Desempenho das exportações deve diminuir se as empresas não investirem mais em inovação
Apesar da valorização do real frente ao dólar, as exportações brasileiras cresceram 149,5% no período 2000/2006, superando U$ 130 bilhões, mas esse desempenho deverá arrefecer nos próximos anos caso os investimentos em inovação não sejam impulsionados. O alerta foi feito pelo diretor de Estudos da Produção Tecnológica e Inovação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), João Alberto De Negri, em sua palestra “As empresas brasileiras e o comércio internacional”, proferida na VII Conferência Anpei de Inovação Tecnológica, que se encerrou nesta quarta-feira (06) em Salvador, BA.
De Negri apresentou os resultados de um estudo realizado pelo Ipea. Segundo ele, trata-se de uma tentativa de entender o desempenho das exportações, que não se pode explicar apenas por fatores macroeconômicos. “As transformações que ocorreram na indústria brasileira a partir do final dos anos 1980 estão muito longe de serem devidamente compreendidas”, disse ele. “Essa pesquisa foi motivada pela necessidade de ajudar a compreender essas transformações.”
Conforme explicou De Negri, o trabalho é uma análise do comércio internacional sob o ponto de vista das firmas, com base no maior conjunto de informações sobre empresas jamais reunido. Foram pesquisadas 25 mil indústrias brasileiras com mais de 30 empregados, que juntas empregam cinco milhões de pessoas e representam 85% do faturamento total da indústria brasileira e 98% das exportações industriais. Com esse levantamento, foi possível explicar em parte o grande crescimento das exportações brasileiras, apesar da valorização cambial. “O estudo mostra que a inovação tecnológica é um dos fatores especialmente relevantes para explicar o virtuoso crescimento das exportações brasileiras”, disse De Negri.
O trabalho do Ipea também deixou claro a importância da inovação para que empresas que não exportam passem a exportar. “A inovação de produto para o mercado aumenta na média 14,4 pontos percentuais a probabilidade das potenciais exportadoras virem a exportar (a inovação de processo novo para o mercado aumenta esta probabilidade em 8,9 pontos percentuais)”, explicou De Negri. “Além disso, a inovação é um fator determinante da permanência das empresas no mercado internacional, porque altera as condições iniciais de entrada da empresa no comércio exterior. Outro dado importante é que os ganhos de produtividade oriundos de efeitos de escala são maiores para as empresas que inovam e diferenciam produto.”