Na contramão do restante do país, as empresas paulistas têm aumentado seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e contratado mais pesquisadores. É o que revela estudo inédito da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), divulgado recentemente na nova edição dos Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação em São Paulo. Em 2008, as empresas do Estado concentravam, de acordo com o levantamento, 53% dos pesquisadores, enquanto no Brasil a média era de 33%. Os dados mostram que, pela primeira vez, o ambiente corporativo superou o mundo acadêmico paulista em número de pesquisadores. Do total de quase 63 mil profissionais do Estado, as instituições de ensino superior (IES) abrigavam 42% deles. Os 5% restantes estavam em institutos de pesquisa. Em 2001, a relação era inversa: as IES concentravam 51% dos pesquisadores e as empresas, 43%. Os institutos de pesquisa somavam 6%. O número de pesquisadores nas empresas paulistas praticamente dobrou em relação a 1995, quando se deu início à estabilidade monetária no país. Naquele ano, as corporações tinham 17.133 profissionais em P&D. Em 2008, já eram 33.528, o um incremento de 96%. A mesma tendência era verificada no país como um todo: em 1995, as empresas abrigavam 33.079 pesquisadores; em 2008, somavam 69.747 profissionais. No entanto, as IES brasileiras continuam concentrando a maior parte deles, com 152.519 em 2008 (ou 67% do total), mas com tendência decrescente. Em 1995, o mundo acadêmico era responsável por 70%. Para o diretor científico da Fapesp, Carlos Henrique de Brito Cruz, os números indicam uma mudança do comportamento empresarial, que começou a considerar a inovação tecnológica como elemento importante nas estratégias de concorrência e crescimento. Houve um empenho maior do empresariado paulista em melhorar a sua capacidade de criação e desenvolvimento. Mas esse ainda era um grande desafio nos outros Estados, afirma Brito Cruz, que também é professor do Instituto de Física da Universidade de Campinas (Unicamp). Ele explica que, de acordo com o estudo da Fapesp, no restante do país o investimento corporativo em pesquisa foi reduzido. Em 2001, as empresas brasileiras detinham 39% dos pesquisadores, enquanto as IES contavam com 54% e os institutos de pesquisa, 7%. Em 2008, a proporção era de 33% nas empresas, 61% nas IES e 6% nos institutos. No país como um todo, quase a metade da pesquisa industrial se concentrava em três setores: automobilístico, coque e refino de petróleo e álcool e produção de aeronaves. Uma curiosidade: de acordo com pesquisa de 2008 do Departamento de Inovação, Universidades e Habilidades do Reino Unido, cinco empresas brasileiras apareciam no ranking mundial das que mais investiam em P&D: Petrobrás, Vale, Embraer, Braskem e WEG, todas associadas da Anpei. Em termos de volume de recursos aplicados, o Estado de São Paulo atingiu 1,52% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual nas despesas com pesquisa e desenvolvimento (P&D) em 2008, o equivalente a R$ 15,5 bilhões. A maior parte dos gastos ocorreu nas empresas. O estudo da Fapesp aponta ainda que as companhias foram responsáveis por 62% do dispêndio na área, o correspondente a 0,94% do PIB estadual. O total destinado pelo Estado à P&D em relação ao PIB, em 2008, superou o de países como Espanha, Portugal, Itália, Irlanda, China, Índia e todos os países da América Latina. Mas inferior ao do Canadá, Reino Unido, França, Taiwan e à média dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é de 2,3% do PIB regional. Segundo o levantamento, no país todo, as despesas com pesquisa atingiram R$ 34,2 bilhões, correspondente a 1,14% do PIB nacional – apenas 35% desse total veio das empresas. Sem contar com São Paulo, o total de dispêndio do Brasil naquele ano cairia para 0,88% do PIB. Brito Cruz, avalia que – da mesma forma que a proporção de pesquisadores entre empresas, instituições de ensino e institutos – o dispêndio efetuado pelas corporações privadas refletiram as diferenças do estágio de desenvolvimento industrial das regiões brasileiras. Calculado com a mesma metodologia, o dispêndio nacional em P&D chegou a R$ 34,2 bilhões em 2008, com intensidade de 1,14% do PIB. Em ambos os casos, a tendência nos últimos dois anos foi de crescimento. Mesmo com crescimento, parece pouco provável que o dispêndio nacional em P&D tenha atingido a meta (modesta, em comparação com os países da OCDE que estão já em 2,26% do PIB) estabelecida pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) no Plano de Ação da Ciência 2007-2010, de 1,5% do PIB em 2010. Em São Paulo, o dispêndio privado em P&D, somando-se o dispêndio de empresas e de instituições de ensino superior privadas, atingiu 63% do total em 2008. No Brasil, os dispêndios privados em P&D chegaram a 49% do dispêndio total. (Com informações do jornal Valor Econômico e Agência Fapesp)

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