Até a eclosão e aprofundamento da atual crise financeira, os investimentos em ciência, tecnologia e inovações se beneficiaram de um cenário macroeconômico bastante favorável, como mostra o relatório Science, Tecnology and Industry Outlook 2008, divulgado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em vários países da OCDE, os orçamentos públicos para P&D continuam crescendo, não obstante as persistentes restrições orçamentárias e a redução geral no funding governamental. Esse aumento é resultado das metas nacionais estabelecidas para o P&D, como a da União Européia, que pretende elevar os gastos com pesquisa a 3,0% do PIB até 2010. No período 2001-2006, na área da OCDE, os gastos domésticos com pesquisa e desenvolvimento (GERD, na sigla em inglês) registraram incremento anual de 2,5% em termos reais, atingindo US$ 818 bilhões correntes em 2006. Desse total, os Estados Unidos respondem por 41%, a Europa por 30% e o Japão por 17%. Refletindo o forte incremento das atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) em algumas economias em desenvolvimento, sobretudo na China, houve importante alteração na distribuição mundial dos gastos com atividades de pesquisa e desenvolvimento onde, os países em desenvolvimento ampliaram sua participação nas atividades globais de P&D para 18,4% no mesmo período. Dentre os países-não membros, Israel, Taiwan e Cingapura são os que registraram as maiores intensidades do P&D, superando a média das economias desenvolvidas. Nesse grupo, a China também se destaca. Nesse país, como o ritmo de expansão dos investimentos em P&D superou o do produto, que cresceu a uma taxa média real de 10% ao ano, a intensidade do P&D saltou de 0,95% em 2001 para 1,42% em 2006, reduzindo a distância em relação aos vinte e sete países da União Européia (1,76% em 2006). A China tem como meta, considerada ambiciosa pelos pesquisadores da OCDE, elevar a intensidade do P&D a 2,0% do PIB em 2010 e acima de 2,5% em 2020. O relatório destaca que se reforçou a tendência de substituição de financiamento público direto das atividades de P&D do setor privado pela concessão de financiamento indireto sob a forma de incentivos fiscais, pois ampliou-se de 12 em 1995 para 21 em 2008 o número de países que oferecem incentivos fiscais às empresas que realizam atividades de P&D. Segundo a OCDE, esses incentivos têm se tornado mais generosos nos últimos anos, em particular, nos países que buscam aumentar sua atratividade para o P&D associado ao investimento direto estrangeiro (IDE). Constatou a ampliação da participação de filiais estrangeiras nos gastos totais com pesquisa e desenvolvimento, em razão seja da aquisição por empresas estrangeiras de firmas locais que realizam P&D. Nesse contexto o caso Allelyx não foi exceção no panorama mundial. A crescente globalização da produção e das atividades de P&D coloca para as políticas nacionais o desafio de atrair investimentos estrangeiros em P&D e assegurar a participação nas cadeias globais de valor. O relatório destaca que as políticas de pesquisa e inovação procuram igualmente responder às necessidades domésticas de emprego, educação e saúde, bem como desafios globais como mudanças climáticas e segurança energética. Vindo pois ressaltar a importância e a pertinência do tema escolhido para a nossa IX° Conferencia ANPEI. De acordo com o relatório da OCDE, o indicador mais utilizado para auferir o desempenho das inovações é o número de empresas que realizaram atividades inovadoras, ou seja, atividades relacionadas à introdução no mercado de um novo produto ou à realização de aperfeiçoamento significativo em produto, serviço ou processo. Na União Européia, por exemplo, 42% das empresas declararam que realizaram algum tipo de inovação no período 2002-2004. No conjunto da União Européia, o setor industrial apresentou maior proporção de empresas inovadoras (37,4%) do que o setor de serviço (33,6%). Em relação ao porte das empresas, na União Européia, as empresas com mais de 250 empregados apresentaram maior propensão a inovar (49,2%) que as pequenas (33,2%) e médias empresas (39,6%). Brasil. A intensidade do P&D de 1,02% em 2006 é muito baixa em comparação com a média da OCDE, embora supere Portugal, Turquia, Polônia e México. Em comparação com outros países não-membros que integram os BRICs, a intensidade do P&D no Brasil é bastante inferior à da China e Rússia. Os pesos dos investimentos públicos e privados em P&D são similares, com os investimentos privados correspondendo a 0,49% do PIB. O Brasil é um dos países não-membros da OCDE que mais recebe investimento direto estrangeiro. O principal desafio do Brasil na área de ciência e inovação reside na qualificação dos recursos humanos. Em 2006, havia no país apenas 1,48 pesquisador a cada mil trabalhadores ocupados e somente 10,7% de graduados em ciência e engenharia. A última pesquisa de inovação realizada no país revela que um terço das empresas com mais de dez empregados realizaram algum tipo de atividade inovadora entre 2003 e 2005 e que um quinto produziu inovação. Os principais obstáculos à inovação declarados pelas empresas brasileiras são: o custo, o risco econômico e a escassez de pessoal qualificado. Segundo a OCDE, com a aprovação da lei de inovação, que entrou em vigor com força em 2006, essa situação deverá melhorar. Resumo elaborado por: Mário Barra Diretor Anpei Para ter acesso ao relatório completo favor utilizar o link: http://www.iedi.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=4025&sid=20
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