A comunidade científica de São Paulo está organizando a Rede Paulista de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia. Ela deve reunir inicialmente seis instituições que integraram o Projeto Inova São Paulo, iniciativa que buscou estudar e propor processos, metodologias e estratégias para avaliação e comercialização de tecnologias nascidas nas instituições científicas e tecnológicas paulistas e promover maior interação das organizações com as empresas privadas para comercialização dessas tecnologias. O Projeto Inova São Paulo, de dois anos de duração, buscou desenvolver uma metodologia de proteção e comercialização para os núcleos de inovação tecnológica (NITs) das instituições participantes: Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Dessas instituições, apenas a USP não está integrando a Rede Paulista nessa fase inicial. Segundo o coordenador do Projeto Inova São Paulo, Roberto Lotufo, que também é diretor da Inova Unicamp, 140 tecnologias com potencial de mercado, desenvolvidas nas instituições participantes, foram completamente avaliadas, 70 delas estão no site do projeto e sete foram transferidas para o setor privado por meio de acordos de comercialização. Com a Rede Paulista, as instituições pretendem dar continuidade a esse projeto. No evento de lançamento da Rede, em São Paulo, dia 29 de novembro, foi discutido o fortalecimento do sistema de inovação e de propriedade intelectual no Estado. Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), afirmou que em todos os países com economias saudáveis as patentes são registradas, majoritariamente, por empresas. A universidade se preocupa em usar as oportunidades que tiver para criar propriedade intelectual relevante, mas para o Brasil e a economia provavelmente é mais importante tratar da questão da propriedade intelectual nas empresas do que na academia, destacou. Jorge Ávila, presidente do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), disse que as universidades e institutos de pesquisa têm o papel fundamental de criar condições para as empresas darem um salto em patentes. A pesquisa básica abre novos campos de conhecimento aplicado e de negócios, é base para várias patentes incrementais, comentou. Aurílio Sérgio Costa Caiado, diretor técnico de Políticas Sociais da Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap) e ex coordenador de Ciência e Tecnologia da Secretaria Estadual do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia de São Paulo, considera que falta objetividade na agenda pública. Tivemos a criação dos NITs e nenhum plano de articulação entre eles foi elaborado. Seria importante ter algo que defenda a propriedade intelectual de todas as instituições, algo como uma Agência de Inovação paulista, sugeriu. O Estado não precisa de mais do que 10 parques tecnológicos. Há risco de pulverização de recursos, de ser uma política que se perde por falta de perspectiva, acrescentou. Para Naldo Medeiros Dantas, secretário executivo da Anpei, as questões envolvendo propriedade intelectual e transferência de tecnologia pressupõem que empresas e academia estejam em um mesmo pacote. Estamos falando de um ambiente colaborativo, completou. Ele explicou que a Anpei tem dedicado especial atenção à questão do adensamento das cadeias produtivas e, nesse aspecto, seria importante pensar em como conectar as incubadoras e parques tecnológicos com os demais atores do sistema de inovação. Outra preocupação da entidade está em aumentar a interface entre academia e empresas. Nesse assunto, dois quesitos estão na pauta da Anpei: a criação de NITs privados, que seriam empresas das universidades, com o objetivo de criar uma relação entre entes privados, ou dar maior autonomia aos NITs para que as parcerias sejam mais ágeis; e a presença de um conselho nos NITs que tenha representantes de empresas, como forma de levar para as instituições informações de mercado que as ajudem em suas ações de geração e transferência de tecnologia.

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