Antonio Gaspar Especialistas reunidos pelo Instituto Ethos para debater a Perspectiva da crise econômica no Brasil avaliam que este deve ser o pior ano e dizem que o mês de abril, quando ocorre a reunião do G-20, será importante para uma avaliação do rumo que os Estados Unidos devem adotar. Para as empresas brasileiras, a mensagem foi praticamente unânime: o caminho é manter os investimentos em inovação e avançar nos processos de sustentabilidade, para uma economia neutra em emissão de carbono. O encontro, ocorrido no Espaço Promon, em São Paulo, contou com a participação do professor-titular da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP) José Eli da Veiga, do professor da PUC, do Rio, Sérgio Besserman, do diretor de Planejamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), João Carlos Ferraz, e do economista-global do Banco Itaú, John Welch. O debate contou com a mediação da jornalista Míriam Leitão, do jornal O Globo. Descompasso – Para Eli da Veiga, dois anúncios recentes mostram que o Brasil ainda ignora a necessidade de trabalhar para uma transição em direção a uma economia de baixo carbono. “O governo acaba de anunciar um programa que prevê a construção de 67 termoelétricas e o Congresso realiza um elevado corte nos recursos para pesquisa. Lamentável.” Em reforço à manifestação do professor da USP, Besserman lembrou a diferença de visão entre o governo brasileiro e o do novo presidente norte-americano, Barack Obama. “Enquanto aqui se corta o orçamento para pesquisa, lá, um Nobel de Física, acaba de ser nomeado secretário de Energia. Entre as propostas de Steven Chu está a reorientação da pesquisa com vistas à substituição do petróleo, redução das emissões de carbono e aceleração do desenvolvimento de tecnologias mais avançadas e limpas.” O economista do Banco Itaú, John Welch, vê com otimismo o cenário internacional no médio prazo. “Este será o pior ano, com fortes quedas nos PIBs de países da Europa e nos Estados Unidos. No caso brasileiro, acredito que, no médio prazo, o País e a África do Sul possam se colocar como capazes de serem importadores de capital.” Para ele, o mundo vai assistir a um aumento do protecionismo. Mercados – Na área do mercado financeiro, Welch prevê uma maior regulação dos mercados. “O problema é que, nos Estados Unidos, quando se tenta regular, o olhar está voltado para o passado”, lamentou. Ele acredita que o processo que leve a um maior controle sobre o sistema financeiro vai tomar “pelo menos uma década”. Na sua opinião, “a crise americana não vem de fraudes, mas de incentivos para a faixa de renda mais baixa, que teve acesso ao crédito subprime. “Já se sabia do problema. No início da década, Bush tentou pôr um freio no sistema, mas o resultado foi o contrário: mais incentivos.” Besserman disse não ver uma saída consistente para a crise sem a construção de uma economia de baixo carbono. Ele considera incorreta a idéia de que a crise é resultado da implosão da bolha imobiliária e da falta de regulamentação dos mercados. “Já foram corroídos mais de US$ 30 trilhões pela crise! Há muito tempo, nós vínhamos pedalando a bicicleta e sempre aumentando o ritmo para não cair. Não há dúvida de que o mercado é bom em alocar os recursos, mas valores, como ética, vêm de fora.” Na sua opinião, hoje há incerteza quanto ao valor relativo das moedas. “Qual moeda eu uso para planejar investimentos?” Caminhos – Para Eli da Veiga, a crise não necessariamente vai fazer com que as empresas reduzam os investimentos em inovação, em sustentabilidade. Para ele, a crise é um freio na economia e uma parada para arrumação, que pode ajudar a equacionar a questão energética. “A perspectiva bélica estava muito presente na agenda.” Besserman afirmou que as empresas brasileiras devem investir em eficiência energética e na descarbonização. Eli da Veiga acredita que os Estados Unidos vão adotar um modelo que reduza as emissões de CO2 já no primeiro semestre. Há várias idéias. “Uma proposta que vem sendo muito debatida é a de que, em vez de regular a emissão de CO2, os governos regulem a produção de energia fóssil.” O representante do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, João Carlos Ferraz, disse que a crise vai durar muitos anos. “No Japão tem mais de 20 anos.” Afirmou que capacidade de inovação do País precisa avançar. “Hoje ela é ridícula. A Fiocruz tem mais doutores (mil) do que todo o setor privado (850)”, lamentou. Ferraz acredita que a crise deixará as empresas mais magras e haverá várias oportunidades. Ele prevê o crescimento no número de fusões e incorporações, aumento da informalidade no trabalho e queda dos investimentos, entre outros. Disse que o banco vai treinar seus técnicos para trabalhar a questão da sustentabilidade nos projetos avaliados. “A idéia é a de que devemos reforçar as ações junto à comunidade do entorno dos empreendimentos financiados pela instituição”. Lembrou que o banco vai passar, nós próximos três anos, por um profundo processo de renovação, com a mudança de cerca de 2 mil técnicos. “O desafio é fixar esses novos valores.” (Fonte: DiárioNet – Portal Terra – http://invertia.terra.com.br/sustentabilidade/interna/0,,OI3468152-EI10411,00-Empresas+devem+manter+investimento+em+inovacao.html)

Av. Prof. Almeida Prado, 532
Prédio 53 – Butantã – 05508-901
Comunicação: comunicacao@anpei.org.br
Gabriela – +55 11 98886-6581
relacionamento@anpei.org.br
© 2024 ANPEI - Todos os direitos reservados.