Ou o setor produtivo brasileiro aumenta o nível tecnológico agregado aos seus produtos e serviços, ou continuaremos a depender das commodities para sustentar nosso crescimento econômico. É urgente uma política industrial que aumente a densidade tecnológica embutida nos produtos das principais cadeias produtivas brasileiras. Esta foi a principal advertência da XI Conferência Anpei de Inovação Tecnológica, que reuniu 1.700 pessoas entre lideres empresariais, pesquisadores e técnicos no mês passado em Fortaleza. Os debatedores lembraram que a pauta de exportação do Brasil voltou a ter uma composição predominantemente de produtos primários, justificando a necessidade premente de se investir no desenvolvimento tecnológico das diversas cadeias produtivas. Em entrevista a TIC Mercado, Mario Barra, membro da diretoria da Anpei (Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras), disse que durante a conferência foram citadas como exemplos bem sucedidos as áreas de petróleo, plástico e fruticultura, nas quais há uma agregação de valor que pode chegar a 10 vezes ao longo da cadeia. Para Barra, é essa dinâmica, que gera benefícios para as empresas e toda a sociedade, que precisa ser replicada em outras cadeias. De acordo com Mario Barra, para atingir esse objetivo, são necessários incentivos que estimulem a sustentabilidade e a cooperação entre as empresas e também entre o setor privado e as universidades, de forma a priorizar o desenvolvimento integrado das cadeias produtivas. Estas recomendações estão salientadas na “Carta de Fortaleza”, documento redigido após o encontro e que está sendo enviado às autoridades, assim como toda a comunidade da cadeia da inovação. O diretor da Anpei disse que, além do estímulo à inovação nas cadeias produtivas, a “Carta de Fortaleza” também preconiza programas governamentais para a formação de consórcios de empresas para a realização de pesquisas. A Carta também sustenta a necessidade de programas de apoio a internacionalização de empresas, de forma a fortalecer a competência de gestão, em particular a gestão da inovação. Por fim, defendem também ampliação no marco legal, de forma a incluir mais empresas beneficiadas nos programa de incentivos fiscais à inovação. A “Carta de Fortaleza” foi redigida por um colegiado de especialistas que participa dos diversos comitês temáticos e setoriais da Anpei. Sua íntegra pode ser lida no site www.anpei.ora.br, no anexo resumo da “Carta de Fortaleza”. TIC Quais as principais recomendações da Carta de Fortaleza? Mario Barra A recomendação central da Carta de Fortaleza e a urgência na qual o setor produtivo brasileiro deve aumentar o valor de seus produtos através do maior nível tecnológico agregado aos seus produtos e serviços, caso contrário o Brasil continuará dependendo da valorização das commodities para sustentar o seu crescimento econômico. É urgente uma política industrial que aumente a densidade tecnológica embutida nos produtos e a multiplicação das cadeias produtivas brasileiras. De forma resumida, esta a principal conclusão dos 1.700 participantes da XI Conferência Anpei de Inovação Tecnológica reunidos em Fortaleza, dos quais 53% constituído por lideres empresariais, além de representantes da academia e de órgãos do governo. Escolhido para sediar a Conferência, o Ceará mostrou o grau de interesse local e regional pela inovação, pois 71% dos participantes eram originários dos estados do Nordeste. A recomendação proposta foi muito bem aceita, pois o principal beneficiário da agregação do valor econômico da produção e do adensamento das cadeias produtivas é a população local. Esse fato foi exemplificado pelos inúmeros depoimentos de casos de sucesso das inovações feitos pelas empresas participantes. TIC Qual a urgência de uma política industrial que incentive uma maior densidade tecnológica nos produtos das cadeias produtivas brasileiras? Mario Barra Os debatedores lembraram que a nossa pauta de exportação voltou a ser composta por commodities, justificando a necessidade de se investir no desenvolvimento tecnológico e aumento da competitividade dos produtos. Enfatizaram a urgência de se avançar na constituição de cadeias de agregação de valor, pois o sucesso competitivo de um setor e de uma indústria, assim como o progresso do país depende diretamente dessa evolução. Foram citadas como exemplos bom sucedidos as áreas de petróleo, plástico e fruticultura, nas quais há urna agregação de valor que pode chegar a 10 vezes ao longo da cadeia. É essa dinâmica que gera benefícios para as empresas e para toda a sociedade e que precisa ser replicada em mais casos de sucesso. Enquanto as fases iniciais de processamento, próximos aos das matérias prima, são responsáveis pela multiplicação do valor dos insumos em ate três vezes, as demais chegam a 10 e muito mais vezes dependendo do setor. Para se atingir esse objetivo, os participantes da Conferência de Fortaleza concluíram que são necessários incentivos que estimulem a sustentabilidade e a cooperação entre as empresas e priorizem o desenvolvimento integrado das cadeias produtivas. Preconizaram programas governamentais para a formação de consórcios de empresas para a realização de pesquisas. É assim, que são formadas e estimuladas as redes de inovação. No mesmo sentido, a Carta sustenta a necessidade de programas de apoio à internacionalização de empresas, de forma a fortalecer a competência de gestão, em particular a gestão da inovação. Por fim, defende também a ampliação do marco legal, de forma a incluir mais empresas beneficiadas nos programa de incentivos fiscais a inovação hoje apenas 630 versus um universo de 105.000 empresas industriais de todos os portes existentes no Brasil. TIC Que implicações o Brasil pode sofrer caso não consiga reverter este quadro? Mario Barra O Brasil está diante de um cenário promissor, mas desafiador. Bem posicionado com relação a países pouco desenvolvidos economicamente e com perspectivas interessantes pela frente, entretanto não vem conseguindo ganhar a velocidade necessária para se destacar e tomar a frente de alguns países emergentes. A produção e exportação só de insumos e commodities não fixam a agregação de valor, nem remunera a sociedade com os recursos econômicos necessários pare um progresso econômico e social sustentável. Isso nos obriga a considerar o sentido de urgência das discussões da XI Conferência da Anpei. Soluções tradicionais não atendem mais a necessidade de avanço do Brasil em inovação. Devemos buscar novos caminhos com criatividade e ousadia. Só dessa forma será possível atingir o patamar de progresso que o Brasil almeja e merece. (Com informações da Revista TIC Mercado)

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