O relatório da oitava edição do Índice Global de Inovação analisou neste ano o cenário de 141 nações, considerando indicadores relacionados a inovação, política e economia, entre outros dados importantes para o desenvolvimento de novas tecnologias e serviços. O Brasil teve um desempenho mediano, ficando no 70º lugar. “Devemos nos preocupar com isso de maneira mais enérgica”, destacou a médica e diretora de Tecnologia da Fundação de Amparo À pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Eliete Bouskela. O documento foi compilado a partir de estudo realizado pela Universidade Cornell, nos Estados Unidos, pela Escola de Pós-Graduação em Negócios da França e pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (Wipo), e evidencia a necessidade de o Brasil atacar alguns gargalos para melhorar seu desempenho em inovação. “Somos um povo jovem e imediatista, talvez pela falta de segurança que nos cerca ao longo de nossa história, marcada por muitas crises. E inovar passa por ter um ambiente de segurança”, refletiu ela, que também é membro titular da Academia Brasileira de Ciências. As afirmações de Eliete Bouskela foram feitas durante uma mesa-redonda realizada na Embrapa Agrobiologia, no Rio de Janeiro, na última semana. Também participaram do debate o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Fernando Alves Rochinha, e o diretor de Inovação da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Bruno Souza Gomes, que citou o imediatismo como um entrave ao processo inovador. “A inovação não é algo de curto prazo. Carece de uma política de médio e longo prazos e de um desenvolvimento tecnológico e industrial que permita uma relação de confiança entre centros tecnológicos, governos e indústria”, afirmou Gomes. Além disso, ele ressaltou que ainda há no Brasil muita confusão em relação ao conceito de inovação. Pesquisa feita pela Firjan com 236 empresas fluminenses apontou que mais de 60% delas se consideram inovadoras, mas apenas 26,2% finalizaram projetos de inovação. “A compra de máquinas e equipamentos foi o item mais citado para a inovação. E isso não é bem uma inovação”, expôs. Para Rochinha, que também é diretor de Tecnologia e Inovação do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da UFRJ, falar de inovação no Brasil implica em inúmeros desafios, como o aparato burocrático e a formação de recursos humanos do País. “Devemos quebrar barreiras consolidadas e apostar na formação diversificada. O aluno tem que ter uma formação sólida, mas precisa ter a mente aberta para a diversidade”, defendeu o diretor ao destacar como desafios a falta de investimento em pesquisa e de especialização do corpo técnico das empresas, a lacuna existente na formação de recursos humanos com base na diversidade conceitual e a necessidade de estabilidade econômica. O modelo de ensino e formação de profissionais também foi criticado pela diretora de Tecnologia da Faperj. “Se a gente quiser resolver nosso gargalo tecnológico, a gente vai ter que atacar, em um momento ou outro, a educação básica”, afirmou. “Precisamos tratar diferente os diferentes e não tratar todos iguais, pois as oportunidades são diferentes para uns e para outros”, acrescentou. A mesa-redonda Ciência e Inovação integrou a programação da I Feira de Inovação, Ciência e Tecnologias, dentro da Semana Científica Johanna Döbereiner. (Agência Gestão CT&I, com informações da Embrapa Agroecologia)

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