Europa quer evitar fuga de pesquisadores
Criado oficialmente na semana retrasada, em Berlim, o Conselho Europeu de Pesquisa (ERC, na sigla em inglês), que será a primeira agência européia com a missão de buscar cérebros para a realização de pesquisas no velho continente. Com orçamento de 7,5 bilhões para os próximos sete anos, a instituição européia nasce com vocação de independência, “submetida apenas aos critérios de excelência dos pesquisadores”, segundo explicou a chanceler alemã, Angela Merkel, no discurso de apresentação da entidade.
A chanceler encorajou os 22 membros do ERC e o Comissário de Ciência e Pesquisa da União Européia, Janez Potocnik, a “aumentar os atrativos da Europa para os pesquisadores”. A preocupação é com profissionais que têm deixado a região, muitos rumo aos EUA.
O primeiro grupo de jovens pesquisadores de todo o mundo poderá apresentar até o dia 24 de abril seus projetos ao ERC, presidido pelo cientista grego Fotis C. Kafatos, célebre por seus estudos sobre malária. Os membros do ERC afirmam que se trata de uma organização dirigida por cientistas experientes, que trabalham apenas em benefício da ciência e alheios a interesses políticos ou nacionais. Os financiamentos para pesquisas serão concedidos para um prazo inicial de cinco anos, com a possibilidade de o pesquisador mudar de instituição depois dos dois primeiros anos.
O orçamento crescerá progressivamente, com o objetivo de atrair milhares de jovens pesquisadores (em geral, com menos de 40 anos) de todo o mundo e acabar com a ‘fuga de cérebros’, que buscam os EUA.
A União Européia conta com um orçamento de 50 bilhões para investir em pesquisa e desenvolvimento até 2013. Coloca nas mãos dos cientistas 7,5 bilhões. Os recursos poderão ser livremente distribuídos entre projetos de pesquisa básica. Os cientistas não serão obrigados a apresentar resultados de aplicação imediata.
A Alemanha foi um dos países europeus que mais se destacaram no final da década de 1990 na formação de novos doutores. Atingiu um patamar de 30 doutores titulados para cada 100 mil habitantes entre os anos de 1997 e 2003. No Reino Unido, em 2001, essa proporção ficou em 24 por 100 mil moradores.
No mesmo período, o Brasil, por exemplo, apresentava taxas bem menores de formação de doutores em comparação a esses países. Segundo o Plano Nacional de Pós-Graduação (2005-2010) do governo brasileiro, a média em 2003 foi de 4,6 doutores por 100 mil habitantes.
Fonte: O Estado de S.Paulo