16/05/2016
Em 9 e 10 de maio, a 10ª edição do evento ProXXima reuniu mais de duas mil pessoas no Sheraton WTC – Golden Hall, em São Paulo, capital. Com o objetivo de ampliar os negócios do mercado de marketing e comunicação digital, o encontro promoveu dois dias de seminários e feira de negócios, nos quais foram apresentados cases nacionais e internacionais de grandes marcas, agências e institutos de pesquisa.
Realizado pelo Grupo Meio & Mensagem, o ProXXIma 2016 recebeu a palestra “Internet das coisas, entre as coisas, o marketing”, ministrada por Nagib Nassif, sócio e CEO do estúdio de tecnologia criativa Bolha. Na ocasião, o empreendedor demonstrou exemplos cotidianos de como a internet das coisas está presente no dia a dia das pessoas.
Segundo Nassif, nos anos 1980 o mundo passou pela revolução do computador pessoal e em 2000 pelo boom da internet. Em 2010 a sociedade acompanhou a explosão do mobile e em 2020 acontecerá a revolução da Internet das Coisas. “Acreditamos que isso irá mudar a forma como os objetos são criados e consumidos”, afirmou.
A Internet das Coisas está sendo impulsionada por três fatores atualmente. De acordo com o CEO da Bolha, o custo da banda larga foi reduzido em 40 vezes, os sensores ficaram baratos e o custo de processamento caiu 60 vezes.
“As indústrias se tornaram mais eficientes e automatizadas; os produtos de consumo se tornarão mais eficientes e presentes no cotidiano, e o movimento maker incentivará pequenos grupos a criarem novos produtos, por meio do barateamento de materiais e pesquisas”, exemplificou Nassif, já emendando: “A Smart Era vem de um grupo de pessoas que não só consomem, mas também criam. Um exemplo disso é o Oculus Rift, que foi desenvolvido por um jovem de 20 anos e comprado pelo Facebook. Então, o consumidor é outro e o mundo é outro. Precisamos nos adequar a isso”, concluiu.
Data Science Marketing
A palestra de Ricardo Cappra, cientista de dados especialista em business analytics e cientista-chefe da Cappra Data Science e do laboratório de big data Mission Control, debateu um assunto importante no âmbito da Associação.
Segundo ele, ter acesso à informação não é mais um problema para as empresas, mas o que fazer com esses dados em favor de seus negócios pode continuar sendo para algumas (ou muitas) delas. “A informação se torna poderosa de acordo com o que é feito dela, quando os profissionais que lidam com o dado o transforma com algum tipo de poder dele próprio extraído”
O executivo citou exemplos de aplicação da análise de dados para a otimização estratégica dos negócios de dois de seus clientes, a Rede Globo e a Whirlpool, associada da Anpei. Para essa segunda empresa, foi realizado um hackaton, em que, através de design thinking, foi criada uma representação visual em tempo real de uma série de dados de comunicação, mídia, e-commerce e performance do site da marca. “Isso leva a uma mudança de hábito “do relatório para o dashboard”. E a próxima fase será a da inteligência artificial, disse Cappra, que concluiu: “Se ainda não garante 100% de assertividade nas ações, o uso de dados estruturados no marketing e uma leitura criteriosa gera, no mínimo, insights e ações mais rápidos”.
Computação onipresente
O empresário e desenvolvedor pernambucano André Ferraz, sócio e CEO da Inloco Media, também esteve presente no ProXXIma 2016. O negócio da startup é vender publicidade em dispositivos móveis, adaptando a campanha de acordo com o local em que o consumidor está. Um exemplo é quando alguém passa por determinada loja e recebe um aviso de promoção, mesmo não tendo um aplicativo dessa empresa. De acordo com Ferraz, o grande desafio tecnológico é o ambiente fechado, uma vez que nos abertos o GPS já funciona.
“Queremos ser o sistema operacional da computação ubíqua”, diz o empreendedor, referindo-se à computação baseada na onipresença da tecnologia e da conectividade
O que o sistema faz é possível através de parcerias com desenvolvedores de aplicativos. Desse modo, ele atua através do app que já está com o consumidor, enviando a mensagem desejada, mesmo que não seja relacionada àquele app. Assim, a In Loco paga uma comissão ao desenvolvedor por usar esse “canal”.
Case da CI&T
Durante o evento, Leonardo Mattiazzi, vice-presidente de Inovação da CI&T, associada da Anpei, apresentou o case da campanha publicitária da Sprite, “RFRSH na Lata”, divulgada via Snapchat e com tecnologia desenvolvida pela empresa.
O resultado foi 2 milhões de visualizações em apenas alguns dias. A campanha ganhou destaque mundial e foi citada em publicações internacionais do trade publicitário. O destaque ficou para a “pegada” de inovação e a capacidade de engajamento com os jovens – público-alvo da marca.
“O público só conhece a face ‘pública’ da campanha. Mas para viabilizá-la, criamos uma plataforma de curadoria, uma interface de gestão para que os administradores da campanha pudessem registrar o conteúdo dos participantes – imagens e vídeos, em geral. Cada curador precisava acessar as contas do Snapchat dos participantes no seu celular, pois o aplicativo não disponibiliza nenhuma API (para acesso automático). O curador, então, precisava usar outro aplicativo que permitisse salvar o conteúdo do Snapchat – na prática, criando uma cópia do snap e uma biblioteca de snaps organizada. Essa biblioteca foi armazenada em uma plataforma em nuvem auto escalável, ou seja, uma infraestrutura que se adequa automaticamente ao volume de dados e de acessos. A CI&T fez testes de carga, simulando um grande número de usuários, para ter a certeza de que eles teriam uma experiência perfeita. Todo o desenvolvimento levou menos de um mês. Outro detalhe, que passa despercebido quando a campanha está no ar, é que a ‘mídia’ que carrega o Snapcode é pouco tradicional: não é uma tela de celular, TV ou computador, nem um impresso em papel. É uma lata! E isso já traz dificuldades. A lata é curva e metálica, e isso gera reflexos. Para garantir que os Snapcodes fossem lidos sem problemas pelas câmeras dos smartphones, alguns protótipos foram criados e testados”, contou Mattiazzi.