A indústria química brasileira poderá elevar seus investimentos para US$ 167 bilhões até 2020, aproveitando as oportunidades geradas com o crescimento da economia, com a expansão da indústria renovável, a reversão do déficit da balança comercial e a exploração do pré-sal. Além desses US$ 167 bilhões, o setor pode comprometer US$ 32 bilhões para as atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P, D&I), segundo estudo feito pelo economista e professor do Departamento de Engenharia da Produção da Escola Politécnica da USP, João Furtado, para a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). O estudo gerou um documento, o “Pacto Nacional da Indústria Química”, apresentado pela entidade ao presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, em 18 de junho. Em 2009, a indústria química faturou US$ 103,3 bilhões no Brasil, a nona posição no ranking mundial do setor. Em 2008, o setor gerou 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Se for considerado apenas o PIB industrial, a indústria química, com 10,3%, detém a terceira maior participação setorial, diz o documento. O Pacto apresentado a Coutinho tem 37 páginas e traz propostas para superar as barreiras que impedem a ampliação dos investimentos do setor. O documento identifica os obstáculos, quantifica os investimentos necessários e traz uma agenda de compromisso da indústria química para seu crescimento e de propostas de política pública que permitam atingir os números potenciais de investimento identificados por Furtado. O documento prevê a aplicação de US$ 32 bilhões em P, D&I. “Desenvolver tecnologias, inovando em produtos e soluções avançadas para atender a demanda de outros setores e atividades” é um dos compromissos assumidos pelas empresas associadas à Abiquim por meio do “Pacto Nacional da Indústria Química”. Sobre P, D&I Os US$ 32 bilhões em pesquisa, desenvolvimento e inovação corresponderiam a 1,5% do faturamento líquido do setor previsto para 2010-2020. São duas vertentes para trazer mais competitividade e crescimento para as empresas: o desenvolvimento de uma indústria de base renovável e o aproveitamento do potencial petroquímico do pré-sal. O documento estima que, em 2020, a chamada química verde participará de, pelo menos, 10% do conjunto da oferta de produtos petroquímicos. A indústria química poderia investir US$ 20,3 bilhões nos setores agrícola, elétrico e nas centrais químicas, ou seja, na extração de sacarose, produção de nafta “verde”, produção adicional de químicos básicos “verdes” e produção adicional de químicos de segunda geração, dos quais as resinas termoplásticas são exemplo. O outro componente dos investimentos projetados é o aproveitamento do potencial do pré-sal. O setor poderia agregar valor às matérias-primas extraídas da exploração do petróleo e gás do pré-sal. Nesse quesito, o Pacto estima investimentos de US$ 15,1 bilhões nesta década para esse aproveitamento. Parte desses recursos pode ser aplicada em produção adicional de petroquímicos básicos e de segunda geração. Mas o salto de produção sugerido nesses campos demanda os US$ 32 bilhões de investimento em P&D nos próximos dez anos. “Baseado na experiência acumulada pela indústria é possível antecipar que parte desse investimento será realizada em cooperação com instituições educacionais e de ciência e tecnologia, gerando um conjunto de conhecimentos e estruturas com potencial para contribuir em projetos que vão além aos aqui discutidos”, destaca o texto. Sugestões para P, D&I Como sugestões para o apoio à inovação e desenvolvimento tecnológico, a Abiquim destaca a necessidade de dar apoio ao desenvolvimento de tecnologias avançadas, que alavanquem as vocações brasileiras, à pesquisa aplicada e à P&D pré-competitiva; ressalta ainda a necessidade de foco no desenvolvimento da “química verde”, no fortalecimento da engenharia nacional e na formação em ciência e tecnologia. O documento lembra que as grandes empresas do setor químico e petroquímico são dotadas de fortes estruturas de P&D e contam com o apoio de instrumentos oferecidos pelos governos federal e estaduais, como a Lei de Inovação, os incentivos fiscais, a subvenção econômica, os financiamentos reembolsáveis da Finep e do BNDES e os recursos das fundações de amparo à pesquisa estaduais. O documento destaca a importância do setor químico para o desenvolvimento da agropecuária nacional, que deixou de usar pacotes importados para utilizar soluções desenvolvidas no Brasil. “As principais empresas do setor químico são dotadas de competências tecnológicas robustas e vigorosas. Entretanto, existem centenas de empresas que ainda precisam desenvolver esses atributos, essenciais para que se atendam às demandas provenientes de diversos segmentos associados, como calçados, móveis, plásticos e vestuário, que claramente dependem das soluções inovadoras que a química pode oferecer”, destaca o texto. Projeção de consumo de produtos químicos O consumo doméstico de produtos químicos, que é a soma da produção local (US$ 122 bilhões) com as importações (US$ 35 bilhões), menos o valor das exportações (US$ 12 bilhões), alcançou US$ 145 bilhões em 2008. O estudo estabeleceu alguns cenários de crescimento de PIB e de mercado e, para a projeção que indica um crescimento de 4% ao ano do PIB, calculou que o consumo doméstico adicional de produtos químicos seja de US$ 115 bilhões. “Analisando-se essas informações, há indicações de grandes oportunidades de investimento no setor químico associadas ao aumento do consumo doméstico e também à expansão das exportações”. Gargalos para o setor e outras propostas para o Governo O documento identifica problemas comuns a todos os setores industriais e que impactam a competitividade das empresas químicas. O País precisa assegurar condições adequadas à produção no que se refere à infraestrutura, preços de energia, tributação, juros e câmbio, diz o estudo. “A voz da indústria química, nesse caso, soma-se à de outros setores para afirmar a necessidade de encaminhar soluções robustas para cada um desses temas, de modo a solucionar aspectos problemáticos e impeditivos do crescimento, criando condições concorrenciais adequadas”, consta no Pacto. Em relação ao comércio exterior, a Abiquim propõe que o País desenvolva agilidade na defesa do mercado interno contra subsídios, dumping e concorrência desleal, estimule a produção local e incentive as exportações para geração de superávit comercial, dê atenção ao câmbio e alinhe as políticas de comércio exterior com as de inovação. Para fortalecimento da cadeia de valor do setor químico, a associação sugere, por meio do documento, que o BNDES apóie a modernização do parque produtivo, oferecendo crédito para capital de giro, elimine as diferenças fiscais entre os produtos importados e entre os estados, desonere e dê isonomia tributária à cadeia de valor. (Fonte: Inovação Unicamp)

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