No dia 18/02, o auditório do Parque Tecnológico da UFRJ sediou uma discussão sobre as Oportunidades Tecnológicas da Petrobras, coordenada pelo gerente de Relacionamento com a Comunidade de C&T do CENPES, Eduardo Santos. O objetivo do debate foi o alinhamento dos temas já levantados pelas empresas residentes no Parque e pela UFRJ com o plano de investimentos em P&D da Petrobras no triênio 2016-2018, para eventual alavancagem de projetos conjuntos. A tônica da apresentação de Eduardo Santos foi como agregar mais valor aos produtos da Petrobras com menos recursos. Mas esta não pareceu ser uma tarefa das mais fáceis. Quando indagado, por exemplo, sobre a atual política de propriedade intelectual da Petrobras, Eduardo Santos criticou o excesso de burocracia que ainda envolve os processos de patenteamento e de transferência de tecnologia da companhia. As patentes ainda são vistas como meros ativos da companhia, o que é muito ruim, pois isso inviabiliza uma série de coisas. Dependemos da autorização do presidente da Petrobras até para proceder ao licenciamento de tecnologias banais. Por conta disso, muitas vezes, pequenas empresas geradas ao longo de processos de P&D não podem usufruir das próprias tecnologias que ajudaram a desenvolver. Elas acabam não tendo outra solução senão serem vendidas para as grandes empresas. O país ganha mais um milionário e perde vários novos atores. É uma política anacrônica. O ambiente institucional ao qual estamos submetidos é praticamente esquizofrênico por conta de tanta burocracia. Por outro lado, a consequência direta de operações como a Lava Jato é justamente o criticado recrudescimento dos processos de controle. Num período especialmente crítico por conta de fatores conjunturais como a crise política que acomete o país e que se soma ao desgaste midiático pelo qual passa a Petrobras, a palavra de ordem na companhia é fazer mais com menos, especialmente no momento atual de baixo preço do barril de petróleo (cerca de U$30). Ainda que o preço do petróleo se mantenha baixo, é necessário encontrar um modo de tornar a exploração do petróleo, especialmente no Rio de Janeiro, mais competitiva, comentou Eduardo. O caminho, segundo ele, é focar nas prioridades de investimento da Petrobras nos próximos anos e desenvolver um conjunto de ações que seja sinérgico com os interesses da companhia, das universidades e empresas. A seguir, são enumeradas as prioridades tecnológicas e de investimento da Petrobras para os próximos anos, divididas por áreas: Exploração e produção – Exploração de novas fronteiras: tecnologias para a caracterização de sistemas petrolíferos, visando à descoberta de novas acumulações de hidrocarbonetos; – Redução de custo total de construção, manutenção e abandono de poços: tecnologias que permitam a redução do custo de poços ao longo do ciclo de vida; – Produção no pré-sal: tecnologias para caracterização dos reservatórios carbonáticos, visando acelerar o desenvolvimento e a produção e incrementar a rentabilidade do pré-sal; – Aumento da rentabilidade de campos maduros: tecnologia para a construção e manutenção dos poços e das instalações de produção, visando ao aumento da recuperação e à redução do declínio de campos produtores; – Sistemas submarinos de produção: tecnologias para redução de custos para o descomissionamento e para otimização de arranjos submarinos; – Logística offshore: tecnologias de instalações, planejamento, controle e operação buscando o aumento de eficiência e integração das operações de logística do pré-sal. Refino, transporte, comercialização e petroquímica – Refino de óleos do pré-sal: tecnologias para aumentar a flexibilidade para o processamento do petróleo do pré-sal e suas misturas; – Maximização da produção de derivados médios e gasolina: tecnologias para elevar a produção de diesel, querosene e gasolina; – Otimização, adequação e integração da logística e transporte: tecnologias, métodos e ferramentas que permitam a adequação da malha logística e otimização com confiabilidade das operações; – Produtos inovadores: tecnologias para a produção e formulação de produtos visando à agregação de valor ou à promoção da imagem inovadora da Petrobras; – Valorização de ativos e correntes em petroquímica: tecnologias que valorizem os ativos petroquímicos do sistema Petrobras e que agreguem valor ás correntes de processos. Gás e energia – Monetização de novos potenciais de gás natural em reservatórios convencionais e não convencionais terrestres nas bacias sedimentares interiores do Brasil: tecnologias para agregação de valor ao GN visando atendimento ao mercado termoelétrico e de fertilizantes; – Integração e flexibilidade na oferta e demanda de energia e GN; – Logística de gás natural: tecnologias para movimentação e armazenamento de GN e para a redução de custos; – Agregação de valor ao GN por meio da química do C1: tecnologias para obtenção de novos produtos nas plantas de fertilizantes e a partir da química do metano, para redução do custo e aumento da eficiência energética; – Processamento de gás natural: tecnologias para otimização de estoques, redução de custos, aumento do valor agregado dos produtos e da confiabilidade das UPGNs; – Integração energética e confiabilidade: tecnologias para redução de custos e aumento da eficiência energética. Transversais e de sustentabilidade – Construção e montagem: tecnologias de produto, construção e montagem naval e industrial para o aumento da produtividade, redução de custo e do tempo de implantação; – Otimização de processos produtivos e uso eficiente de energia: tecnologias de automação, controle, simulação, otimização de processos e de equipamentos visando ao aumento da eficiência energética; – Integridade, segurança e confiabilidade: tecnologias de inspeção, de diagnóstico, de soldagem, de monitoração e para disponibilização de novos materiais, equipamentos e para o aprimoramento da segurança operacional e de processo; – Caracterização ambiental e avaliação de impactos socioambientais: tecnologias para caracterização, prevenção e mitigação de impactos à biodiversidade, com ênfase em ambientes sensíveis e bioinovação; – Recuperação de áreas contaminadas e degradadas e suporte à emergência: modelos, ferramentas e tecnologias para otimizar os processos de remediação e para recuperação de áreas contaminadas e degradadas; – CO2 e outras emissões atmosféricas e mudanças climáticas: tecnologias de monitoramento, mitigação de gases de efeito estufa. Captura, transporte, utilização e armazenamento de CO2; – Água, efluentes e resíduos: tecnologias para tratamento, controle, redução do consumo e reuso de água, gerenciamento de recursos hídricos e tratamento de efluentes. Visão de futuro horizonte 2030 – Simulação integrada de processos geológicos: tecnologias para simulação de processos geológicos visando à redução do risco exploratório; – Sistemas de produção marítimos: integração das UEPs com sistemas submarinos de processamento, geração e transmissão elétrica para sistemas submarinos e redução de custos para o descomissionamento em sistemas de águas profundas e ultraprofundas; – Mobilidade e smart grid: tecnologias para inserção da Petrobras nos modelos de negócio em ambiente de smart-grid; – Novos materiais: tecnologias para desenvolvimento, caracterização e aplicação de materiais adequados a condições operacionais extremas visando ao aumento da confiabilidade em toda a cadeia produtiva; – Energias renováveis: tecnologias que permitam geração de energia competitiva e com integração entre combustíveis fósseis e fontes renováveis; – Prospecção de hidratos de gás: tecnologias para produção de gás a partir de hidratos submarinos; – Produção de bioprodutos: tecnologias para a produção de bioprodutos a partir da transformação química e biológica da biomassa.
(Agência UFRJ de Inovação)