Diante de um cenário global em que fatores de produção são limitados, a inovação é condição primordial para estimular o desenvolvimento das nações. Utilizar os recursos existentes de maneira eficiente, agregar maior valor ao produto e estudar a melhor maneira de inseri-lo no mercado, faz com que a inovação seja responsável pelo sucesso ou não no mercado.
Dessa forma, a maneira como cada país determina a atuação das suas instituições assume relevância na medida em que proporciona arranjos mais propícios para a consolidação da inovação como peça fundamental do desenvolvimento.
Dito isso, o Sistema Nacional de Inovação (SNI) se torna um grupo cujas atividades e interações visam difundir novas tecnologias, financiado pelos setores público e privado, que, articulados entre si, determinam a capacidade de se gerar inovação.
Para um Sistema Nacional de Inovação conciso, é primordial a participação de três atores-chave:
- Governo: através das políticas públicas fomentam o mercado da inovação
- Universidades: criam e disseminam o conhecimento por meio das pesquisas acadêmicas
- Empresas: através de investimentos voltados a transformar conhecimento em produtos
Nos últimos tempos, o Brasil vem estimulando as pesquisas no âmbito público e privado, porém há uma fragilidade da sua aplicabilidade quando comparado aos países tecnologicamente avançados. As políticas públicas possuem um papel central para a criação de incentivos aos gastos em atividades de inovação nas empresas privadas, seja por meio de deduções tributárias ou incentivos fiscais, financiamento ou subsídio de projetos.
A diferenciação dos Sistemas Nacionais de Inovação se dá em termos estruturais das instituições e em padrões de cada especialização. Isso é reflexo de fatores históricos, sociais, políticos e econômicos. Um dos maiores desafios hoje é o de disseminar o conhecimento científico produzido, e, o mais difícil, transformar isso em inovação do setor produtivo.
Países como Alemanha, Japão e Estados Unidos possuem estímulos a atividades inovativas de maneira mais estruturada. Qualquer comparativo com eles irá demonstrar quão imaturo e pouco eficiente é o Brasil nesse quesito.
A principal causa do baixo desempenho do SNI no Brasil é devido à infraestrutura precária que possuímos de ciência e tecnologia, que, aliada aos poucos investimentos no setor produtivo, trouxe baixos resultados no desempenho econômico. Todos sabemos que, historicamente, o Brasil teve uma industrialização tardia, seguido pelo atraso na criação de instituições de pesquisa nas universidades.
Apesar da pouca maturidade em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), podemos ver o avanço dos investimentos do setor privado em universidades. O problema é que ainda são poucas as empresas que investem nesses núcleos de pesquisa, o que restringe os efeitos positivos da interação entre empresas e universidades.
Com isso, fica um grande questionamento, relembrando a tríade dos atores necessários para o Sistema Nacional de Inovação: qual o impacto das políticas públicas sobre o estreitamento de laços entre os setores privados e as universidades?
Precisamos de políticas que estimulem o investimento no setor produtivo. A ampliação de investimentos em P&D certamente expandirá a capacidade do setor industrial para aproveitar o conhecimento já produzido pelas universidades.
Além das políticas públicas, é preciso que o governo invista nas universidades e institutos de pesquisa no Brasil. Estamos em um patamar aquém dos países desenvolvidos, o que gera um menor alcance de massa crítica para a interação de ciência e tecnologia. O crescimento da infraestrutura científica é necessário para que essas instituições consigam atender à demanda que venha a crescer em empresas mais envolvidas em atividades de P&D, o que resultará, também, no aumento da demanda por profissionais formados nas universidades, em especial os pós-graduados.
Apesar da histórica carência de cultura inovadora e dos obstáculos enfrentados até então (crises macroeconômicas, falta de políticas públicas de incentivo à inovação, debilidade do sistema financeiro), não há como deixar de considerar que o país tem se esforçado para alavancar o seu sistema de inovação.