04/10/2017
No último dia 26 de setembro, os Comitês de Interação ICT-Empresa e Gestão da Propriedade Intelectual realizaram sua segunda reunião conjunta do ano. Na ocasião, cerca de 40 pessoas se encontraram no Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem (EA)², da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), para debater e conferir cases práticos sobre comunicação e fatores-chave para a eficiência na cooperação ICT-empresa e discutir sobre o Exame Prioritário de Patentes de ICTs.
Liderado por Patrícia Leal Gestic, diretora de propriedade intelectual da Agência Inova Unicamp, e com José Carlos Vaz e Dias, do Vaz e Dias Advogados, como vice-líder, o GT tem o objetivo de examinar os requisitos para o enquadramento na utilização do PPE ICTs, identificar as peculiaridades desse projeto e as restrições para o uso pelas ICTs, e apresentar modificações para aprimorar o PPE ICT e torná-lo um mecanismo eficaz para o aceleramento de pedidos de patente das ICTs.
“O PPE ICT cria instrumento para acelerar o exame de pedidos de patente e incentivar o patenteamento nas ICTs. Por isso, o GT irá discutir sobre a resolução 191/2017 do INPI e a identificação dos requisitos e peculiaridades. Nosso objetivo é realizar melhorias nos critérios, pois o PPE ICT é muito relevante e deve se tornar um programa do INPI, e não apenas um piloto de 12 meses”, disse Patrícia Leal.
A reunião teve início com as boas-vindas do Prof. Newton Frateschi, diretor executivo da Inova Unicamp, que elogiou a atuação da Anpei e contou um pouco sobre o histórico e o trabalho da universidade com interação ICT-Empresa e parcerias, propriedade intelectual e transferência de tecnologia.
Pesquisa: fatores da cultura organizacional e a cooperação ICT-Empresa
Após a abertura, a Dra. Sônia Regina Hierro Parolin, pós-doutoranda em administração pela Universidade Federal do Paraná, apresentou a pesquisa “Fatores da cultura organizacional que influenciam a gestão da inovação tecnológica na cooperação entre empresas e instituições de pesquisa”, que engloba 235 respondentes, sendo 118 de empresas e 117 de institutos.
Nesta pesquisa, a idade predominante entre os participantes é de 30 a 40 anos nas empresas e acima de 50 nos institutos. 45% deles atuam em gestão (maior porcentagem nas empresas) e 40,9% na área técnica (maioria nos institutos). “A amostra, no geral, é composta por profissionais maduros, alta qualificação e larga experiência profissional”, explicou Sônia.
De acordo com os resultados preliminares da pesquisa, para as empresas, cabe aos líderes dos projetos a responsabilidade de integração dos objetivos na cooperação. “A comunicação direta, em todas as frentes, e as habilidades de integração pelos líderes são impulsionadas pelo papel que lhe é atribuído pela governança”, disse a pesquisadora, que continuou: “Para os institutos de pesquisa, a governança e a metodologia de gestão de projetos são fundamentais para a inovação tecnológica. A comunicação pelos líderes dos projetos na cooperação é subsidiada pela governança”.
Experiência Unicamp
A diretora de parcerias da Agência Inova Unicamp, Iara Ferreira, apresentou diversos cases de projetos colaborativos e transferência de tecnologia em diferentes áreas do conhecimento, como agroindústria (cana-de-açúcar e laranja), alimentos, construção civil, fármacos e cosméticos, medicina e diagnóstico e tecnologia da informação. Além disso, a diretora também ressaltou as responsabilidades dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NIT) “Promovemos e acompanhamos o relacionamento da Unicamp com as empresas e negociamos e gerimos os acordos de transferência de tecnologia da universidade”.
De acordo com Iara, os projetos em colaboração unem as demandas de empresas privadas, por exemplo, com a expertise da Unicamp. “A empresa apresenta uma demanda para a universidade, como, por exemplo, um problema a ser resolvido, o desenvolvimento de novos processos ou de novos produtos. Os pesquisadores da Unicamp formatarão uma proposta e será realizado um projeto de pesquisa que visa atingir os resultados discutidos pelas duas partes”.
Experiência Institutos Lactec
Lauro Elias Neto, diretor de operações tecnológicas dos Institutos Lactec, ressaltou que para ter sucesso em parcerias de inovação é preciso entender o cliente e o mercado. “É necessário identificar e estudar as empresas e mercados potenciais, ter flexibilidade, estar aberto a parcerias em novas áreas e entender e adaptar-se à cultura do cliente”.
Além disso, Lauro também destacou a importância de se manter o foco em resultados. “O resultado deve ser bom para ambos os lados, isso irá gerar a contratação de novos projetos. Também é importante realizar uma pesquisa de satisfação com as partes envolvidas e listar as lições aprendidas”.
Experiência Vale
Segundo Cristina Assimakopoulos, especialista de desenvolvimento tecnológico da Gerência Executiva de Tecnologia e Inovação da Vale, a empresa trabalha com as seguintes alavancas para a inovação: parcerias com universidades, institutos de pesquisa e outras empresas, consórcios de pesquisa, editais de inovação, cátedras e editais de pesquisa e plataformas de inovação aberta.
“Para formalizar as parcerias, precisamos ter regras claras, alinhar as expectativas, o escopo, as atividades e as entregas, e ter transparência no processo e interlocutores capacitados”, disse Cristina que apresentou um passo a passo com dicas para eficiência em parcerias de inovação para os presentes.
Cristina ressaltou também a importância de estabelecer instrumentos de comunicação que tragam clareza para a forma de operar dos pesquisadores nas parcerias. A Vale, por exemplo, desenvolveu o “Guia do Pesquisador”, no qual constam informações fundamentais para a adequada condução das atividades do projeto, em especial, relacionadas às despesas e prestações de contas.
Experiência Natura
O gerente de inovação da Natura, Leonardo Garnica, apresentou as formas de conexão e engajamento do ecossistema de inovação da empresa, que, no ambiente externo, envolve parcerias com universidades, agências de fomento e empreendedores. “Trabalhamos em uma rede colaborativa com cerca de 250 parceiros formais cadastrados em projetos do processo de inovação, sendo 187 empresas, 33 ICTs, 19 especialistas, 6 ONGs ou cooperativas e 4 startups. Da perspectiva interna, abrangemos orientações para parcerias, políticas e diretrizes e treinamentos.
A Natura também destacou a gestão estratégica e a propriedade intelectual em parcerias. “Temos 827 patentes. 68 PIs em parcerias e 9 parceiros em PI”, apresentou Cristiane Rodrigues, gerente de propriedade intelectual da Natura, ressaltando que esses números estão em constante atualização.
Quanto ao escopo de comunicação, Leonardo explicou que a Natura utiliza uma abordagem em três diferentes dimensões. De forma ampla, a empresa disponibiliza relatórios anuais com informações sobre a operação, estratégias e resultados, incluindo um capítulo específico sobre inovação e parcerias.
De forma mais direcionada, existem os programas de inovação aberta que enfatizam uma linguagem e meios de colaboração específicos para cada tipo de ator com quem a empresa mantém parceria. Por exemplo, o Natura Campus é voltado às organizações que desenvolvem tecnologia, principalmente, ICTs. O Natura Start-ups é direcionado às empresas nascentes e pequenas empresas, e o Qlicar Inovação realiza a gestão e o reconhecimento das organizações parceiras da empresa. Além disso, de acordo com Garnica, constam em portais e documentos públicos, as diretrizes e práticas estruturadas para a formalização das parcerias, envolvendo PI e valorização do conhecimento, do compartilhamento dos resultados da colaboração, da ética com voluntários e consumidores e do acesso à biodiversidade e repartição dos benefícios.
Por fim, em um nível mais direto junto à execução do projeto de parceria, a experiência da Natura demonstrou a importância de se estabelecer combinações de gestão envolvendo rituais do time, como modelos de kick-off, relatórios e prestações de contas, para não haver impacto na relação e nos resultados esperados por falta de comunicação.
Planejamento de trabalho dos Comitês
No final da reunião, os Comitês se separaram em grupos para debater e organizar suas frentes de trabalho. O Comitê de Interação ICT-Empresa abordou o planejamento do Mapa de Inovação 2.0 e de sua comemoração de 10 anos, que acontecerá durante a 16ª Conferência Anpei de Inovação, nos dias 31 de outubro e 1º de novembro em Belo Horizonte – MG. E o Comitê de Gestão da PI discutiu sobre os trabalhos realizados pelo GT Desenho Industrial.
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