outra forma que não o investimento financeiro, através da credibilidade. Isso fez com que o grupo se renovasse como marca inovadora ligada ao empreendedorismo. O modelo já é conhecido no exterior, mas o jornal foi o primeiro a aplicá-lo, de fato, no Brasil.
O projeto se mostrou bem-sucedido e, até o final do ano, a Casa Azul deve acelerar cerca de 10 startups, além de organizar webnars com conteúdo informativo para quem deseja entender mais sobre o projeto e a prática de Corporate Venture, e um evento com propósito de reunir startups nordestinas e empresas que queiram investir nessas ideias. O objetivo é buscar formas de fomentar o empreendedorismo e a inovação entre as empresas.
Embraer
Inovar e buscar novas tecnologias pode ser fácil para uma startup, mas não para uma grande empresa que já tem suas regras e diversas burocracias. O processo é mais demorado e difícil, principalmente, por envolver um alto risco financeiro. E para mostrar como a prática de Venture Capital também está ajudando as grandes empresas, Peter Quadros Seiffert, da Embraer, discutiu as melhores práticas adotadas pela empresa para avançar na inovação.
Seiffert abriu sua palestra falando sobre a competição entre startups e empresas e deixou claro, que, para ele, “uma corporação não tem como competir com uma startup”. No cenário em que nos encontramos hoje tudo acontece muito mais rápido do que acontecia há dez anos, e acompanhar essa velocidade é a grande dificuldade das empresas quando se trata de inovar.
O modelo de organização das startups é uma das inúmeras vantagens na hora de inovar, isso porque elas não tem regras, burocracias ou regulamentações a serem seguidas. Como uma empresa como a Embraer faz para inovar, então? Se alia à startup, seja através de sua aquisição, investimento ou apoio.
“Cerca de 60% das empresas tem iniciativa de Corporate Venture Capital. As corporações devem identificar as startups que são ameaças e comprá-las ou investir nelas. Não podemos inserir burocracias no início dos projetos, pois elas só atrapalham o desenvolvimento das ideias”, explicou Seiffert.
Para finalizar sua apresentação, ele falou sobre o case de reciclagem de aeronaves, que era um problema para a Embraer e foi resolvido através de uma ideia desenvolvida por uma startup. Desde 2014 a empresa, junto com o BNDES e a Finep, mantém um fundo que desenvolve startups e as prepara para serem compradas. As startups chegam através de prospecção ativa (feiras e eventos) ou passiva (site).
Grynszpan
A última apresentação do evento foi realizada pelo CEO da Grynszpan Projetos e Serviços Empresariais, Flávio Grynszpan. Sua discussão se pautou em um novo modelo de inovação para as empresas, com foco na relação entre startups, pesquisadores e grandes corporações. O programa i-Corps também foi um dos temas da palestra.
Para falar sobre a relação das startups com as empresas, Grynszpan iniciou seu discurso falando sobre a importância de ensinar as startups a investirem e a fazerem negócios com o que elas estão oferecendo. O fato de não existir nenhum case de startup brasileira no mercado internacional é um indicativo de que é necessário mudar algumas coisas, dentre elas, o modelo de mentoria.
Nos cursos que ministrou na FINEP, Grynszpan formou, até o momento, 64 mentores, e pretende formar mais 100. E tudo isso baseado no modelo de mentoria americana, que orienta a startup a desenvolver sem seguir o modelo da corporação, deixando-a livre para mudar quantas vezes for necessário, errar e recomeçar. Nessa metodologia, a flexibilidade que a startup tem e a empresa não, deve ser mantida, sem criar amarras ou obstáculos.
A proposta do programa para as empresas mudarem seu modelo de inovação é gerar mentores, que são pessoas com muita experiência de negócios e poderão ganhar noções sobre como ajudar startups e assim o farão de forma voluntária.
“O importante é não tentar convencer a startup a se enquadrar na empresa. O desafio é introduzir o empreendedorismo nas startups, sem fazer dela uma corporação cheia de regras e burocracias, que atrasam o desenvolvimento”, explicou Grynszpan.
O programa i-Corps no Brasil pretende, até o fim do ano, ajudar 154 startups e formar 80 mentores. Serão 63 startups na Fapesp, 25 na USP e outras 25 no Hospital das Clínicas, que contará com uma equipe especial com pessoas portadoras de deficiências.
Confira a programação das reuniões do Comitê de Gestão da Inovação AQUI.