A indústria de defesa é um dos principais geradores de tecnologia em um país. No Brasil, 60% das pesquisas realizadas no setor acabam tendo impacto significante em outras áreas, de acordo com um levantamento apresentado pelo Ministério da Defesa. Mas na visão de especialistas, muito se tem a fazer para desenvolver uma base tecnológica no País que possa deslanchar a indústria de defesa nacional. Para debater o tema, a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) realizou dia 19 de maio uma reunião com representantes das Forças Armadas Brasileiras. Apesar de algumas iniciativas do governo terem sido elogiadas, como a aquisição e nacionalização dos caças Gripen e a construção do primeiro submarino nacional movido a propulsão nuclear, ainda ficou no ar o sentimento que se pode fazer mais. No caso, a criação de um projeto de Estado que direcionasse esforços para a defesa, tecnologia e inovação. “No Brasil, acredito que a indústria de defesa deveria ser um pilar central de um novo projeto de desenvolvimento, focado na indústria de alta tecnologia e na inovação, sob indução e atento acompanhamento do Estado brasileiro. Mas muito resta a se fazer para desenvolver uma verdadeira base industrial tecnológica no Brasil”, afirmou a ex-deputada federal e atual assessora especial do Ministério da Defesa, Perpétua Almeida. Para ela, o desenvolvimento tecnológico atual do mundo gera o entendimento que o país que não possui tecnologia está condenado a dependência política e econômica. “O futuro do Brasil passa, dessa forma, pela inovação, o que envolve a consolidação de um sistema de inovação que integre o Estado, as universidades e as empresas brasileiras”, comentou. O deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), vice-presidente da CREDN, acredita que a indústria de defesa é onde o Brasil tem a oportunidade de dar seu grande salto tecnológico. “Ela não é, nem pode ser uma mera indústria que reproduz o mesmo que outros países. Devemos ter uma indústria que absorva, desenvolva, aplique conhecimento e novas tecnologias. Esse deve ser o centro da nossa política de defesa”, disse. Para mudar esse cenário seriam necessárias, na avaliação de Almeida, medidas que avancem na legislação, garantam encomendas tecnológicas de forma mais rápida e efetive a previsibilidade de compras, tudo isso previsto com o Plano de Articulação e Equipamentos de Defesa (PAED), que aguarda finalização. A expectativa das Forças Armadas Brasileiras é que a produção de novos equipamentos militares possa agregar mais valor e tecnologia à indústria nacional. “A indústria de defesa é um elemento motor de desenvolvimento econômico. Tem sido, em muitos países, a locomotiva de desenvolvimento industrial e tecnológico. Isso ocorre uma vez que este segmento é importante gerador e difusor de novas tecnologias dentro da estrutura produtiva de uma nação”, ponderou. Contudo, a situação ainda exige que uma relevância maior seja dada ao assunto, algo que carece no sistema brasileiro atual. “Basta que as decisões estratégicas de fôlego e de longo prazo sejam efetivamente tomadas pelo Estado e exigidas pela sociedade como um todo, que precisa entender a importância da indústria de defesa para o desenvolvimento nacional”, concluiu. A reunião realizada pela CREDN ocorreu na Câmara dos Deputados e teve como tema “A Segurança e a Defesa: Suas implicações para o desenvolvimento nacional”. (Agência Gestão CT&I)

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