Empresários dos setores de energia, medicina diagnóstica e aviação protagonizaram painel acerca de empreendedorismo em áreas de alta especialização, durante a 14ª Conferência Anpei, realizada nesta segunda e terça-feira, em São Paulo. Mediado pela jornalista Mônica Teixeira, o debate contou com a participação do presidente do Sebrae, Luís Eduardo Pereira Barreto Filho. O painel reuniu ainda Bento Koike, da Tecsis, empresa pioneira na fabricação de pás geradoras de energia eólica; David Schlesinger, CEO da Mendelics, que atua na área de diagnóstico por sequenciamento de genoma; e Mauro Kern Júnior, presidente executivo de engenharia e tecnologia da Embraer. Schlesinger, que abriu a empresa com mais três sócios, afirma que a Mendelics é a única a trabalhar com diagnóstico por sequenciamento de genoma no Brasil. Ele explica que, tradicionalmente, existem testes genéticos feitos para se avaliar uma doença especificamente. É isso que fazem os laboratórios ao redor do mundo. A Mendelics resolveu fazer diferente. Ela diagnostica doenças genéticas usando o sequenciamento do genoma humano completo. A partir de softwares, interpretamos o resultado e conseguimos o diagnóstico, resume o médico, que tem entre seus clientes os maiores laboratórios e hospitais do País. Estamos crescendo dez vezes ao ano, resume. Ele atribuiu parte da atmosfera que propiciou o sucesso da empresa ao barateamento dos custos do sequenciamento completo do genoma. A sequência base do genoma humano só foi conhecida em 2003. Em 2008, sequenciar um genoma completo custava 30 milhões de dólares. Em 2011, 20 mil dólares. E, hoje, mil dólares. Percebemos que a curva estava caindo, e que isso ia virar uma commodity. E percebemos, também, que o importante não seria o sequenciamento, mas algo adiante: a interpretação dos dados, lembra Schlesinger. Para ele, os maiores entraves para uma empresa desse nível no Brasil são a burocracia e o sistema tributário. Bento Koike, da Tecsis, faz coro com Schlesinger, e vai além. Temos um problema sério com educação e formação de recursos humanos. O Ita [Instituto Tecnológico de Aeronáutica], por exemplo, forma 120 profissionais por ano. É pouco, mas já rende inovação. Agora, imaginem se tivéssemos dezenas de ITAs?, questiona. Koike também protagonizou uma história ímpar de empreendedorismo inovador de sucesso. Há 18 anos, eu e dois amigos resolvemos usar nossa experiência em materiais compostos avançados para montar uma empresa com dois objetivos bem definidos: que fosse uma empresa com tecnologia diferencial e voltada para o mundo. Assim nasceu a Tecsis. A empresa projeta, fabrica e vende pás para cataventos geradores de energia eólica. Atualmente, exporta para mais de 20 países. Tem oito mil funcionários, fatura US$ 700 milhões ao ano já produziu 45 mil pás. Logo depois da abertura da empresa, fomos chamados para uma reunião na Alemanha, com uma gigante do setor, a Enercon. Saímos de lá com um contrato experimental de US$ 1 milhão. No decorrer do processo, acabamos patenteando muita coisa na área de transporte, por conta dos problemas de infraestrutura que tivemos, e ainda temos, ao exportar peças de 20 metros de comprimento, lembra Koike, afirmando que essa primeira parceria foi fundamental para alavancar a empresa. Para Mauro Kern Júnior, da Embraer, é impossível empreender sozinho. Não se trata nem mais de cooperação, mas sim de cocriação, explica. Luís Eduardo Pereira Barreto Filho, do Sebrae, diz que o trem está andando e este é o maior desafio da instituição. Não podemos ficar olhando. Eu tenho de garantir que, ao menos, parte do meu público embarque nessa nova onda de empreendedorismo inovador.

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