Empresas nascentes atraem mais investimentos de risco
A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) quer estimular o investimento em empresas nascentes por meio de fundos de private equity, a fim de desenvolver este mercado para que ele funcione “sozinho” nos próximos anos. Existem atualmente cerca de R$ 100 milhões investidos nesse tipo de negócio, segundo estimativa da própria Finep. Mas a entidade já anunciou, recentemente, a criação de um fundo de R$ 300 milhões para investimentos nesse tipo de empresa, e tem a intenção de dobrar o valor aplicado em 2006.
De acordo com o superintendente da área de pequenas empresas inovadoras da Finep , Eduardo Costa, a entidade deve fomentar o mercado até que ele se desenvolva. “Hoje há menos de 100 empresas nascentes que recebem esses recursos e a meta da Finep é de atingir 1.000 até 2010”, afirma.
No Brasil desde 1995, os fundos de capital de risco vêm conquistando espaço como forma de investimento em empresas nascentes. Em países desenvolvidos, os fundos de private equity são bastante comuns há mais de cinqüenta anos, como na Europa, onde movimentam recursos da ordem de US$ 70 bilhões anualmente. Na Inglaterra, 20% da força de trabalho foram ou são empregados de companhia investida por esses fundos.
No Brasil, casos de sucesso de empresas que recentemente abriram capital na bolsa, como ALL , Gol e Submarino , mostram que esse é um caminho alternativo de financiamento para empresas com potencial de crescimento. Costa avalia que o papel do governo é desenvolver essa indústria de fundos de private equity para no futuro diminuir a atuação, como aconteceu nos Estados Unidos com a Small Business Administration.
Na hora de definir em qual empresa investir, o superintendente da Finep reconhece que existe uma certa dificuldade. “O preço das empresas não é baseado em ativos, mas sim na expectativa de retorno futuro”, completa. A Finep avalia cinco pontos: acesso a mercado, inovação, equipe, recursos financeiros, capacidade de gestão.
Como esses fundos entram no capital da empresa com a expectativa de vender as ações em bolsa de cinco a dez anos mais tarde, um mercado de capitais ativo é fundamental para que ocorram investimentos desses fundos em empresas, avalia o diretor da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital , Joubert Castro Filho.
A movimentação de emissões Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) nos dois últimos anos pode servir de incentivo para novos investimentos. Neste ano, o total de lançamentos de ações superou 2004, atingindo R$ 10,4 bilhões contra R$ 9,2 no ano passado.
Castro Filho avalia que, da forma como esses fundos estão estruturados hoje, o ciclo de saída é da ordem de 10 anos e por isso a indústria estaria entrando num segundo ciclo de captação. “Existe um retorno dos fundos de pensão e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social [BNDES] para a indústria de private equity, além da participação da Finep “, avalia.
De fato, diversos fundos de pensão demonstraram interesse nesse tipo de investimento. A Petros , dos funcionários da Petrobras , irá destinar 0,05% do seu capital para private equity, algo em torno de R$ 110 milhões, dos quais R$ 70 milhões para empresas nascentes.
O valor ainda é pequeno se comparado aos 5% investidos pelos fundos americanos, que detêm US$ 17 trilhões, mas demonstra o potencial de crescimento desse mercado. No Brasil, os fundos possuem cerca de R$ 300 bilhões.
Estudo recente do professor da USP Alexsandro Broedel mostra que os fundos de private equity podem ser interessantes em termos de rentabilidade para as entidades de previdência privada dentro de um portfólio de investimentos.
Para ele, a melhor forma de investimento seria por meio de fundos que investem em fundos, por ser mais diversificado. Mas ele alerta sobre a dificuldade de se avaliar a performance dos ativos devido à falta de liquidez.
Uma outra forma de investimentos em empresas nascentes é por meio de companhias de participação, como a Ideiasnet . Segundo o diretor financeiro e de RI da Ideiasnet, Rodin Spielmann, no entanto, hoje em dia “a empresa não faz mais investimentos diretos em empresas pequenas, mas, sim, desenvolve projetos desde o início”. Na hora de investir, a Ideiasnet avalia “as possibilidades de crescimento, as barreiras de entrada no setor, o modelo estratégico do negócio e a equipe de gestão da empresa”, diz Spielmann.
Fonte: DCI