Em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, o empresário e membro do conselho de estratégia da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib) e da União da Indústria da Cana-de-Açúcar, Maurílio Biagi Filho, defende que as organizações precisarão inovar cada vez mais na construção de processos sustentáveis. Leia o artigo na íntegra: A crise financeira internacional de 2008 fez (res)surgir no empresariado de várias partes do mundo o sentimento de que é preciso buscar um modelo de desenvolvimento mais sustentável, de modo a corrigir o descompasso gritante entre o desenvolvimento econômico e a situação socioambiental das últimas décadas. Em poucos meses, para conter a crise deflagrada em setembro de 2008, os governos dos países ricos desembolsaram US$ 11 trilhões. Impressionante em si, essa cifra ganha outra dimensão quando comparada com os míseros US$ 250 bilhões da ajuda humanitária dos países ricos aos países pobres nos últimos 50 anos. Ou seja, US$ 5 bilhões por ano! Nos próximos anos, o tripé da sustentabilidade – econômica, social e ambiental – estará muito vinculado à inovação. As empresas precisarão inovar cada vez mais na construção de processos sustentáveis, induzidos pelo Estado. Quanto a isso, nada melhor do que ouvir nosso vice-presidente, José Alencar, um dos empresários mais respeitados do Brasil. Em recente manifestação, ele condenou o paternalismo e apontou o lucro como a principal fonte do progresso. Disse ele: “Desperdícios custam para toda a sociedade, enquanto a produção eficiente e sustentável gera riqueza e oportunidades de ascensão coletiva.” Para Alencar, o papel econômico dos governos é desobstruir o caminho para o progresso. No Brasil, segundo ele, as prioridades são remover a ignorância, a falta de saúde e saneamento, a precariedade da infra-estrutura e as políticas antagônicas ao crescimento, como juros altos demais e impostos irracionais. Especialmente quanto à infra-estrutura, temos de agir de forma factível. Tentar, por exemplo, reutilizar os milhares de quilômetros de ferrovias abandonadas e dar força ao transporte fluvial. Quanto à produção de energia, é preciso fixar a idéia de que é importante implantar uma ampla rede de usinas térmicas movidas a combustíveis renováveis, além de construir usinas hidrelétricas. Ainda que pesem os avanços alcançados pelo nosso país nos últimos anos, pois já somos quase a oitava economia do mundo, ocupamos o insignificante 56.º lugar no ranking da competitividade e o número de patentes brasileiras significa 0,2% das patentes do planeta. É preciso, portanto, inovar com sustentabilidade. Já estamos fazendo isso no caso da agroindústria, cujas atividades afetam diretamente o meio ambiente. Todo mundo reconhece o impacto positivo dos biocombustíveis na renovação da nossa matriz energética. Oxigenador da gasolina, o etanol não rompe com a cadeia dos negócios do petróleo, mas é parte da solução para a necessária descarbonização do planeta. Sem dúvida, temos capacidade para fazer muito mais, sem reduzir nosso potencial de produção de alimentos para consumo interno e exportação. Está na hora de fazermos da preservação dos recursos naturais a chave mestra do nosso modelo de desenvolvimento. Sabemos que não há obra pública ou atividade econômica sem impacto sobre o meio ambiente, mas é preciso reconhecer que a partir do Código Florestal de 1965 foi montado no País um arcabouço legal que vem servindo como parâmetro ambiental para desenvolvimentistas e conservacionistas. Falta (talvez) um acordo cujos termos podem estar no novo Código Ambiental em discussão no Congresso. A mudança na legislação pode ser uma primeira resposta à comunidade internacional, que cobra do Brasil a manutenção de algo que os países do hemisfério norte já não têm mais: o verde. O segundo passo seria bloquear efetivamente o desmatamento da Amazônia e o corte da vegetação nativa que cobre mais de 50% do território nacional. Se reduzirmos as queimadas, não só riscaremos o nome do Brasil da lista dos maiores emissores de gases do efeito estufa, mas estaremos fazendo da sustentabilidade um grande negócio para o País. Maurílio Biagi Filho, empresário, é membro do conselho de estratégia da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústria de Base (ABDIB) e do conselho da União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica). (Fonte: O Estado de S. Paulo)

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