Segundo a avaliação do vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, o ano de 2008 começou com euforia e terminou com decepção, embora o saldo da balança comercial, de US$ 24,735 bilhões, tenha superado em 6,8% as previsões feitas pela AEB em julho do ano passado. A preocupação maior da entidade, no entanto, é prever o comportamento do comércio exterior em 2009 e, dadas as incertezas, ao contrário dos anos anteriores, ainda não publicou sua estimativa, que só pretende divulgar daqui a alguns dias. De fato, os resultados dos dois últimos meses de 2007 foram totalmente diferentes dos meses anteriores, não deixando dúvida de que o comércio exterior deverá ser muito afetado pela crise internacional. Daí ser necessária uma análise cuidadosa para verificar se essa mudança não poderia oferecer oportunidade para uma nova fase do desenvolvimento da indústria nacional. A média por dia útil das exportações, em 2008, foi de US$ 782,4 milhões, 21,8% maior do que a de 2007, ao passo que as importações apresentaram média de US$ 482,5 milhões, 41,9% superior à de 2007. O Brasil melhorou sua posição como exportador, mas aumentou mais as importações, tanto de componentes como de bens de capital. A importação de componentes não só reduziu os preços de produtos industriais, como propiciou alguns ganhos na exportação (por exemplo, de aviões e automóveis). Já a importação de bens de capital tem permitido um aumento da capacidade de produção da indústria e a melhora da sua produtividade. No quarto trimestre do ano, a média diária das exportações caiu 5,9% em relação à média anual e a das importações caiu 4,2%, um efeito claro da crise internacional, com a demanda externa por produtos brasileiros se reduzindo, tanto em volume como em preços. Ao mesmo tempo, o recuo da produção doméstica reduzia a demanda de bens importados, em particular os bens de capital, tendência que deverá se agravar, dado o intervalo entre as encomendas e a entrega. A queda, em dezembro, da demanda de Adiantamentos de Contratos de Câmbio (ACCs), que são emitidos 90 dias em média antes da saída da mercadoria do País, mostra que a redução das vendas ao Exterior está se acentuando. Torna-se, assim, muito difícil a previsão para o ano. Depende da evolução da taxa cambial, do tipo de demanda no exterior, da capacidade da indústria nacional em substituir bens importados (caso o crescimento do desemprego no País não comprometa a demanda) e da evolução dos preços internos e externos. A evolução da taxa cambial preside as incertezas. Nos últimos meses houve forte desvalorização do real e, mais ainda, muita volatilidade no mercado de câmbio. A desvalorização do real permite oferecer preços mais baixos aos compradores de produtos brasileiros, mas encarece os itens importados. Mas a volatilidade do câmbio impede que se tire proveito dessa situação pois os exportadores não querem assumir o risco de uma nova valorização da moeda e os importadores agem pela razão inversa. É também difícil estimar a duração da crise que afeta a demanda mundial de bens, especialmente de produtos básicos, que no ano passado representaram 36,9% de nossas exportações. Nos países alcançados pela crise pode-se prever um surto de protecionismo. Nessa nova situação do comércio exterior, talvez a indústria nacional tenha a ganhar. Ela se reequipou e deve tirar pleno proveito dos equipamentos novos. Mas o País precisa entrar numa fase de inovação de produtos, para que possa impor seus bens ao mercado externo. Não há dúvida de que haverá guerra de preços no comércio mundial. O Brasil, na medida em que sofra menos com a crise do que outros países, leva a vantagem de contar com uma demanda interna de massa que pode viabilizar menores custos de produção. Será preciso, num primeiro tempo, diminuir as margens de benefícios para conquistar novos mercados. Desde, é claro, que o governo apoie o esforço com a redução da carga tributária. (Fonte: O Estado de S.Paulo Opinião) http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090103/not_imp301888,0.php

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