O esforço da China para apoiar tecnologias nacionais que já provocou um confronto com empresas estrangeiras em relação às políticas de compra do governo deve continuar a causar conflitos comerciais e tensões políticas com os Estados Unidos, afirma um novo relatório da Câmara de Comércio americana. “A inovação nativa é um plano enorme e complicado para transformar a economia chinesa em uma potência tecnológica até 2020 e uma líder global até 2050”, diz o relatório, que será divulgado esta semana. “O que é preocupante para a comunidade empresarial é que essas políticas para a inovação industrial nativa devem iniciar disputas comerciais contenciosas e retóricas políticas inflamadas nos dois lados”. O relatório, encomendado pela Câmara de Comércio dos EUA e escrito por James McGregor, jornalista e executivo que está há muitos anos na China e que hoje é conselheiro sênior da APCO Worldwide, diz que a China está se tornando cada vez mais agressiva em usar o seu vasto mercado para forçar as empresas estrangeiras a transferir tecnologias de ponta. Essa tática, diz o relatório, está “forçando as empresas estrangeiras de tecnologia à angústia de equilibrar o lucro de hoje com a sobrevivência de amanhã”. O documento, de um dos maiores grupos de empresas do mundo, reforça a apreensão cada vez mais explícita das empresas e governos estrangeiros com o ambiente de negócios na China. Importantes executivos de empresas como a Siemens, General Electric e Microsoft se manifestaram recentemente a respeito. A forma como a China está lindando com essas preocupações “se tornou um indicador crucial para muitas empresas, particularmente no setor de tecnologia da informação, sobre como a China está tratando os investimentos atuais e como pode tratar os investimentos nesses setores no futuro”, disse Myron Brilliant, vice-presidente da Câmara de Comércio dos EUA para a Ásia, ao Wall Street Journal. As autoridades chinesas têm defendido fortemente as políticas de inovação nativa, dizendo que não discriminam empresas estrangeiras e que os investimentos continuam sendo despejados no país. “Atualmente, existe uma alegação de que o ambiente para investimentos na China está piorando. Eu acho que não é verdade”, disse o primeiro-ministro Wen Jiabao, este mês, durante um encontro com autoridades e executivos alemães. Os líderes chineses começaram a enfatizar o que chamam de “inovação nativa” em 2006, mas isso se tornou uma questão mais importante para as empresas estrangeiras depois da publicação, em novembro, de regras para a criação de uma lista nacional de produtos que contêm inovação nativa. As empresas estrangeiras temiam que isso fosse deixá-las de fora de dezenas de bilhões de dólares em contratos de compras do governo. O relatório da câmara diz que as preocupações em relação às políticas de “inovação nativa” não estão limitadas às licitações do governo. A câmara cita recentes revisões da lei de patentes que, segundo ela, tornam mais fácil para as empresas chinesas usar patentes domésticas para barrar concorrentes estrangeiros, assim como um processo de definição de padrões que pende em favor dos produtos nacionais chineses. Um outro exemplo é a tentativa da China de desenvolver internamente um jato de passageiros, por meio de uma empresa estatal. Grandes empresas americanas, como a GE e Easton foram selecionadas para fornecer sistemas para o projeto do jato, mas estão fazendo isso através de parcerias com os chineses. Uma vez que suas tecnologias essenciais sejam transferidas para a China, “as firmas aeroespaciais estrangeiras poderão acabar sendo colocadas de lado e competindo mundialmente com as empresas que elas agora estão criando”, afirma o relatório da câmara. Para resolver as múltiplas questões que surgem a partir do esforço chinês de inovação, os EUA iniciaram um diálogo amplo com a China sobre o assunto. John Holdren, diretor do Escritório de Políticas de Ciência e Tecnologia da Casa Branca, se encontrou com o ministro de Ciência e Tecnologia da China, Wan Gang, e outras autoridades na semana passada, em Washington, para iniciar essas negociações. As autoridades americanas também levantaram suas preocupações em relação às políticas de inovação em conversas em Pequim em maio. “O governo Obama e o Congresso devem entender que este não é um conflito ordinário sobre políticas que pode ser tratado em discussões diplomáticas bilaterais e iniciativas legislativas bombásticas”, diz o relatório da câmara. O relatório afirma que, dado o rápido envelhecimento da população na China e a erosão da vantagem de ter custos trabalhistas baixos, “a busca de uma economia de alta tecnologia e descobertas científicas e tecnológicas genuinamente locais é compreensível e louvável”. Mas também diz que aspectos dessa política estão “cada vez mais sendo percebidos como antiestrangeiros e como um regresso”. Em consequência, diz o relatório, o documento de 2006 que iniciou as políticas de inovação nativa é “considerado por muitas empresas internacionais de tecnologia como um rascunho para o roubo tecnológico em uma escala que o mundo nunca viu antes”. (Fonte: Valor Econômico)

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