O crescimento da produção científica da Índia foi tema recentemente de um especial publicado na renomada revista científica Science. Para especialistas, o florescimento da ciência na Índia – que na última década elevou a quantidade de publicações em periódicos internacionais de 2,2% para 3,4% – pode inspirar o Brasil, que também segue uma trajetória de expansão em suas pesquisas e já foi alvo de atenção da mesma publicação científica. Parte do sucesso indiano vem dos investimentos em inovação e da participação da iniciativa privada. Em entrevista à Science, o primeiro-ministro Manmohan Singh explica que a meta é direcionar pelo menos 2% do PIB (soma das riquezas do país) para o setor. “Precisamos gastar muito mais com as áreas de desenvolvimento ativamente ligadas à evolução da ciência, da tecnologia e da inovação”, afirma. O que destinamos do PIB para pesquisa e desenvolvimento em ciência e tecnologia é praticamente a mesma porcentagem que os outros países em desenvolvimento. Mas é no setor privado que nosso país tem muito mais a fazer, completa. Durante muito tempo, as pesquisas indianas estiveram ligadas principalmente a foguetes e artefatos atômicos. Pesquisadores de outras áreas tinham apenas duas opções: penar para conseguir minguados recursos ou sair do país em busca de melhores condições de trabalho. A maioria preferia o segundo caminho e, assim como o Brasil, a Índia funcionava como celeiro de bons pesquisadores aproveitados por outras nações. Hoje, o país experimenta um movimento inverso. Doutores e pós-doutores retornam para casa, onde sobram recursos para a área tecnológica. A farmacologia e o desenvolvimento de novas drogas, que representavam 4% da produção científica indiana em 1999, passaram para 7% em 2009. Química pulou de 3% para 5%. Em 10 anos, o desenvolvimento de novos materiais, que representavam pouco mais de 2% dos artigos publicados no país, pulou para mais de 4%, segundo a Science. A evolução também é qualitativa. De acordo com a base de dados Thomson Reuters Web of Knowledge, o impacto das pesquisas indianas pulou de 40% para 60% da média mundial. A Índia também vem diversificando as áreas de excelência. Por muito tempo, se preocuparam quase exclusivamente com foguetes. Outro obstáculo que a Índia teve de vencer foi mudar a sua reputação no exterior. Em 1974, quando o país fez seu primeiro teste nuclear, uma série de nações passou a impor sanções ao país e impedir a compra de uma série de seus produtos tecnológicos. Muitos pesquisadores que nada tinham a ver com a questão nuclear viam suas pesquisas paradas por falta de insumos que precisavam ser importados. Um acordo com os Estados Unidos em 2007 apaziguou a comunidade internacional sobre a expansão do armamento nuclear indiano. Lytton Leite Guimarães, pesquisador do Núcleo de Estudos Asiáticos da Universidade de Brasília (UnB), afirma que a corrupção ainda é um problema para todos os Brics [grupo que reúne Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul]. E a burocracia também atrapalha o desenvolvimento de grandes projetos, analisa. Além disso, Guimarães vê problemas específicos de cada país que prejudicam a produção do conhecimento e o tratamento dado à ciência. O governo indiano ainda investe muito pouco em infraestrutura. As grandes ferrovias do país, por exemplo, são herança do tempo em que a Inglaterra dominou o país, comenta o pesquisador. (Com informações do Correio Braziliense)

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