26/01/2017
O diretor da Anpei Sebastião Nau participou da matéria “Questão de Gestão”, publicada na edição 2016-2017 do Anuário da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Na reportagem, Sebastião apontou que, para o Brasil se transformar em um país desenvolvido, o setor público e as empresas devem investir em pesquisa, desenvolvimento e inovação um percentual do PIB superior àquele praticado nos países de economia mais avançada, pois temos PIB menor. E para aquecer a economia nesse momento de fragilidade, o diretor da Anpei ressaltou a importância de privilegiar a inovação, sem abandonar a pesquisa básica, que dá suporte para a inovação futura. Confira a matéria na íntegra.
Questão de gestão
No Brasil, grande parte das empresas já tem ao menos consciência clara da necessidade de inovar, observa Jorge Almeida Guimarães, presidente da Embrapii, que também nota a existência de entraves à aplicação prática dos projetos decorrentes dessa conscientização, caso de ambiente regulatório complicado e burocrático. “Espero que o Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação corrija esse problema”, diz Guimarães, referindo-se a uma lei aprovada no início de 2016, e que entre outras coisas facilita o intercâmbio entre empresas e academia, mas ainda depende de regulamentação.
A Embrapii, ele destaca, aproxima a pesquisa pura, desenvolvida na academia, da inovação, que é a pesquisa com objetivos empresariais e mercadológicos. Em seus três anos de atuação, a empresa credenciou 28 unidades de pesquisas, nas quais foram desenvolvidos 132 projetos para aproximadamente 100 empresas, envolvendo recursos da ordem de R$ 231 milhões, total rateado, em porções similares, entre Embrapii, instituições responsáveis pelos projetos e as empresas que os demandam. “No primeiro semestre deste ano, mesmo com a conjuntura difícil da economia brasileira, aprovamos projetos de cerca de 100 empresas, com recursos aproximados de R$ 90 milhões”, afirma Guimarães.
Os países desenvolvidos, prossegue o presidente da Embrapii, destinam cerca de 2% de seu PIB à pesquisa e à inovação, sendo que entre 20% e 30% desse montante vem do governo e o restante tem origem no setor privado. Dados de 2013 indicam que no Brasil esse investimento atinge apenas 1,2% do PIB, e aproximadamente 60% dos recursos vêm pelo governo. “Queremos equilibrar melhor essa proporção de investimentos provenientes dos setores público e privado”, ele destaca.
Já Sebastião Nau, diretor da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI), crê que para o Brasil se transformar em um país desenvolvido, o setor público e as empresas devem investir em pesquisa, desenvolvimento e inovação um percentual do PIB superior àquele praticado nos países de economia mais avançada, pois temos PIB menor. “E para aquecer a economia nesse momento de fragilidade é importante privilegiar a inovação, sem, porém, abandonar a pesquisa básica, que é a que dá suporte para a inovação futura”, ele acrescenta.
Ainda de acordo com Nau, a estrutura nacional de apoio e estímulo à inovação evoluiu nos últimos anos. Ele destaca a chamada Lei do Bem, que concede estímulos fiscais para o investimento em pesquisa e inovação, e também os Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs), que propiciam interface mais amigável entre academia e empresas. “É importante destacar que são requisitos básicos avanços em itens como continuidade, segurança e entendimento do conceito de inovação, que não pode ser confundido com pesquisa. As empresas, quando fazem inovação, têm em mente pesquisa aplicada e desenvolvimento de produto e processo, enquanto o governo muitas vezes pensa mais na pesquisa básica, acadêmica”, pondera o diretor da ANPEI.
Delgado, da ABIMAQ ressalta que as empresas devem buscar na inovação seu diferencial competitivo. Prejudicada, porém, por uma conjuntura que mescla câmbio desfavorável à capacidade de concorrer com os preços de fabricantes de outros países e mercado interno pouco aquecido, a indústria brasileira de máquinas e equipamentos não vem conseguindo, nos últimos anos, dar a devida atenção a esse valioso fator de competitividade. “Mas a indústria nacional do setor tem condições e plena competência para produzir inovação”, diz.
Para ele, uma empresa interessada em se associar à inovação de forma efetiva deve estruturar um sistema para sua gestão, pois essa prática não cabe apenas à área de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (P&D). A contabilidade, por exemplo, precisa trabalhar os documentos de maneira adequada para que haja acesso aos benefícios concedidos pelos programas de estímulo à inovação. “Do mesmo modo como há gestão de qualidade, há gestão da inovação, que permeia todas as áreas da empresa, como o P&D, marketing e vendas, entre outras”, observa Delgado.
(ABIMAQ)