Duas empresas brasileiras, a Recepta Biopharma e a Cristália, ingressaram no seleto segmento de indústrias de biotecnologia aplicada à saúde humana que desenvolvem anticorpos monoclonais imunomoduladores (mAbs, na sigla em inglês). A Recepta Biopharma, que produz moléculas para o tratamento do câncer, estabeleceu uma parceria com a indústria suíça 4-Antibody AG e com o Instituto Ludwig de Pesquisas sobre o Câncer para tanto. Seguindo o mesmo caminho, a Cristália produz dois mAbs que entram agora em fase pré-clínica (de testes em animais). Esse tipo de anticorpo se liga às células de defesa T e, com isso, destrava o sistema imunológico humano para que ele passe a reconhecer e atacar as células tumorais. Estamos no início de nossa operação e pretendemos dar uma grande contribuição, em parceria com o Instituto Ludwig e a 4-Antibody AG, tanto em relação ao desenvolvimento de linhagens celulares para a produção de anticorpos como na condução de testes clínicos, disse José Fernando Perez, presidente da Recepta e ex-diretor científico da Fapesp, durante a mesa-redonda sobre Ciência, tecnologia e inovação na saúde, na reunião magna da Academia Brasileira de Ciências (ABC), no Rio de Janeiro, em 8 de maio. Coordenada por Eduardo Moacyr Krieger, vice-presidente da FAPESP, a mesa-redonda reuniu, além de Perez, Luiz Eugênio de Souza, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e Ogari Pacheco, presidente da Cristália. A proposta do encontro foi debater o estágio atual da pesquisa e desenvolvimento nas indústrias farmacêuticas brasileiras e a necessidade de estimular os investimentos em ciência, tecnologia e inovação no setor de saúde por meio do estabelecimento de parcerias entre empresas e universidades e instituições de pesquisa. Começamos a melhorar nos últimos anos algumas moléculas conhecidas com o objetivo de aumentar nossa participação de mercado e nos tornarmos mais competitivos em outros segmentos de mercado, além dos genéricos, disse Pacheco, da Cristália. A empresa sediada em Itapira, no interior de São Paulo, e detentora de 54 patentes também pretende inaugurar, até o fim deste ano, uma fábrica de princípios ativos oncológicos para produzir mAbs, outra de biofármacos e uma terceira de peptídeos. Os dois mAbs que estamos desenvolvendo falam português com sotaque caipira, brincou Pacheco. De acordo com Pacheco e Perez, um dos principais desafios para ingressar no segmento de biotecnologia aplicada à saúde humana foi atrair investidores. Muitas pessoas não acreditam que uma empresa de biotecnologia brasileira na área de saúde humana tem chance de dar certo, porque é algo com um enorme grau de incerteza que assusta muito os investidores; há poucas empresas de capital de risco no Brasil dispostas a assumir uma indefinição dessa natureza, disse Perez. Para fundar a Recepta, Perez conseguiu que o Instituto Ludwig se tornasse sócio da empresa, licenciasse a propriedade intelectual de quatro anticorpos monoclonais de seu portfólio que haviam demonstrado potencial para o desenvolvimento clínico e fizesse a transferência do conhecimento de desenvolvimento de mAbs. A empresa também atraiu como investidores-anjos os empresários brasileiros Emílio Odebrecht e Jovelino Mineiro. No ano passado, o BNDES Par braço de participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) se tornou sócio da empresa. Nossos investidores estão satisfeitos com o desempenho da empresa e estão dispostos a aumentar suas apostas nos imunomoduladores, que exigirão um grande aumento de capital na empresa, afirmou Perez. Outro desafio enfrentado para ingressar nessa seara, de acordo com Perez e Pacheco, foi estruturar suas equipes de pesquisa e desenvolvimento e encontrar no mercado profissionais que tivessem experiência com a realização de pesquisas e testes clínicos feitos até então no Brasil por multinacionais. Para isso, a Cristália formou um conselho científico, composto por profissionais que passaram a atuar como captadores de projetos e olheiros de pesquisadores nas universidades que pudessem ser recrutados pela empresa. Por sua vez, a Recepta também foi buscar na universidade oncologistas que soubessem desenvolver protocolos clínicos. A empresa encontrou e contratou um oncologista com essa experiência na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e atualmente faz testes clínicos em 18 hospitais, espalhados por nove Estados brasileiros. (Com informações da Agência Fapesp)

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