O Centro de História da Física do American Institute of Physics divulgou em 2008 os resultados do estudo History of Physicists in Industry: Final Report. A notícia foi publicada na edição de julho da revista do instituto, a Physics Today. Os autores Joe Anderson e Orville Butler, ambos associados ao centro, trabalharam durante cinco anos na pesquisa para produzir, de acordo com eles, “a primeira avaliação sistemática do trabalho que físicos fazem nas corporações, como a organização e o financiamento da pesquisa e o desenvolvimento industrial tem se modificado ao longo das décadas recentes, e a extensão na qual os registros dos físicos na indústria têm sido preservados para atuais e futuros pesquisadores”. O estudo cobre os últimos 40 anos, durante os quais a forma de organização da pesquisa na indústria nos EUA e no mundo está se modificando. Os pesquisadores entrevistaram 130 pessoas de 15 empresas. Os entrevistados são gerentes de P&D, experientes cientistas de bancada ou ainda bibliotecários e funcionários ligados aos arquivos. Em geral, são físicos, com carreira na pesquisa industrial, que se doutoraram a partir de 1978. De acordo com os autores da pesquisa, todas as 15 empresas estão entre as 27 maiores empregadoras de físicos nos EUA entre 1996 e 2000, sendo quatro delas as maiores: Raytheon, Lockheed, IBM e Bell Labs. Outras empresas participantes foram GE, Texas Instruments, HP, Kodak, General Atomics e 3M. Quatro mudanças principais A mais evidente das modificações apontada pela pesquisa industrial é o desaparecimento de grandes laboratórios centralizados, como os criados nos primeiras décadas do século XX pela Kodak e pela AT&T, por exemplo. Nas palavras da resenha escrita pelos autores na Physics Today, “o laboratório centralizado tradicional de P&D é uma espécie ameaçada”. A ameaça data dos anos 80 e resulta, segundo as descobertas do estudo, de alterações radicais no financiamento e na estrutura da pesquisa indústria. Butler e Anderson citam outras três mudanças principais: a falta de consenso sobre a forma de condução das atividades de P&D as empresas não sabem como equilibrar a pesquisa de mais longo prazo e o desenvolvimento de prazo curto , ou “tentam equilibrar a necessidade de um fluxo de tecnologias inovadoras com a de registrar lucros”; o fato de muitas empresas se apoiarem em fontes externas para fazer pesquisa como start-ups de tecnologia; e, finalmente, a preocupação mais central dos historiadores: o desaparecimento dos cadernos de laboratório, em que os cientistas anotam o andamento de experimentos. “Não existem padrões para a preservação de registros do P&D industrial”, alarmam-se. Como consequência, os registros “estão se perdendo”. O papel do financiamento governamental Uma opinião recorrente, observam os autores, é de que os Estados Unidos se beneficiariam de mais investimento do governo em pesquisa e desenvolvimento, como vem acontecendo em outros países. Não é o que sugere o estudo que fizeram, contrapõem eles. Entrevistados da maior parte das empresas consideram que o dinheiro do governo vem com restrições contábeis e de propriedade intelectual. Por isso, limitam sua utilização. Como exemplo, a GE e a 3M não captam mais que 15% de seu financiamento total em dinheiro do governo. Mas, quando se trata de pesquisa mais exploratória, aí os recursos públicos podem interessar, especialmente nos casos de compras e encomendas. O estudo cita o caso da Corning, que vai na contramão da tendência: com a empresa enfrentando dificuldades na época da visita, a gerência de P&D declarou-se interessada em obter fundos governamentais, mesmo que isso significasse desviar um pouco suas linhas de pesquisa. Outro caso citado foi o da Ford Motor Company, cujos contratos com o governo são tipicamente de longo prazo. Todas as empresas do setor de defesa e aeronáutico ouvidas no estudo ? Honeywell, General Atomics, Lockheed, Raytheon ? mantêm laços com o governo por meio de laboratórios especialmente organizados para a captação dos recursos públicos e para assegurar financiamento para pesquisas de maior risco. (Fonte: Inovação Unicamp)

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