O Brasil precisa definir foco e melhorar a gestão da propriedade intelectual para integrar os Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) e as empresas, dizem especialistas. Eles estiveram reunidos na oitava edição do congresso da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica (Abipti), realizada em Brasília. Segundo o presidente do Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferências de Tecnologia (Fortec) e professor do Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais, Rubén Dario Sinisterra, é preciso mostrar à sociedade brasileira que ciência, tecnologia e inovação (CT&I) são a base para a soberania nacional. O Brasil conseguiu montar a Petrobras, a Embraer e a Embrapa. Então sabemos fazer quando há vontade política para isso, diz. Ele esclarece que as entidades de pesquisa precisam proteger a propriedade intelectual e transferir tecnologia de forma mais rápida para as empresas, porque o setor privado é mais capacitado a desenvolver produtos. Esse trabalho em que companhias e instituições de ensino compartilham conhecimentos e desenvolvem soluções tecnológicas em conjunto é chamado de inovação aberta. Um núcleo de inovações tecnológicas (NIT) também precisa ser um núcleo de negócios, explica o professor Sinisterra. Segundo ele, é preciso conhecimentos de administração de empresas para gerir a propriedade intelectual e fazê-la chegar até a ponta. Sinisterra ressalta que o Brasil tem competências, mas precisa de foco nas áreas de tecnologia em fármacos, tecnologias verdes, nanotecnologia, energia e engenharia. O Brasil sabe fazer inovação aberta, mas falta foco. Temos 184 novas tecnologias catalogadas em diferentes áreas. O país está mapeado. Sabemos onde estão os atores do conhecimento, mas falta articulação. Não inventemos a roda, mas demos continuidade ao que temos de melhor. Precisamos rever o que a gente já fez, colocar um foco e tomar uma decisão de aprofundar nas áreas que queremos, acrescenta. Para Bruno Moreira, sócio-diretor da Inventta, do Grupo Instituto Inovação, antes de discutir como fazer inovação aberta, é preciso discutir para que e o que fazer com as inovações. Temos que olhar para frente. No meu papel de buscar as tecnologias desenvolvidas dentro das universidades, posso dizer que, com 5% ou 10% [das novas tecnologias], dá para fazer negócios imediatamente. Isso porque elas nascem com outro propósito, de fazer ciência, diz Bruno, explicando que as instituições de pesquisa têm de buscar compreender. A coordenadora de Inovação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Maria Sueli Soares Felipe, diz que a definição de foco é mesmo a questão mais importante para os pesquisadores. A academia faz muitos projetos, mas eles ficam meio perdidos, então precisa haver demanda da indústria para a academia. As instituições precisam decidir se querem ser apenas geradoras de conhecimento ou se querem fazer negócio com a indústria e desenhar projetos estratégicos nas diversas áreas, constata. (Agência Brasil)
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