A manutenção de modelos de negócios existentes está entre os principais empecilhos para a expansão da cultura de inovação no Brasil. A avaliação é do cientista-chefe do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), Sílvio Meira, que participou do painel “Institutos de Pesquisa: Novos Paradigmas”, realizado na 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, em Brasília (DF). Para Meira a dificuldade em encontrar novos nichos de mercado e fazer inovação propriamente dita são realidades não só das universidades, como também dos institutos de pesquisa. E isso, para ele, é resultado do cenário brasileiro, em que poucas empresas competem globalmente. Para convencer uma empresa que ela precisa fazer inovação é preciso utilizar a linguagem que elas entendem, ou seja, explicar que fazer inovação é emitir mais e melhores notas fiscais, disse. O cientista destacou também que raríssimas pesquisas realizadas dentro do território brasileiro hoje criam novos modelos de negócios e boa parte da criação não é sustentável em longo prazo. Exemplo citado foi a Petrobras, que na avaliação de Meira embora utilize processos com alto teor de tecnologia para extrair petróleo em águas profundas, não gera novos negócios, apenas aprofunda o modelo atual. Se a gente não quiser ser repetitivo precisamos de investimento de muito maior risco em novos modelos. Sem capacidade de investimento para criar novos padrões que mudem radicalmente o comportamento de agentes como consumidores e fornecedores no mercado, nós dificilmente vamos ter o grau de empreendedorismo e de empreendimentos que precisamos disse. Sílvio Meira também destacou que o Brasil ainda é um país sustentado na cultura de commodities. Ele sustentou sua tese em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostram que há mais de uma década produtos e serviços com alto valor tecnológico agregado perdem porcentagem no total de exportação. Segundo os números apresentados, enquanto em 2008 o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu cerca de 5%, o PIB Industrial aumentou apenas 0,8%. O setor de eletroeletrônicos teve um prejuízo de US$ 15 bilhões na balança comercial do ano passado e o déficit do segmento para este ano é da ordem de US$ 25 bilhões de dólares. Isso mostra as vantagens que a gente tem tirado a favor das commodities. Há uma sistemática perda do conhecimento tecnológico dentro do Brasil. E esse é assunto que poderia ser resolvido se a gente tratasse com mais competência as cadeias de valor de conhecimento nos negócios, avaliou. Ele também apresentou dados de uma pesquisa anunciada recentemente sobre o uso das redes sociais. O estudo apontou que 98% dos brasileiros sabem que o Orkut existe, seja usuário ou não. Em segundo lugar está os Estados Unidos, com 92% da população. Noventa e cinco por cento dos brasileiros que utiliza a internet faz uso de pelo menos uma rede social. Nos EUA esse número é de 84%. Nem no setor em que somos os maiores usuários proporcionais conseguimos gerar, a partir de conhecimento em estado bruto que existe nas universidades, o conhecimento prático que deveríamos ter no mercado para incentivar uma nova cadeia de valor, que gere mais e melhores negócios, concluiu. (Fonte: Gestão C&T)

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