Geradores de conhecimento e de mão de obra em constante evolução, os centros de pesquisa e desenvolvimento P&D estão se tornando estratégicos e recebem orçamento próprio em grandes empresas. Gigante do setor de alimentos, a multinacional brasileira BRF, dona das marcas Perdigão, Sadia, Batavo e Elegê, investiu R$ 58 milhões para reunir, num mesmo local, laboratórios e equipamentos modernos, cozinhas experimentais e minilinhas de produção em escala piloto. Abrigado numa área de 10 mil metros quadrados em Jundiaí, no interior de São Paulo, o Innovation Center deve se transformar em referência no Brasil e no exterior na produção de inovações em carnes, pratos prontos, margarinas e proteínas vegetais. Sem citar números, a BRF informou que o projeto do novo centro de P&D faz parte da meta da companhia de duplicar, até 2015, os investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação. A sofisticação dos centros de P&D é tão marcante que eles conseguem controlar e ter segurança de todo o ciclo de desenvolvimento do produto, inclusive dos processos industriais, a exemplo do complexo operado pelo grupo siderúrgico Usiminas, em Ipatinga, no Vale do Aço mineiro. Do centro de tecnologia sai a maioria dos novos aços que a empresa fornece às indústrias automotiva e de petróleo e gás. Os avanços foram tremendos nos últimos 10 anos, observa o gerente-geral de P&D da siderúrgica, Eduardo Tonelli, permitindo a criação de chapas com resistência mecânica duas a três vezes maior e, em alguns casos, espessuras menores. Os pesquisadores não podem perder de vista, ainda, o design atual na produção de automóveis, por exemplo, que é mais exigente em relação à conformação dos materiais usados. Ninguém tem dúvida de que o sucesso das empresas está ligado à capacidade de inovar, e isso possibilita a elas estar è frente do mercado. Muitas companhias optam por buscar a tecnologia nas suas matrizes e eventualmente compra-se tecnologia, mas é preciso desenvolver para dominá-la, afirma Tonelli. Empregando 140 profissionais, sendo 65% com pelo menos uma pós-graduação, o centro de P&D da Usiminas é considerado o maior e mais importante da América Latina na produção de tecnologia siderúrgica. Os investimentos em P&D foram de R$ 28 milhões em 2013 e devem se repetir na mesma proporção no acumulado deste ano. As cifras podem mudar, dependendo dos equipamentos necessários para reproduzir o processo industrial, que a companhia procura manter em permanente atualização. Empresas como a mineradora Vale e a Usiminas têm investido firmemente nessa interação dos seus centros de P&D com universidades no Brasil e no exterior. O Centro de Desenvolvimento Mineral (CDM) da Vale instalado em Santa Luzia, na Grande Belo Horizonte, é o mais completo do gênero na América Latina, integrando o orçamento da companhia no mundo em P&D, que em 2014 é de US$ 900 milhões. Criado há quase 50 anos, o CDM atua como um berço da maioria dos projetos da Vale, empregando 250 profissionais, dos quais 120 do quadro próprio. Patrice Mazzoni, gerente do CDM, lembra que a importância do trabalho dos pesquisadores está na definição se a empresa conseguirá transformar o minério encontrado no solo em produtos de valor econômico. A fase inicial dos projetos envolve uma quantidade muito grande de conhecimento e trabalhamos com centros de pesquisa de ponta no mundo, como instituições na Austrália e no Canadá, afirma. O centro de P&D testou, por exemplo, fosfato extraído em projetos desenvolvidos pela mineradora no Peru e na África. Há 28 anos e meio no Centro de Tecnologia Usiminas, o pesquisador da área de processos Antonio Adel dos Santos conta que a rotina no complexo envolve interação e reuniões frequentes com as equipes técnicas e de apoio às operações da usina. Apresentamos resultados das pesquisas, buscamos entender as necessidades das operações e atendê-las, afirma. Engenheiro metalúrgico com mestrado na Unicamp e doutorado na UFMG, ele já trabalhou em parcerias firmadas pela empresa com centros de pesquisa da Inglaterra, Canadá, Holanda e Japão, neste último, junto da sócia Nippon Steel. A matéria completa pode ser acessada no endereço http://www.em.com.br/appoticia/economia/2014/07/24/internas_economia,551244/centros-de-pesquisa-e-desenvolvimento-de-produtos-ganham-status-em-grandes-empresas.shtml
(O Estado de Minas)
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