11/12/2017
Bactérias que atacam o aço são ameaça constante, especialmente em setores como a indústria de óleo e gás. O dentista Fabiano Heggendorn, no entanto, propôs, em seu mestrado em Patologia Oral pela Universidade Federal Fluminense (UFF), um uso positivo para a propriedade corrosiva dessas bactérias: auxiliar a remover fragmentos metálicos que ficam presos ao canal do dente, especialmente pela quebra de instrumentos endodônticos. Ele encontrou a competência técnica para o desenvolvimento da solução no Laboratório de Biocorrosão e Biodegradação (Labio) do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), onde passou a pesquisar como bolsista de mestrado, doutorado e por fim como bolsista INT/PCI/CNPq, tendo a pesquisadora Márcia Lutterbach como coorientadora de seus trabalhos desde 2009.
A investigação científica culminou com o isolamento de uma bactéria redutora de sulfato – presente na própria saliva – capaz de reduzir a massa metálica do aço sem efeitos nocivos ao organismo, conforme comprovado em ensaios biológicos e citotoxicológicos. O depósito da patente do processo foi feito ainda em 2011 e a carta de patente expedida no último dia 21 de novembro.
A proteção do invento tem como titulares a equipe multidisciplinar reunida para viabilizar o processo, que além de Fabiano Heggendorn e da bióloga Márcia Lutterbach, envolveu a orientadora de mestrado e doutorado de Fabiano na UFF, a médica patologista Eliane Pedra Dias, e o dentista Lucio de Souza Gonçalves, professor da Universidade Estácio.
Os ensaios biológicos e a tecnologia de encapsulamento das bactérias, por sua vez, envolveram parceria com a professora Viviane Lione, da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A tecnologia patenteada, que recebeu o prêmio Santander de Inovação Tecnológica ainda em 2013, está sendo agora negociada na expectativa de consolidar o processo de inovação e chegar ao mercado. Para tanto são necessários ainda testes em animais e em seres humanos, que requerem investimentos de empresas.
Outra aplicação possível do processo, que tem estudos complementares envolvidos nessa vertente, é o uso da bactéria para facilitar a extração de projéteis incrustados em ossos e regiões de difícil acesso do corpo de pessoas baleadas.