Plásticos biodegradáveis feitos a partir de material renovável; fluido para ar condicionado de veículos que não agride a atmosfera; aditivo para combustíveis que contribui para a redução das emissões de gases efeito estufa; motores automotivos menores, mas com maior eficiência e desempenho e um carro movido a energia elétrica, feito com componentes renováveis, como o sisal e o óleo de soja reciclado. Essas são algumas das tecnologias verdes que já estão no mercado ou sendo desenvolvidas por empresas brasileiras. Isso demonstra a preocupação das empresas com as mudanças climáticas. Para Nelson Pereira dos Reis, diretor do departamento de meio ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o setor produtivo do País se destaca no cenário mundial nessa questão. “Podemos dizer com segurança que nossas indústrias estão em um patamar bastante destacado em comparação a outros países, inclusive com os desenvolvidos”, diz. “Em termos gerais, 98% das empresas possuem treinamento ambiental de seus empregados, 42% utilizam fontes renováveis de energia e 56% têm programas de reflorestamento.” No desenvolvimento de novas tecnologias ambientalmente menos agressivas, a DuPont garante estar fazendo sua parte. Em 2011, a empresa lançará um novo fluido para condicionadores de ar de automóveis. Batizado provisoriamente de hidrofluorolefina (HFO) 1234yf, o produto tem desempenho superior, melhor eficiência energética e baixo potencial de aquecimento global se comparado com o hidrofluorcarbono HFC 134a usado hoje. Em outra área, a empresa investiu US$ 295 milhões na expansão de várias fases de sua linha de produção de filmes de alto desempenho para painéis fotovoltaicos, usados para aproveitamento da energia solar. Segundo o vice-presidente de inovação para a DuPont do Brasil e América Latina, John Jasen, o objetivo não é apenas adotar processos e operações que reduzem ataques ao meio ambiente, mas criar soluções para o mercado também ser ambientalmente correto. Por isso, foram estabelecidas algumas metas ambiciosas para serem atingidas até 2015. “Uma delas é aumentar de US$ 570 milhões para US$ 640 milhões o investimento em programas de pesquisa e desenvolvimento em benefício do meio ambiente, que terão um impacto positivo para clientes e consumidores”, diz. “Outras duas são aumentar a receita anual em US$ 2 bilhões ou mais proveniente de produtos que diminuem a emissão de gases do efeito estufa e dobrar para US$ 8 bilhões a originada de recursos renováveis.” A Fiat, líder do mercado brasileiro de automóveis, com uma fatia de 25%, investe no desenvolvimento de tecnologias limpas. “Os investimentos estão integrados ao plano maior da empresa, de R$ 5 bilhões, a serem aplicados de 2008-2010”, diz Windson Paz, diretor de qualidade da Fiat América Latina. “Um campo importante de pesquisas é a de novos materiais, mais leves, reciclados e recicláveis, que possam contribuir para um veículo igualmente mais leve e amigável ao meio ambiente.” Segundo Paz, na área de motores, por exemplo, a Fiat alcançou bons resultados com o “downsizing”, ou seja, projetar motores menores em tamanho e peso com desempenho igual ou superior aos de grande cilindrada. “Os motores 1.4 TJet disponíveis no Punto e no Linea são um exemplo de alta performance a partir de um motor de pequeno porte”, diz. “Outro projeto bem-sucedido, já realizado pela FPT Powertrain Technologies – a divisão de motores da montadora é a tecnologia Multiair, que permite reduzir o consumo em até 10%, na mesma proporção em que aumenta o rendimento.” A petroquímica Braskem, líder em resinas termoplásticas da América Latina, aposta no desenvolvimento de tecnologias verdes. “Investimos em torno de R$ 60 milhões em desenvolvimento tecnológico ao ano, boa parte desse valor tem resultado positivo para as questões ambientais”, diz Jorge Soto, diretor de sustentabilidade. “Nosso foco tem sido desenvolver produtos ou processos que contribuam na solução das questões ambientais da nossa sociedade moderna.” Entre os produtos estão dois tipos de plásticos, polietileno e polipropileno, feitos a partir de matéria-prima renovável, no caso, o etanol de cana-de-açúcar. “Em 2007, lançamos o primeiro polietileno certificado mundialmente a partir de matéria-prima 100% renovável”, diz Soto. “Vamos começar a produzi-lo comercialmente em 2010. Para isso, investimos R$ 500 milhões numa planta industrial que está em construção no Rio Grande do Sul.” Já a produção do polipropileno deverá começar em cinco anos. A empresa ainda investiu R$ 100 milhões em Camaçari, na Bahia, para converter a produção de methyl tertiary-butyl ether (MTBE) ou éter metil-terciário butílico, em ethyl teriaryt-butyl ether (ETBE) ou éter etil terciário butílico, a exemplo do que ocorreu com a Copesul, unidade de insumos básicos da Braskem, no Rio Grande do Sul. São dois aditivos para combustíveis, com a diferença de que o primeiro e feito a partir do metanol e é considerado cancerígeno, e o segundo a partir do etanol. “Com a mudança, temos capacidade para produzir anualmente 300 mil toneladas de ETBE, que além de utilizar um recurso natural renovável reduz em 76% o nível de emissão de CO2 em relação ao MTBE, considerando desde o cultivo da cana até a produção do aditivo.” Para Reis, da Fiesp, empresas como essas, que levam em conta a questão ambiental nos seus projetos e desenvolvimentos de novos produtos, estão no caminho certo. “É inquestionável que qualquer medida que vise a melhoria ambiental é vantajosa para todos”, diz. “Economia verde, economia de baixo carbono ou quaisquer outros sinônimos que sejam empregados para atingir tal fim devem ser buscados, da mesma forma, por todos. O setor industrial deve adotar as tecnologias, conceitos e práticas para a otimização da produção e melhoria da competitividade.” (Fonte: Valor Econômico)

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