De incubada a multinacional, a trajetória da curitibana Bematech
A Bematech é definitivamente um caso de sucesso de inovação no Brasil. Criada como empresa incubada em 1990, a primeira da Incubadora Tecnológica de Curitiba, há um mês estreou no mercado de ações com o lançamento de seu IPO (initial public offering, ou oferta pública inicial). “É um caso ímpar no ambiente brasileiro de inovação”, afirmou Alexandre Santos Hara, gerente de pesquisa e desenvolvimento da empresa. Ao apresentar o palestrante, durante a VII Conferência Anpei de Inovação Tecnológica, o coordenador Armando da Costa Neto, do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) da Bahia, disse que se tratava de como uma média empresa, com ambiente nada favorável, pode obter sucesso no país.
Especializada em equipamentos de automação, como impressoras e leitoras de código de barras para o setor comercial, o faturamento da Bematech chegou perto de R$ 200 milhões em 2006. Desse total, e empresa investe entre 4% e 5% em pesquisa e desenvolvimento, além dos recursos que recebe de órgãos e institutos de fomento. Atualmente, cerca de 55% de seu faturamento é proveniente de lançamentos feitos nos últimos três anos. A pesquisa e o desenvolvimento de novos produtos são feitos dentro de casa, mas também fora. A empresa mantém um convênio com a Universidade Federal do Ceará (UFC), onde montou um centro de excelência para o desenvolvimento de aplicativos. Vinte funcionários de uma fundação da Universidade cuidam da pesquisa do software, e a empresa desenvolve o hardware. No começo, a relação com a UFC não foi fácil, reconhece Hara. “Os resultados não foram bons no primeiro ano”, diz ele. Isso, não por questões de recursos humanos, mas de metodologia. Depois que a Bematech implantou técnicas de gerenciamento de projetos, cuidando da produtividade, funcionalidade e qualidade dos softwares, o acordo deslanchou.
A atuação da Bematech vem se expandindo rapidamente. Além da sede em Curitiba, tem filiais em São Paulo e em Buenos Aires, duas nos Estados Unidos, uma em Taiwan e, em novembro de 2006, abriu outra em Berlim. Já adquiriu duas empresas, a Gemco, fabricante de equipamentos de automação comercial, e a GSR, de serviços pós-venda. O número de funcionários passou de 400 para 1.100. As exportações, de US$ 6 milhões, ainda respondem por fatia pequena do faturamento, entre 6% e 7%, mas o plano é expandi-la de forma bastante agressiva até 2010, diz Hara.