Nos últimos 40 anos, a brasileira Suzano Papel e Celulose praticamente dobrou sua produtividade. Graças a técnicas básicas de melhoramento da cultura do eucalipto, a empresa passou de 23 metros cúbicos de celulose produzidos por hectare para 45 metros cúbicos uma das taxas mais altas do mundo. Mas, recentemente, esse número começou a cair o que seria uma forte ameaça à segunda maior produtora mundial de celulose de eucalipto, com valor de mercado estimado em R$ 7 bilhões. Para evitar que a produtividade caia, a melhor solução seria investir no melhoramento genético dos 803 mil hectares de eucalipto das áreas florestais da empresa. É aí que entra a FuturaGene, adquirida pela Suzano há dois anos. “Hoje, quando uma indústria de papel e celulose precisa investir em desenvolvimento genético, ela recorre às seis maiores dessa área: Basf, Monsanto, Syngenta, Bayer, Dow Química e DuPont”, explica o israelense Stanley Hirsch, presidente da FuturaGene e doutor em biologia celular e imunologia de plantas pela Universidade de Oxford. Mas essa busca, segundo ele, é ingrata. “Dificilmente elas poderão ajudar”, afirma ele. Hirsch explica que, do, US$ 40 bilhões já investidos até hoje em pesquisa de melhoramento genético e desenvolvimento de transgênicos, 95% foi direcionado a duas frentes de combate: o desenvolvimento de plantas tolerantes a herbicidas e de plantas resistentes ao ataque de insetos. Essas são as necessidades de culturas como algodão, milho, soja, canola e trigo mas passam longe do que é preciso para a cultura do eucalipto e espécies florestais. “Para haver mais produtividade, o eucalipto precisa se adaptar a qualquer tipo de solo e crescer mais rápido. As seis grandes indústrias de melhoramento genético não têm pesquisa nessa área”, afirma Hirsch. Hoje, segundo ele, há apenas três empresas no mundo focadas nessa área: a FuturaGene, que foi fundada há 15 anos, a americana Arborgen (controlada pela International Paper e pela neozelandesa Rubicon Limited) e a sueca SweTree. Nesse cenário, diz, a FuturaGene e a Suzano se destacam, uma vez que a SweTree se concentra em pesquisas para tornar as plantas mais tolerantes a baixas temperaturas (o que não é o caso do Brasil) e a Arborgen se fragilizou com uma abertura de capital malsucedida feita em maio. “Desde que fomos adquiridos em 2010 pela Suzano, crescemos, mas não nos tornamos um departamento da empresa. Continuamos a atender clientes em várias partes do mundo, como uma companhia independente”, diz Hirsch, que veio ao Brasil para fechar uma parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Rumo ao cerrado Com a parceria, a FuturaGene vai desenvolver um gene de eucalipto resistente ao alumínio componente que existe no solo, mas que pode afetar o crescimento da árvore. “O eucalipto não se adapta a solos muito secos, onde a concentração de alumínio é maior. Com uma planta tolerante ao alumínio, poderemos, por exemplo, plantar no cerrado e em regiões do Nordeste”, diz Hirsch. Para essa pesquisa, além dos recursos da Embrapa, a FuturaGene tem quatro fazendas-teste da Suzano no Brasil. “São mais de 30 mil plantas usadas em pesquisas”, diz. O número não é um exagero. Para ter sucesso no desenvolvimento de um gene melhorado, uma pesquisa leva de oito a dez anos. “A chance de fracasso é muito grande, e o segredo é saber a hora de desistir de um projeto que não está dando certo e começar a se dedicar a outro mais promissor, para que milhões de dólares não sejam desperdiçados. Por isso, quanto mais testes e mais parcerias, como essa com a Embrapa, mais chances há de termos êxito”, conclui o pesquisador. (Com informações do O Estado de S. Paulo)

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