Na Irlanda, o jogo do empreendedorismo foi ganho com a aposta em alta tecnologia. O Chile, embora carente de estrutura para fomentar o empreendedorismo de alto impacto, ganha pontos no quesito facilitação da vida dos empreendedores. Enquanto isso, a Itália, país que por anos foi referência em relação à força de uma economia apoiada em pequenas empresas, começa a sofrer os impactos de uma política trabalhista rígida em negócios de pequeno porte que, na maioria, são familiares e dependentes de conexões com empresas líderes dos clusters regionais. O Brasil, por sua vez, apresenta iniciativas como a atuação da Finep no estímulo ao empreendedorismo de alto impacto. Os exemplos estão relacionados na pesquisa de Gilberto Sarfati, professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV), que compara os estágios de desenvolvimento econômico e políticas públicas de empreendedorismo e de micro, pequenas e médias empresas no Brasil, no Canadá, no Chile, na Irlanda e na Itália. Segundo ele, as políticas públicas podem ser agrupadas em dois níveis distintos de um lado, ações regulatórias ou voltadas à simplificação da vida das pequenas, como a redução do número de dias para a abertura de uma empresa ou a facilitação de processos burocráticos e, de outro, o estímulo ao empreendedorismo de alto impacto, por meio de ações de promoção de cultura e educação empreendedora, inovação e internacionalização. O Chile está na frente. Mas apenas agora começa a definir políticas para incrementar o segundo nível, com iniciativas como uma espécie de Poupatempo do empreendedor virtual e a aprovação pelo Congresso da necessidade de avaliação do impacto regulatório sobre as PMEs de cada medida ou lei encaminhada por congressistas ou agências reguladoras. “O objetivo não é impedir a regra ou a lei, mas estimular a análise se isso não cria mais burocracia para as pequenas.” O caso da Irlanda ilustra os impactos econômicos do incentivo à inovação. No país, com 3 milhões de habitantes, até meados da década de 1980, a imagem do empreendedor era associado à de mafiosos. Mas o desenvolvimento de empresas de alta tecnologia estimuladas por uma política de atração baseada em imposto zero mudou o cenário. Segundo o professor, um órgão ligado ao ministério de empresas, comércio e inovação, voltado ao empreendedorismo, passou a fomentar a criação de empresas de alto impacto, com apoio de coaching e atração de venture capital, com incentivo de verbas públicas e geração de enorme número de startups. “A crise afetou o país, mas a política teve um sucesso considerável”, avalia. Sarfati traça um paralelo com a atuação da Finep no Brasil, que em pouco mais de dez anos estimulou a criação e o fomento da indústria de fundos de venture capital, private equity e, mais recentemente, de anjos, mas ainda peca pela concentração regional. “A má distribuição mostra um vácuo em relação à equity”, diz. Isso provoca carência de investimentos por parte de empresas em regiões como centro-oeste e nordeste. “O investidor precisa ter proximidade física, o limite é cerca de 150 quilômetros.” Sarfati destaca que o país ainda conta com políticas dirigidas ao desenvolvimento regional, como o fomento, pelo governo central, da criação de centros de excelência provinciais com especializações específicas, unindo governo, centros de pesquisa e universidades locais. “A medida vai incentivar o surgimento de empresas de alto impacto focadas nestes temas.” (Com informações do Valor Econômico)

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