O momento parece propício para as startups no Brasil. É o que sugere o primeiro dia da 14º Conferência Anpei de Inovação Tecnológica, realizada no Expocenternorte, em São Paulo. O evento, que tem entre os patrocinadores a Fapesp e o Sebrae, terá duração de dois dias a partir de hoje (28.04). Auxiliadas pelas incubadoras e pelas aceleradoras (que surgiram recentemente e se diferenciam das incubadoras porque contam basicamente com aporte privado de investimento) as chamadas startups já movimentam quase R$ 2 bilhões no Brasil, segundo a Associação Brasileira de startups. São empresas da área de tecnologia, inovadoras e que assumem riscos, em geral, comandadas por jovens empreendedores com pouco dinheiro, que recebem aporte de programas como o PIPE (Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas) da Fapesp, por exemplo. No Brasil, existem mais de 10 mil empresas com esse perfil. Um exemplo de case de sucesso é a Bug Agentes Biológicos, com sede em Piracicaba (SP). A Bug tem como principal produto vespas que parasitam ovos das pragas mais comuns das grandes culturas, como soja e cana-de-açúcar. Quando surgimos, nossos concorrentes, as grandes empresas de pesticidas, não queriam que a gente existisse, nossos clientes não confiavam em nosso produto e o consumidor final de alimentos ignorava o que fazíamos, resume Alexandre de Sene Pinto, um dos sócios fundadores da BUG. Tivemos de criar uma editora para disseminar conhecimento sobre nosso produto. Segundo ele, a coisa começou a mudar há alguns anos, por conta de diversos fatores. Primeiro, as grandes empresas de pesticidas não conseguem mais fazer produtos novos. Segundo, a sociedade começou a pressionar por alimentos mais saudáveis, e terceiro, a imprensa encampou essa causa, resume De Sene. Atualmente, dos 10 milhões de hectares em que se aplica o controle biológico no Brasil, em cerca de um milhão são utilizados os insetos da BUG. O sucesso da empresa é tanto que ela foi chamada a participar do Fórum Mundial de Economia, para presidir uma comissão sobre substituição de inseticidas no mundo. Estamos atuando junto com os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente para tentar modificações na lei brasileira, que considera nosso produto um inseticida, diz ele. A BUG é um exemplo de empresa cujo negócio é altamente impactante para o País. Característica que, segundo Juliano Seabra, da Endeavor, é crucial para que o incentivo às startups faça sentido. Inovação que não impacta a sociedade não é inovação, afirma Seabra. É preciso fazer com que as startups saiam do lugar, cresçam, gerem empregos e resolvam os problemas de sociedade, resume. Para Igor Santiago, da I.Systems, outra startup de sucesso iniciada por meio de incentivo do PIPE da Fapesp, é importante tomar a dianteira no processo de criação da cultura do empreendedorismo, um gargalo apontado por diversos players do mercado das startups. Em Campinas, criamos uma iniciativa para promover a confiança entre as startups. É importante que tenhamos responsabilidades nessa área. E também é crucial que os empresários inovadores compartilhem seus erros, para que os outros possam aprender com eles. São Paulo é atualmente o maior polo de empreendedorismo de inovação do país. É natural, porque o Estado forma metade dos doutores do Brasil. O município de São Carlos, por exemplo, tem o maior número de PHDs per capita no País. Sabemos que a formação de qualidade é um determinante nessa questão, analisa Sérgio Queiroz, da Fapesp.

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