A maior revista especializada no setor de tecnologia de informação e armazenamento de dados do mundo, a Focus, da editora britânica DataCenterDynamics, publicou ampla reportagem sobre Campinas em sua última edição, que chegou aos leitores na semana passada. No texto, a jornalista Tatiane Aquim ressalta a vocação da cidade como o maior polo da América Latina no setor de tecnologia, indica que a região é responsável por 15% da produção de tecnologia do País e sacramenta a expressão Vale do Silício brasileiro ao se referir às suas características de atração de empresas do setor e compará-la ao Vale do Silício da Califórnia, nos Estados Unidos, que é o berço de muitas das companhias gigantes de tecnologia.
A reportagem atribui ainda a Campinas um selo de sustentabilidade em seu polo de tecnologia, atribuído pela jornalista aos incentivos públicos e de empresas privadas em práticas ambientais. O município abriga hoje sedes de 32 das 500 maiores empresas de tecnologia de informação do mundo. A revista circula em todos os países da América Latina, além de Espanha e México. Também foi traduzida para o inglês. A edição é trimestral, publicada em inglês e espanhol. A reportagem sobre Campinas foi uma das chamadas da capa da Focus. O texto da DataCenterDynamics analisa Campinas como o polo no Brasil e na América Latina desse tipo de produção tecnológica. As 15 empresas de DataCenter, 18 instituições de Educação Superior, como a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e cinco parques tecnológicos na cidade foram indicadas como prova da referência. A revista também fala que a cidade tem proposta para acelerar startups (empresas jovens e inovadoras) e fornece treinamento gratuito para os gestores de inovação. Os incentivos fiscais para startups concedidos pela Prefeitura também foram destaque na reportagem. Em 2014, foi sancionada lei que concede isenção total do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) até o limite da área construída de 120 metros quadrados ou do valor anual do imposto em R$ 2,8 mil às startups instaladas na cidade, além de redução da alíquota do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) para 2% sobre a receita tributável de até R$ 418,5 mil (valores referentes a este ano). Outro ponto considerado pela revista londrina é a localização geográfica e a malha viária da cidade, interligada por cinco das grandes rodovias do Estado de São Paulo: Anhanguera, Bandeirantes, D. Pedro I, Adhemar de Barros e Santos Dumont. O executivo de negócios da DataCenterDynamics, Marcus Queiróz, afirmou que a revista quis chamar a atenção de empresários e empreendedores para a região, considerada interessante. É uma cidade, que se destaca das demais em São Paulo. É competitiva e gera economia, com os incentivos às indústrias de tecnologia. A matéria tem objetivo de informar nossos leitores e direcionar os investimentos, disse ele. A empresa publica reportagens voltada para o setor empresarial em todo o mundo. Edição
A editora-chefe da publicação, a espanhola Virginia Toledo, afirmou que o Brasil é um país difícil para a instalação de data centers, mas que Campinas está na contramão. A cidade reúne condições necessárias para operar com maior disponibilidade de dados e eficiência energética. Os dois são os principais objetivos dos gestores, disse. Com a reportagem, a revista quer fornecer informações para a indústria. Campinas hoje hospeda muitos dos nossos principais patrocinadores e empresas participantes de nossos eventos, e leitores de nossa revista. Por todas essas razões, queríamos destacar as vantagens da região para a indústria de data center, disse. Para ela, a expectativa é que Campinas se torne um hub tecnológico no País e para o mercado de data center, em um momento difícil da economia brasileira. Sustentabilidade
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Samuel Rossilho, afirma que um dos motivos para Campinas ser classificada como o Vale do Silício brasileiro é devido às taxas baixas de água e energia, além do incentivo municipal. A gente busca a consolidação dessa referência que Campinas tem como a cidade da ciência, tecnologia e inovação, disse. Rossilho disse que o incentivo às empresas é importante para garantir a permanência das empresas na cidade. São 1,8 mil empresas que recebem o incentivo. No Vale do Silício, são 18 mil empresas incentivadas, não só pelo poder público. Mas, no Brasil, faltam investidores de risco. E isso é o que queremos para Campinas, disse. Segundo ele, o município é o Vale do Silício brasileiro sustentável devido ao foco das empresas nas demandas ambientais. Um dos exemplos citados é o data center do Banco Santander, instalado no Centro de Desenvolvimento Polo Alta Tecnologia Campinas (Ciatec), em Barão Geraldo. O local inclui um parque para visitação e parte da vegetação original foi preservada.
O debate sobre o desenvolvimento de tecnologia em Campinas ocorre desde 2013, quando foi criado um conselho municipal para discutir as propostas e vocações da cidade. O estudo, feito com entidades de pesquisa e empreendedores, é para o período de 2015 a 2025, e deve ser entregue até o final do mês. Empresas
O CEO e fundador da empresa de data center Ascenty, sediada em Campinas, Chris Torto, afirmou que a cidade foi uma escolha estratégica e que deu certo. Não queríamos ficar em São Paulo, pelos problemas de tráfego e energia elétrica. Campinas era ideal pela distância, além de ter mão de obra qualificada e boa conectividade, disse ele. A rede elétrica é considerada uma das melhores do País e o Aeroporto Internacional de Viracopos também foi apontado como um dos motivos do sucesso. Temos voos diretos para os Estados Unidos e Europa. Isso é muito importante. Muitas empresas de tecnologia estão vindo para Campinas, não há dúvida, disse ele. A empresa realiza serviços de data center e telecom (oferta de redes de fibra óptica para operadoras) e está localizada no Techno Park, próximo à Rodovia Anhanguera. O banco Santander, responsável pelo polo tecnológico, informou que escolheu Campinas devido ao espaço ser o mais adequado e estratégico, devido à proximidade com universidades de ponta, que são bancos de talento. Em relação à sustentabilidade, a empresa informou que recuperou o terreno e hoje mais de 80% da área permanecem permeáveis. Em um espaço de 150 mil metros quadrados, foram plantadas mais de 170 espécies de árvores nativas da região e 25 mil mudas. O Santander afirmou que, depois de instalado, as vantagens vistas no início se concretizaram. A proximidade às áreas de pesquisa e tecnologia garantiram acesso às linhas elétricas e de telecomunicações de alta qualidade, além do fácil acesso e a quantidade de transporte público garantirem o acesso ao complexo pelos funcionários, informou. (Correio Popular)