O conceito de Open Innovation quebra o paradigma tradicional de P&D e o trata como um sistema aberto onde idéias externas e internas são debatidas. Há algumas semanas participei de um painel de debates em um seminário sobre Open Innovation, com o próprio Henry Chesbrough, autor do livro Open Innovation: the new imperative for creating and profiting from technology. O conceito de Open Innovation quebra o paradigma tradicional da Pesquisa & Desenvolvimento feito a portas fechadas, por uma única empresa. Este conceito trata a P&D como um sistema aberto onde tanto idéias externas e internas são debatidas e as melhores alternativas são selecionadas. No livro ele dedica um capítulo especial à IBM, onde descreve a transformação da empresa em sair do tradicional modelo de inovação fechado para o modelo Open Innovation. Infelizmente, no evento, não pudemos debater em profundidade o exemplo emblemático de Open Innovation que é o modelo Open Source. O modelo Open Source é um exemplo claro do modelo de inovação aberta, pois envolve colaboração entre empresas, comunidade de desenvolvedores, clientes e parceiros. Este modelo tem impactado a indústria de software, obrigando a revisão dos antigos e tradicionais modelos de negócios, usados há pelo menos 25 anos. O modelo Open Source difere do modelo tradicional em basicamente dois aspectos: o processo de desenvolvimento, que é essencialmente uma produção colaborativa e a filosofia de propriedade intelectual, que permite a livre distribuição do código fonte, bem como o direito de modificá-lo. Open Innovation com Open Source pode se dar de várias formas. Podemos identificar o modelo de Pooled R&D, tipicamente representado pelos projetos Linux e Mozilla, onde diversas empresas e a comunidade pesquisam e desenvolvem o software de forma colaborativa. Outro modelo é o Spinout representado pelo Eclipse. Por que o Eclipse faz tanto sucesso? Ele é um exemplo prático e bem sucedido do modelo de Open Innovation, onde empresas concorrentes podem criar redes de inovação, cooperando no desenvolvimento de softwares Open Source, que servirão de base para produtos específicos (proprietários), com os quais concorrerão no mercado. O Eclipse é aberto a todos, sob as mesmas regras. Não existem regras que excluam ou minimizem a participação de quaisquer contribuintes, mesmo que eles sejam concorrentes diretos entre si. Todas as discussões e deliberações dos projetos são transparentes a todos, abertos e públicos. O processo que governa os projetos do Eclipse é a meritocracia: quanto mais você contribui, mais responsabilidade pode obter. O sucesso do Eclipse é, portanto, não apenas fruto de uma comunidade Open Source vibrante e atuante, mas também de um ecossistema saudável onde empresas de software (concorrentes ou não) trabalham juntas na criação de uma plataforma que servirá de base para seus produtos e serviços. Em resumo, as empresas cooperam na construção da plataforma e competem em produtos específicos, construídos em cima desta mesma plataforma. Mas existem outros modelos de Open Source baseado em Open Innovation, como o modelo de venda de componentes, exemplificado pelo Apache e o KDE, e o baseado em estratégias dual licence, como o MySQL. O modelo Open Source é um belo exemplo de como empresas podem atuar em ecossistemas complexos combinando inovações internas e externas e provavelmente poderá servir de inspiração à adoção do modelo de Open Innovation por outros setores de negócios. Cezar Taurion é gerente de Novas Tecnologias Aplicadas da IBM Brasil. (Fonte: Computerworld)

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