A Fibria desenvolveu uma tecnologia inovadora para produção de clones de eucalipto que poderá aumentar em 40 vezes a produção de mudas da planta, acelerando o ciclo de produção e ampliando o volume de celulose produzido ao final do processo. A empresa apresentou os detalhes dessa tecnologia na XIII Conferência Anpei, que se encerra nesta quarta-feira, 5 de junho, em Vitória, no Espírito Santo. A inovação foi um dos cases de destaque escolhidos para ser apresentado em plenária do evento. A Fibria está patenteando a tecnologia e provavelmente deve construir um novo viveiro com o sistema operando em escala comercial já em 2014. Antes do desenvolvimento da técnica de clonagem, a propagação de cultivos era feita por sementes. Essa técnica leva a uma grande heterogeneidade nos plantios. Se, ao invés da semente, pegarmos um pedaço de tecido da melhor árvore e fazer cópias genéticas, produziremos uma floresta mais homogênea porque são todas cópias idênticas, explicou Fernando Bertolucci, da Fibria. A tecnologia da clonagem permite fazer uso da variabilidade genética a favor do melhoramento genético e foi inventada na década de 1970 por pesquisadores franceses. Segundo ele, a Fibria foi pioneira no desenvolvimento para uso comercial dessa tecnologia. A micropropagação é feita em tubos de policarbonato, para produção em alta escala de clones, e com controle do processo muito mais preciso do que técnicas anteriores, destacou. Nesses tubos, chamados de biorreatores, são contralados desde os nutrientes, a quantidade de luz e umidade, até o volume de gás carbônico e oxigênio disponíveis para as plantas. A empresa precisou também desenvolver um protocolo de produção para cada clone gerado no programa de material genético. O uso dos biorreatores permite uma taxa maior de propagação. A taxa de enraizamento das mudas ou seja, a fixação delas à terra também é maior do que por outras técnicas, porque as mudas se desenvolvem melhor em razão do ambiente controlado dos biorreatores. O ciclo de produção é mais curto, e foram obtidas mudas de qualidade superior. Ao final, há uma produção maior de mudas, por um custo menor. A Fibria começou a década de 1980 produzindo 6,4 toneladas de celulose por hectare por ano; hoje, está na casa das 10,6 toneladas de celulose por hectare por ano. Com os novos biorreatores, espera chegar a 15 toneladas de celulose por hectare por ano. Na operação piloto, os biorreatores reduziram para 40 a 60 dias o ciclo de crescimento de uma muda. A tecnologia mostrou também que o sistema radicular das plantas é mais bem conformado, o que permite que a planta continue se desenvolvendo quando transferida para o campo. A eficiência de produção aumentou. Hoje, sem os biorreatores, as mudas são produzidas nos chamados minijardins clonais, onde são plantadas 30 estacas por metro quadrado por dia. Nos testes pilotos com os biorreatores, a Fibria está plantando 1.200 estacas por metro quadrado por dia. A Fibria tentou adaptar sistemas desenvolvidos por outros, mas nenhum atendia suas necessidades. A empresa resolveu, então, desenvolver seus próprios equipamentos e chegou a oito protótipos, que levaram ao equipamento que está operando na forma piloto hoje em seus laboratórios do Centro de Tecnologia instalado na cidade de Jacareí, interior de São Paulo. O investimento em infraestrutura, ao sair do conceito de viveiro para o de uma biofábrica, também é elevado, mas Bertolucci não revelou o valor investido.

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