05/07/2018
Ontem, 4 de julho, aconteceu em São Paulo a cerimônia de premiação da 4ª edição do Anuário Valor Inovação Brasil, que apresenta o ranking das 150 empresas mais inovadoras do país e as que mais se destacaram em seus respectivos setores no último ano. Dentre as 10 melhores ranqueadas, oito são associadas à Anpei, que apoia institucionalmente a iniciativa pelo 3º ano consecutivo.
Realizado pelo jornal Valor Econômico em parceria com a Strategy&, consultoria estratégica da PwC, o anuário Valor Inovação Brasil é produzido a partir de pesquisa disponibilizada às empresas com pelo menos 5% de participação privada em seu capital e com receita líquida no Brasil acima de R$ 500 milhões em um dos dois últimos anos fiscais.
Segundo Eduardo Fusaro, sócio da Strategy&, a metodologia de avaliação das empresas participantes tem como base cinco pilares: intenção de inovar, esforço para realizar a inovação, resultados obtidos, avaliação do mercado, e geração de conhecimento. Esse último critério – medido de acordo com o número de patentes publicadas no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) pela empresa em 2017 – é uma das novidades dessa edição do Anuário.
Outro aspecto comemorado pelos organizadores foi o aumento de 11% do número de empresas participantes.
Em resultados gerais, para 86% das empresas que participaram da pesquisa, a inovação está no Top3 das prioridades estratégicas.
Dentre os quesitos de estratégia e destinação dos recursos em PD&I, 30% das empresas investem mais do que a média mundial, que é de 4,5%. E dentre as 20 primeiras colocadas do ranking, essa porcentagem chega a 40%.
85% das participantes adotam inovação aberta como estratégia; 75% possuem parcerias regulares para inovação; 83% atuam com colaboração internacional; e 86% contam com a participação brasileira em todas as etapas – ideação, desenvolvimento e implementação.
Quanto ao tipo de inovação, 58% dos recursos são alocados em inovações rotineiras, ou seja, aprimoramento de bens, serviços e processos existentes; 18% em inovações radicais – desenvolvimento de novas tecnologias; 16% em inovações disruptivas, como novos modelos de negócios; e 9% em inovações arquitetônicas, que são alterações revolucionárias.
O tema central dessa edição foi machine learning e inteligência artificial. 90% das empresas participantes concordam que essas tecnologias são essenciais para a competitividade da organização, mas apenas 63% as utilizam. E para 56% delas, o principal desafio no Brasil para utilizá-las é falta de mão-de-obra qualificada.
Quanto ao feedback da iniciativa, 78% dos respondentes acreditam que o ranking Valor Inovação Brasil incentiva a inovação na empresa. “Esse é o nosso maior objetivo”, comemora Fusaro.
Durante a cerimônia de premiação, foram destacadas algumas lições para inovar, como conhecer a fundo os principais trends do mercado e de seus setores de atuação; possuir estratégia e metas claras e controlar os resultados; investir de forma estratégica; desenvolver parcerias e colaborações; e compartilhar a relevância da inovação e os seus resultados com toda a organização.
Esses aspectos também foram ressaltados pelo diretor da Anpei, Rafael Navarro, na matéria “É urgente retomar a agenda”, publicada no início do Anuário Valor Inovação 2018.
De acordo com ele, o Brasil possui os principais mecanismos de estímulo à inovação, mas sofre com a dificuldade para conectar parceiros em projetos de inovação aberta – tendência para a área de PD&I em todo o mundo. “Temos que facilitar o trabalho conjunto das empresas, universidades e startups”, disse o diretor da Anpei.
Newton Frateschi, diretor eleito da Anpei e diretor executivo da Inova Unicamp, participou da matéria “Mudanças exigem nova gestão”, também do Anuário 2018. Para ele, os projetos mais dependentes de recursos públicos são os que mais sofrem com o ambiente de negócios. Os cortes nos orçamentos, resultado da crise econômica e política enfrentada pelo país congelaram as iniciativas. Quando falamos de empreendedorismo inovador, é diferente. A crise se torna uma oportunidade para inovar”, disse Frateschi.
O presidente da Anpei, Humberto Pereira, participou da cerimônia e entregou o prêmio às empresas mais inovadoras de seus setores de inovação.
Destaque para os associados da Anpei
Pelo terceiro ano consecutivo, a Embraer é a líder do ranking das empresas mais inovadoras do país. A empresa aplica cerca de 10% do faturamento, de US$ 6 bilhões anuais, PD&I. “Cerca de 50% de nossa receita, hoje, é gerada por produtos e serviços criados nos últimos cinco anos”, aponta o diretor de estratégia de inovação da Embraer, Sandro Valeri.
Esse é um dos ativos que levaram a americana Boeing a formalizar uma proposta de sociedade com a concorrente do Brasil. O modelo de parceria, que ainda está em negociação, envolve a equipe de engenheiros da fabricante brasileira, um time que conseguiu, por exemplo, tirar do papel e colocar em operação uma nova família inteira de jatos de passageiros, a E-2, em menos de cinco anos.
João Carlos Brega, CEO da Whirlpool na América Latina, compara o trabalho de pesquisa e desenvolvimento ao de uma engrenagem “que não pode parar”. “Sabemos que a economia tem ciclos, por isso, é preciso sempre conciliar a estratégia de longo prazo com a execução do curto prazo.” Hoje, a empresa trabalha no desenvolvimento de produtos que serão lançados nos próximos dois anos. Somente em 2018 serão 200 produtos novos na América Latina, dos quais 60% destinam-se ao Brasil.
Dona de uma carteira bilionária de projetos de PD&I, a Petrobras, terceira colocada no ranking, quer acelerar o passo rumo à revolução da indústria 4.0 para aumentar a segurança e a eficiência de suas operações. “Um dos objetivos é nos aproximar mais das startups, suas ideias e produtos, e trazer esse conhecimento para nossos projetos”, diz Orlando Ribeiro, gerente do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes).
Novos produtos são tão importantes que a Natura, quarta colocada, estabeleceu um índice de inovação baseado neles. O cálculo leva em conta a somatória da receita bruta dos últimos 12 meses proveniente de produtos lançados em 24 meses, versus a receita bruta total dos 12 meses. Entre 2016 e no ano passado, o índice cresceu 7,5 pontos percentuais, passando de 57,1% para 64,6%. Os números só levam em consideração o desempenho da empresa no Brasil.
A estratégia da 3M Brasil, por sua vez, é estimular a interação entre suas subsidiárias para acelerar o desenvolvimento colaborativo de soluções inovadoras de interesse comum. “Com a nova abordagem, será possível compartilhar os projetos ainda na fase inicial, identificar mercados com necessidades similares e começar o quanto antes o desenvolvimento conjunto”, explica Camila Cruz, diretora de pesquisa e desenvolvimento da 3M Brasil e diretora eleita da Anpei.
Outra empresa que direciona cada vez mais os esforços de inovação aos conceitos da indústria 4.0 é a WEG, fabricante de motores elétricos. Um exemplo é o WEG Motor Scan, sistema de monitoramento das condições gerais do equipamento. “O dispositivo vai se tornando mais preciso e inteligente à medida em que é usado, já que o processamento e a comparação dos dados coletados aumentam a eficácia do diagnóstico”, diz o diretor de engenharia, Milton Capella.
Na Cielo, sétima do ranking, o caminho escolhido foi alocar as duas áreas voltadas para inovação no projeto “Garagem Cielo”, com a função de promover debates, projetos e hackathons voltados para a inovação. O resultado de uma dessas pesquisas foi o desenvolvimento do terminal Lio, lançado em 2016. Além de transacionar cartões, a máquina conta com ferramentas e aplicativos de gestão de estoque e de fluxo de caixa.
A Embraco tem, atualmente, 1,2 mil patentes vigentes e conseguiu reduzir em até 50% o tempo de pesquisa e desenvolvimento. Cerca de 60% da receita da companhia é proveniente de produtos desenvolvidos nos últimos cinco anos.
Parabenizamos nossas associadas que se destacaram nos primeiros lugares do ranking:
1º Embraer
2º Whirlpool
3º Petrobras
4º Natura
5º 3M
6º Weg
7º Cielo
9º Embraco
Nesse ano, foram premiadas empresas de 21 setores: automotivo e veículos de grande porte; bancos; bens de capital; bens de consumo; comércio; energia elétrica, engenharia e infraestrutura, farmacêutico e ciências da vida; material de construção e decoração; mineração, metalurgia e siderurgia; petróleo e gás; química, petroquímica, embalagens, papel e celulose; seguros e planos de saúde; serviços; serviços financeiros; serviços médicos; tecnologia da informação; telecomunicações; e transporte e logística.
E também parabenizamos nossas associadas que se destacaram no Top5 em suas áreas de atuação:
São Martinho
BRF
Mahle
Fiat Chrysler Auto FCA
Samsung
Cristália
Roche
Tigre
Intercement
Duratex
Saint-Gobain
Vale
Anglogold Ashanti
Braskem
Solvay
Basf
Oxiteno
Amil
Hospital Albert Einstein
Fleury
IBM
TOTVS
Algar Telecom
(Com informações do Anuário Valor Inovação Brasil 2018)