25/07/2017
Mecanismos capazes de frear fraudes, erros de conduta, manipulação de dados, plágios e metodologias deficitárias na ciência foram apresentadas nesta semana por pesquisadores da Alemanha, Japão e Brasil, em Belo Horizonte (MG). O objetivo foi reunir métodos nacionais e internacionais capazes de combater as fraudes em pesquisas.
No Japão, por exemplo, foi criado um programa inovador de educação que “ensina” como fazer pesquisa com ética e integridade. A adesão ao programa é obrigatória a todos que se candidatam a um financiamento público. Segundo Satoru Ohtake, da Agência Japonesa de Ciência e Tecnologia (JST, na sigla em inglês), outra medida de combate às fraudes foi o desenvolvimento do software “The Lab”, que simula as decisões que precisam ser tomadas no dia a dia de um laboratório.
Ele lembrou que a falha, o erro, faz parte do processo investigativo. “Não tenham medo da falha, tentem. A falha, se feita de um jeito honesto, pode ser boa, pode levar a novos caminhos”, disse ele, encorajando os jovens pesquisadores a encarar os desafios éticos e a promover a ciência que ofereça soluções para a sociedade.
O pesquisador Jens Ried, diretor do Centro de Gestão, Tecnologia e Sociedade da Friedrich-Alexander-Universität (FAU), de Erlangen-Nuremberg, da Alemanha, defendeu a criação e o fortalecimento de comitês éticos nas instituições para que os casos de fraude sejam bem documentados, além de penas e sanções para os que agirem de má fé.
“Para aumentar a ética, precisamos de mais profissionalização, institucionalização e padronização nos métodos de monitoramento na ciência. Também é preciso combinar esforços da comunidade científica, poder público e empresas”, ressaltou Ried, Na Alemanha, disse ele, 69% dos pesquisadores estão empregados na indústria.
Já no Brasil, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) implantou em 2011 o Código de Boas Práticas em Pesquisa para orientar os pesquisadores e evitar fraudes. “Os tipos de má conduta mais graves que registramos são fabricação, falsificação de dados e plágio”, contou o diretor científico da Fapesp, Carlos Henrique de Brito Cruz.
Quando as denúncias são comprovadas, as informações são publicadas no site da fundação com os nomes dos envolvidos. “Não queremos esconder, é importante que a sociedade saiba dos casos que foram culpados”, justificou Brito. “É preciso trabalhar na educação e prevenção, e suspeitas que precisam de investigação. E, claro, aplicar sanções”, adicionou.
O debate, realizado durante a mesa-redonda “Ética na Ciência”, na 69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), ocorreu na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e foi organizado pelo Centro Alemão de Ciência e Inovação – São Paulo (DWIH-SP).
(Agência ABIPTI, com informações do DWIH-SP)