Pesquisadores do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Araraquara, em parceria com colegas do Departamento de Ciência e Engenharia de Materiais do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Estados Unidos, desenvolveram um material à base de óxido de estanho (SnO) com capacidade de detectar dióxido de nitrogênio (NO2) muito maior do que os sensores químicos já usados para identificar esse tipo de gás altamente tóxico, formado nas reações de combustão dos motores dos veículos.
Desenvolvido por meio de um projeto apoiado no âmbito de um acordo com o MIT, o material deverá resultar em uma patente compartilhada pelas duas instituições e foi descrito em um artigo publicado na edição de setembro da revista Sensors and Actuators B: Chemical.
Enquanto a resistência elétrica dos materiais puros utilizados atualmente para detectar dióxido de nitrogênio aumenta entre 50 e 70 vezes na presença do gás tóxico, a do sensor que desenvolvemos apresenta um aumento de mil vezes. Esse é o sinal que utilizamos para medir a capacidade de detecção de um sensor, disse Marcelo Ornaghi Orlandi, professor do Instituto de Química da Unesp de Araraquara e um dos autores do estudo. O projeto é coordenado por José Arana Varela, professor do IQ-Unesp e diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp), que apoia o estudo.
O novo sensor foi desenvolvido nos laboratórios do Departamento de Físico-Química da Unesp de Araraquara. Por meio da parceria estabelecida pelos pesquisadores brasileiros com os colegas do MIT, Orlandi e o estudante Anderson André Felix que atualmente realiza pós-doutorado com bolsa da Fapesp e também é um dos autores do estudo passaram uma temporada na universidade norte-americana, onde realizaram testes e avaliaram as propriedades sensoras do novo material.
Devido aos resultados excepcionais apresentados pelo novo material, o professor Harry Tuller, do Departamento de Ciência e Engenharia de Materiais do MIT, concluiu que o sensor deveria ser patenteado. Mais do que apenas uma observação científica interessante, tornou-se claro para nós que o material desenvolvido durante esse trabalho colaborativo poderia se tornar um divisor de águas na tecnologia de sensor, disse Tuller.
A patente foi depositada em caráter provisório no Escritório de Marcas e Patentes dos Estados Unidos (USPTO, na sigla em inglês). Em maio de 2014, o pedido de patente no escritório norte-americano deverá ser convertido para definitivo e, após ser concedida nos Estados Unidos, a Agência Unesp de Inovação (Auin) também deverá requerer o depósito no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), no Brasil. Em 2014 deveremos ter os pedidos de patente do material tanto nos Estados Unidos como no Brasil, disse Fabíola Spiandorello, gerente de propriedade intelectual da Auin.
(Com informações da Agência Fapesp)