10/05/2016
Na última quinta-feira, 5 de maio, o auditório da Agência USP de Inovação foi palco da reunião conjunta entre os comitês temáticos da Anpei de promoção à interação entre instituições científicas e tecnológicas (ICTs) e empresas e de gestão da propriedade intelectual (PI).
Mediado por Leonardo Garnica, gerente de sistemas de inovação da Natura e coordenador do comitê de Interação ICT-Empresa, e Eneida Berbare, coordenadora da área de gestão da PI da Braskem e do comitê de Gestão da PI da Anpei, o evento foi dividido em duas partes. O período da manhã foi dedicado a apresentações de experiências tanto de ICT quanto de empresas na área de gestão da PI. Já na parte da tarde os presentes participaram de um grande debate sobre o tema.
Com público de aproximadamente 50 pessoas e bastante heterogêneo, com diversos representantes de empresas inovadoras e universidades, núcleos de inovação tecnológica (NITs) e ICTs em geral, o evento alcançou o seu objetivo de ser um momento de networking entre esses atores do Sistema Nacional de Inovação (SNI).
A última reunião conjunta entre comitês temáticos da Anpei aconteceu em 2013.
Troca de experiências
No início do encontro, Eneida apresentou o status da produção do Guia de Gestão da PI. “Estamos na etapa de revisão, mas o material está bastante teórico. Agora estamos analisando a melhor forma de acrescentar cases e exemplos para deixar o Guia mais prático”, disse a coordenadora do comitê.
Como o Guia de Interação ICT-Empresa já está em sua 3ª edição, Garnica deu várias dicas sobre a estruturação desse material. “Uma das questões que tomamos bastante cuidado diz respeito à distribuição e rápida multiplicação do Guia. Optamos por uma forma prática, como disponibilização em plataforma web e download de PDF”, indicou.
“Recebemos contribuições de todo o grupo, mas uma equipe de trabalho para estruturar todo o conteúdo é essencial”, apontou André Ferrarese, chefe de gestão da inovação da Mahle Metal Leve, associada da Anpei.
Experiências de ICTs e empresas em Gestão da PI
De acordo com Ferrarese, a patente precisa de um produto para virar inovação, porque, até então, trata-se de uma invenção. “Mas como as ICTs transformarão suas propriedades intelectuais em inovação? Via empresa e pela interação ICT– empresa”, explica o chefe de gestão da inovação, que também demonstrou que dentre os 20 maiores depositantes de patentes brasileiros em 2014 há uma grande representação das ICTs. “No cenário internacional já vemos mais empresas nesse ranking. Estamos com uma visão muito voltada para ‘dentro de casa’ e isso dificulta a internacionalização”, completou.
Após a primeira apresentação, Patrícia Leal, diretora de PI da Agência Inova Unicamp, também reforçou a importância da interação entre os atores. Segundo ela, a universidade, principalmente a pública, tem o objetivo de proteger a propriedade intelectual visando o mercado. “Mas sozinha a universidade não coloca nada no mercado. Então, temos que ter uma estratégia adequada para atrair as empresas para as PIs geradas. Quem vai se interessar por essa transferência? Nosso objetivo é identificar oportunidades que gerem negócios e colaborem com o desenvolvimento econômico sustentável”, disse.
Sayonara Moreira, da Whirlpool, também associada da Anpei, apresentou o case de sucesso da parceria de 34 anos entre a empresa e a Universidade Federal de Santa Catarina. “O fator determinante é o interesse mútuo entre as instituições. Temos 56 patentes concedidas, bem menos da metade do que já depositamos. Hoje somos a empresa que mais deposita patentes no Brasil e isso é resultado, além da dedicação das pessoas e do investimento financeiro, das parcerias”.
Logo em seguida, Alexandre Lima, da Agência USP de Inovação, falou sobre transferência de tecnologia e empreendedorismo.
Para finalizar os painéis, Nereide de Oliveira, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), apresentou a Rede Paulista de Propriedade Intelectual, que, atualmente, conta com 35 NITs e tem o objetivo de facilitar e agilizar a cooperação técnico-científico entre ICTs e setor produtivo por intermédio de agentes do NITs legitimados por suas procuradorias e assessorias jurídicas.
No período da tarde, além do debate sobre os temas expostos durante a manhã, os comitês também discutiram sobre ações dos Grupos de Trabalhos (GTs). O mais novo deles está se dedicando a levar as posições da Anpei sobre o Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação ao governo.
Os diretores padrinhos de cada comitê também estavam presentes na reunião – Marli Elizabeth Ritter dos Santos, madrinha do comitê de Gestão da PI e Sebastião Nau, padrinho do comitê de Interação ICT-Empresa.