O último pedido de patente da Unicamp junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) no ano de 2010 representou também a marca de 600 famílias de patentes depositadas pela universidade. O professor Roberto de Alencar Lotufo, diretor-executivo da Agência de Inovação Inova Unicamp, explica que cada tecnologia protegida pode gerar diversas patentes – a nacional e as internacionais – e que a contagem das famílias de patentes inclui todos os processos referentes à mesma tecnologia. Dessa maneira, as 600 famílias representam 730 patentes vigentes no mundo todo. Para Lotufo, a marca é importante, pois vai de encontro com a política de propriedade intelectual (PI) da universidade. A gestão da PI em consonância com a missão da Unicamp aumenta as chances dos resultados de pesquisa da universidade se transformarem em produtos e processos que venham beneficiar nossa qualidade de vida, coloca. A sexcentésima família de patente depositada pela universidade é do Instituto de Biologia (IB), que atualmente tem 31 famílias de patentes depositadas. A professora Shirlei Recco-Pimentel, diretora do IB, considera muito oportuno que a 600ª família de patente da Unicamp seja do instituto, uma vez que nos últimos anos tem havido um aumento expressivo no número de patentes na unidade. O IB está empenhado em realizar pesquisas que gerem também esse tipo de benefício para a sociedade. A patente do grupo liderado pelo professor Marcelo Menossi é um ótimo exemplo da importância dessa atividade no IB”, avalia a professora. Além das patentes da própria unidade, docentes e pesquisadores do IB também tiveram participação em pesquisas que resultaram no depósito de 41 patentes de outras unidades da Unicamp. A patente Método para produção de plantas tolerantes a estresses ambientais, seus usos e vetor de DNA recombinante tem como autores cinco pesquisadores, três da Unicamp e dois da Universidade de São Paulo (USP): Kevin Begcy Padilla, Eduardo D. Mariano e o professor Marcelo Menossi Teixeira são do Laboratório de Genoma Funcional, do Departamento de Genética, Evolução e Bioagentes do IB da Unicamp e Carolina Gimiliani Lembke e a professora Glaucia Mendes Souza são do Laboratório de Transdução de Sinais, do Instituto de Química da USP. A pesquisa foi realizada no âmbito de um projeto de análise de genes associados com tolerância à seca em cana-de-açúcar, financiado pelo CNPq, Finep e Fapesp. No trabalho que levou à patente, os pesquisadores estudaram a atuação do gene Scdr2 da cana-de-açúcar. O gene foi inserido em plantas de tabaco, que foram submetidas a condições de seca. Durante o experimento, os pesquisadores acompanharam as taxas de transpiração, de fotossíntese, e de concentração interna de dióxido de carbono (C02) e observaram que as plantas transgênicas apresentaram melhor desempenho nas análises do que as plantas não modificadas. O mesmo padrão foi observado quando as plantas foram submetidas a estresse por excesso de sal. Com isso, o grupo provou que o gene Scdr2 da cana-de-açúcar confere às plantas tolerância aos estresses hídrico e salino. Embora existam diversos genes com essa capacidade descritos em outras espécies, ninguém jamais avaliou o potencial do gene Scdr2 antes, que deve ser o primeiro gene de cana associado com tolerância a estresses por seca e excesso de sal, explica Menossi. Segundo ele, a invenção abre a oportunidade de produzir não só uma cana mais tolerante ao estresse salino, mas este gene também poderá ser usado em outras culturas. O trabalho é o resultado de uma dissertação do aluno Kevin Begcy Padilla, da Colômbia, bolsista do CNPq. A seca é, de longe, o estresse ambiental mais importante em quanto aos efeitos na agricultura. Na cana, a seca efetivamente provoca prejuízos, como tem sido observado em diversas safras que sofreram períodos de estiagem prolongada. Por exemplo, na safra de 2008/2009, a União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica) estimou que a quebra da safra pela estiagem foi da ordem de 10 a 12 milhões de toneladas, uma redução de 5% comparada com a safra passada (Valor Econômico, 18/10/2007). Já o estresse salino é também um grave problema ambiental e afeta todas as funções da planta, resultando em diminuição do crescimento das culturas e redução da produtividade. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), cerca de 400 milhões de hectares de terra têm elevado nível de salinidade. No Brasil, 30% das áreas irrigadas sofrem os problemas associados à salinidade, principalmente na região Nordeste. Patentes na Unicamp Entender primeiro, aplicar depois ainda é a maneira mais eficiente de transformarmos conhecimento em inovação que poderá ser apropriada pela sociedade, avalia o pró-reitor de pesquisa da Unicamp, professor Ronaldo Pilli. Para ele, a marca de 600 famílias de patentes depositadas junto ao INPI é fruto de uma política de estímulo à inovação tecnológica baseada na pesquisa desenvolvida no âmbito da Universidade. Com o pedido de patente realizado, a Agência de Inovação Inova Unicamp irá procurar empresas interessadas em desenvolver a tecnologia e disponibilizá-la para a sociedade. Patricia Magalhães de Toledo, diretora de propriedade intelectual e transferência de tecnologias da Inova Unicamp, explica que a proteção dos resultados das pesquisas da universidade é importante para aumentar as chances de que esses resultados sejam transferidos para empresas, que irão produzi-los e disponibilizá-los para a sociedade. Sem uma patente robusta a maioria das empresas não se arrisca a investir no desenvolvimento complementar necessário para transformar o resultado da pesquisa em produto ou processo, coloca a Patricia. A diretora relata que a universidade tem realizado cerca de 50 pedidos de patentes junto ao INPI por ano. Em 2010 foram 51 pedidos nacionais e 14 internacionais, informa. Entretanto, Patricia tem a expectativa que este número possa aumentar em 2011. No final de 2010 revisamos o procedimento por meio do qual os pesquisadores nos relatam suas invenções, facilitando e agilizando o trâmite para a comunidade interna. Atualmente, estamos testando um sistema para informatizar todo o processo, coloca Patricia. Para o professor Fernando Costa, reitor da Unicamp, o fato de a Unicamp ter alcançado a marca de 600 famílias de patentes depositadas é importante porque evidencia a preocupação da Universidade em transferir o conhecimento gerado em seus laboratórios para a sociedade por meio de licenciamentos de tecnologia. É preciso ressaltar, no entanto, que nos países desenvolvidos a quantidade de patentes originadas em universidades é muito pequena se comparada ao total proveniente da indústria. Nos Estados Unidos, por exemplo, as universidades são responsáveis por apenas cerca de 5% das patentes depositadas no país. Já no Brasil, o número de patentes das universidades é quase equivalente ao da indústria. Isso mostra a necessidade de as empresas brasileiras investirem mais em inovação, avalia o reitor. O acompanhamento do número de patentes da Unicamp aponta que o Instituto de Química (IQ) continua como a unidade com o maior número de famílias de patentes depositadas, sendo 217 até dezembro de 2010. O IQ também é a unidade que apresenta maior colaboração em patentes. Seus pesquisadores estão presentes em 276 patentes de outras unidades da Unicamp. Na sequência, a Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) e a Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação (FEEC) têm respectivamente 64 e 63 famílias de patentes depositadas e também contribuições expressivas em patentes de outras unidades, com 83 e 64 participações em patentes de outras unidades. (Fonte: Unicamp)

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